(sorry, hoje o teclado estah sem acentuacao)
UAAAU!!! WOW! Inacreditavel! Meu Deus! Eh assim?!!! Caramba! (queixo caido)
Essa sou eu entrando em uma mina de carvao situada em Hunter Valley, no estado australiano de New South Wales. Fui a trabalho, e tive a oportunidade de visitar essa mina abaixo da superficie (chamada de Underground) e outra na superficie (aqui chama-se Open Cut).
(Momento parenteses: antes de entrar no assunto vou contar sobre o que acho sobre percepcoes iniciais e como elas impactam na realidade que constatamos - nao por acaso perguntei sobre as percepcoes sobre o Brasil nas entrevistas com os australianos que fiz pro blog. Um amigo uma vez me falou uma coisa que me marcou bastante e que faz todo o sentido: que a vida nao eh a vida por si soh, ou seja, nao existe essa falada “realidade nua e crua” e sim, existe a novela – ou historia, mas acho que o termo novela ilustra melhor - que fazemos na nossa cabeca. O que eu estou tentando dizer eh que nesse exato segundo em que voce estah lendo esse texto existem 7 bilhoes de novelas rolando e sem intervalo comercial. Cada pessoa tem o seu proprio roteiro: ou seja, nos fazemos o cenario do modo que acharmos mais comodo para a nossa limitada mente e colocamos atores (nossos amigos, familia, conhecidos etc) nos papeis que nos convem. Muito disso acontece tambem por falta de conhecimento e experiencia, por preconceito, pela religiao, por valores de vida – por varias razoes. Mas no final, ao conhecermos mais uma coisa ou alguem, constatamos que as vezes colocamos essa coisa ou essa pessoa no papel errado, ou confundimos o cenario... enfim.
Foi mal pela filosofia barata mas falo isso pra poder introduzir o assunto mina aqui pra voce. Pra mim a experiencia foi tao grandiosa, mas tao, que eu tenho que comecar devagar e tateando o tema pra voces entenderem junto comigo o que eh que eu estou realmente querendo dizer aqui. E adianto que nao vai ser facil.)
Voltando ao comeco do post: mesmo apos ler bastante sobre o assunto, a minha ideia sobre uma mina de carvao underground era a de um buraco na terra com um tunel vertical mais ou menos pequeno e profundo, no maximo estourando com uma centena de metros, que chegaria a um outro tunel dessa vez na horizontal, e que nesse tunel na horizontal teria um bando de homens e maquinas trabalhando para escavar o tal carvao que estaria nas paredes desse tal tunel.
Conseguiu captar a imagem na sua cabeca?
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Entao esquece.
Uma mina de carvao underground – pelo menos a que fui – eh muito, mas muito mais do que isso. Vou comecar do comeco: quando voce chega lah de carro, obviamente que ainda na superficie, primeiro o que encontra eh a base, que sao os escritorios, a administracao, a sala de controle, banheiros, equipamentos, etc. Em seguida, como eu iria descer para a mina, tive que fazer uma inducao de uma hora na sala de treinamento que me faria entender todo o esquema de seguranca, o que fazer quando estivesse lah embaixo, o que nao fazer, como lidar em casos de alguma emergencia, o telefone da emergencia, como usar a mascara de oxigenio (obrigatoria para quem desce mas que, pelo menos na mina que fui, nunca ninguem precisou usa-la) entre outras coisas. Vale destacar que a Australia, com uma politica rigorosa e exemplar de seguranca e protecao dos mineiros junto a uma moderna tecnologia no maquinario das minas, eh um dos paises do mundo com o menor indice de fatalidades entre mineiros do mundo, e a China, o maior.
Pois bem, apos colocar todo o equipamento (capacete com luz, macacao, bota, uma caixa com a mascara e oxigenio etc), entramos no carro especial (que parece um tanque de guerra soh que mais aberto) e rumamos em direcao ao local de escavacao de carvao da mina. Saimos da base e comecamos a descer uma ladeira e, de repente, entramos na porta do tunel com 3 metros de altura por 5 de largura. O carro vai andando e gradualmente o ambiente vai escurecendo. A sensacao de claustrofobia eh enorme e jah sentimos um ar diferente, denso, cheio de poh. Olho para tras e vejo a luz do comeco do tunel diminuindo, diminuindo, ate que acaba e eh breu total – a frente do caminho eh apenas iluminada pelo farol do carro-tanque-aberto. Parece que estamos em uma mega-caverna com uma estradinha fina e sinalizada. Passam-se 5 minutos, 10, 15... 20. Vinte minutos! Os 20 minutos mais longos da minha vida, parecia que estavamos em direcao ao centro da Terra. Calma nao acabou. Mais 5, mais 10. Sim, o carro andou 30 minutos debaixo da terra. Repito: meia hora dirigindo embaixo da terra, e eu nao estava dentro de um vagao de metro iluminado com sinais eletronicos, McDonalds e escadas rolantes, eu estava em um tunel inospito e escuro e claustrofobico, com uma rede feita de ferro segurando as pedras do teto e outros equipamentos sofisticados e carissimos feitos para segurar a estrutura do teto. Olha, essa explicacao sobre como eles conseguem segurar o teto eu vou ficar devendo, por que por mais que eu tente explicar, nao vou conseguir jah que o meu proprio cerebro nao consegue absorver e entender como eh que eles conseguem fazer isso.
Nem preciso falar que, em todo esse trajeto de meia hora, o meu coracao estava aceleradissimo numa mistura de excitacao, incredulidade, surpresa, admiracao e medo. Como o ser humano consegue fazer isso? Por que? Uma coisa eu sei: tudo isso foi feito pra conseguir carvao, claro. Mas como foi isso? Como a humanidade chegou a conclusao que deveriam cavar longos tuneis debaixo da terra, colocar a vida de milhares de pessoas em risco para achar uma pedra preta que serviria como combustivel para gerar eletricidade e assim, o progresso?
Ao mesmo tempo, nesses 30 minutos eu pensava sobre a pequenez da minha vida, das coisas que faco, do meu dia a dia – um grao de areia eh pouco se comparado a um negocio desses. Pensei no trabalho desses homens, trabalhando 12 horas por dia em um ambiente tao duro, tao dificil. Da coragem deles, da forca. Dos efeitos que um trabalho desses pode ter na vida de uma pessoa (nao vou esquecer dessas tres horas que passei embaixo da terra nunca na minha vida). Da grandiosidade do ser humano, da capacidade que nos temos de atingir coisas, de ir alem, de imaginar, pensar, planejar e fazer.
Enquanto todas essas questoes rondavam a minha cabeca, finalmente o carro parou e chegamos ao ponto de escavacao do carvao em si – lembre-se, todo esse trajeto era “apenas” o caminho para se chegar lah, no “ouro negro”. A mina que fui era a do tipo longwall, ou seja, o carvao eh escavado atraves de uma imensa roda com dentes em seu entorno, e a medida que essa roda gira, ela vai retirando o que tem na parede – o carvao. Mas admito a voces que prefiro nao dar explicacos tecnicas jah que eu nao trabalho em minas, nao sou engenheira de minas e nao me sinto a vontade para falar sobre uma coisa tao especifica e complicada como o modus operandi de uma mina como essa. Se voce quiser ler mais sobre o assunto, clica aqui (em ingles).
Tambem tive a oportunidade de visitar uma mina Open Cut, e tambem eh bem impressionante, mas pra mim a sensacao de ver (e sentir, e cheirar) uma mina underground eh... eh.... bem, nao sei se posso dizer indescritivel jah que eu acabei de tentar descreve-la, mas mesmo assim, acho que indescritivel ainda eh uma boa palavra pois, mesmo que eu tente, qualquer descricao ainda nao serah suficiente.
Acho que todos estao cansados de saber que a Australia eh um dos paises do mundo com a maior quantidade de metais, pedras e volume de mineracao. Carvao, cobre, prata, minerio de ferro, zinco, diamante, bauxita, uranio, petroleo... you name it, tem aqui. Mineracao eh uma parte importantissima da economia da Australia e, claro, das comunidades ao entorno de cada mina (onde os moradores trabalham, vivem e respiram a mina). A Australia eh, disparado, o maior exportador de carvao do mundo (afinal, com uma populacao super pequena de 20 milhoes de habitantes e carvao abundante, o negocio eh vender) e o quarto maior produtor, atras da China, Estados Unidos e India. Se voce quiser ler mais sobre o assunto, procura aqui (em ingles), pode ser um bom comeco.
Em grande parte o pais eh deserto e infertil para plantacoes e para a vida humana e, ironicamente, muito fertil para essas pedras e substancias tao preciosas justamente para a vida humana. Afinal, quem eh que faz os nossos ar-condicionados, televisoes, computadores, iPods, iPhones, luzes, carros, avioes, telefones, industrias, empresas e muito mais, poderem ser criados e funcionarem?
Muita gente reclama dos impactos ambientais da mineracao (do carvao principalmente), mas essas pessoas nao moram no meio do mato sem luz e com uma fogueira na frente, cacando e plantando a sua propria comida. Eh claro que seria maravilhoso para o mundo se tivessemos uma energia “limpa” e barata mas a energia solar e eolica ainda, nem de longe, consegue suprir a demanda da humanidade. Infelizmente isso ainda nao acontece nao soh pela ma-vontade dos governantes e poderosos (tambem), mas pelo valor de implementacao dessas energias, ainda carissimas e com a tecnologia em estado embrionario. Nao acho que nos, dessa geracao, conseguiremos ver uma mudanca da fonte de energia. Enquanto isso, teremos que conviver com as minas que fazem a nossa vida ser da forma que eh hoje - a nao ser que a gente mude radicalmente o nosso estilo de vida e volte alguns seculos atras. Antes de perguntar se estamos preparados, vale a pergunta: serah que eh isso que queremos?
(nao vou postar nenhuma foto pois prefiro prevenir - nao sei qual eh a politica de comunicacao da empresa em que trabalho para exposicao de fotos em blog pessoais - mas aqui estao os links para fotos de algumas minas underground e open cut)
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Bem, o post tah muito longo, vou ficando por aqui hoje. Essa semana tem a continuacao da serie sobre "Jeitinho Australiano": vou falar sobre a forma dos australianos falarem (ingles australiano: sotaque e girias). Ate lah!
sábado, 30 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Warriors of Brazil em Brisbane
Hoje, amanhã e sábado vai rolar o show do Warriors of Brazil aqui em Brisbane - eles estão em turnê pela Austrália e já passaram por Perth e Sydney, agora Brisbane, e depois vão para Melbourne e Adelaide. O Warriors of Brazil é um grupo de capoeira de Salvador e o show inclui dança e acrobacia, com música e batida bem brasileira. Pra ser sincera, não conheço muito o grupo, mas já vi o assunto em vários jornais daqui e uma menina que mora em Perth e que viu o show disse que é maravilhoso. Por isso o meu jabá – afinal, o blog é sobre Austrália e Brasil, e é sempre muito bom ver a cultura brasileira aqui do outro lado do mundo. Eles vão se apresentar no QPAC, que é uma casa de espetáculos enorme que fica no bairro de Southbank (pertinho daquela famosa praia artificial). Eu não vou poder ir, mas acho que pode ser uma boa pedida.
Você pode escutar um pouco do som deles nesse link e ver mais informações sobre o show e como comprar o ticket aqui.
Você pode escutar um pouco do som deles nesse link e ver mais informações sobre o show e como comprar o ticket aqui.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Australia Day e Coisas Truly Australians
Ontem, dia 26 de janeiro, foi comemorado o Australia Day. Esse foi o dia em que o tal Capitão Arthur Phillip comandou a primeira caravana de 11 navios recheados de prisioneiros que chegaram da Inglaterra para efetivamente colonizar a Austrália. Nesse dia o que veio a ser o primeiro governador de New South Wales, que foi o primeiro estado australiano, chegou a então colônia inglesa. Mas foi só em 1994 que o dia virou feriado nacional, e com certeza esse é o dia em que os australianos mais demonstram o seu orgulho pelo país. É claro que existem controvérsias sobre o motivo dessas celebraçoes todas afinal, imagina só, o Australia Day comemora uma data em que essas caravelas apenas deram o arremate final a uma das maiores dizimações da face da terra: a dos aborígenes pelos colonizadores ingleses. Mas não vou entrar nessa polêmica agora e vou falar das comemorações...
O típico Australia Day é comemorado com um churrasco e com as pessoas vestidas com qualquer coisa que tenha a bandeira ou as cores australianas. Esse também é um dia muito especial para aqueles que resolveram se naturalizar australianos já que, tradicionalmente, há várias cerimônias de entrega da “Cidadania Australiana” para os imigrantes em diversas cidades do país (um dia eu terei a minha!). Também existe uma premiação anual muito prestigiada do “Australian of the Year".
Para comemorar a data vários jornais e revistas fizeram uma lista de marcas e coisas verdadeiramente australianas (truly Ozzie). Vou pegar esse bonde e colocar algumas aqui:
Qantas (cia aérea)
Pavlova
É uma torta com cobertura de suspiro e frutas. Mas existem controvérsias e os neo-zelandeses falam que é uma invenção deles e não dos australianos (assim como o Russel Crowe que os australianos teimam em falar que é aussie, mas na verdade nasceu na Nova Zelândia). A torta é boa, mas não é a minha preferida.
Torta de carne (a famosérrima Meat Pie)
Enquanto nós brasileiros temos bolinho de bacalhau e coxinha de galinha, eles tem a meat pie que é tipo uma torta pequena de carne – mas tem vários outros recheios como frango com queijo, carne e bacon, etc. Parece bastante com a nossa empada com um tamanho um pouco maior, mas é menos farofenta e me parece ser mais gordurosa.
Lamington
Bolo de baunilha coberto de chocolate e raspas de coco. Chamado assim por causa do Barão de Lamington, que foi governador de Queensland entre 1896 e 1901.
Green and gold
Acho que todo mundo já sabe que as cores oficiais da Austrália também são o verde e dourado (quem nunca viu o time de futebol australiano jogando na Copa do Mundo ou qualquer australiano em alguma Olimpiada?). As cores tornaram-se oficiais em 1984 pelo governador geral da Austrália, e são as cores de uma árvore muito comum por aqui, a Wattle Tree. Outra teoria diz que o verde vem da natureza e plantas - assim como o nosso - e o dourado, do outback australiano.
Vegemite
Já comentei sobre Vegemite no post sobre as manias dos australianos, e uma delas certamente é essa pasta preta de levedura. Acho horrível! Mas o que era para ser um ícone australiano na verdade virou americano, já que a marca Vegemite foi comprada pela multinacional Kraft Foods.
Tim Tams
Um biscoito de chocolate que os australianos amam. Tem até um jeito bem ozzie de se comer: primeiro, morda os dois cantos, um de cada lado. Em seguida, use-o como um canudo para beber o café. O calor do café vai derreter o chocolate e ele vai ficar parecendo uma calda de chocolate quente (faz a maior bagunça, mas é uma delícia).
Churrasco Australiano
Assim como no Brasil o clima australiano permite às pessoas relaxarem no quintal de casa com uma refeição feita em um grill. Aliás, a churrasqueira mais comum aqui é com grill e a gás, e não com carvão como a nossa (algumas pessoas também usam churrasqueiras com carvão, mas poucas). Tudo para australiano é motivo para ter um churrasco (e beber, claro), e no Australia Day a maior tradição de todas é justamente fazer um.
Caminhonete (ou Ute)
Sabe aquele carro com caçamba de caminhão e frente de sedã? Dizem que nasceu na Austrália em 1933 quando uma australiana escreveu uma carta para o Gerald Ford dizendo: "Can you build me a vehicle that we can go to church in on Sunday without getting wet, and my husband can use it to take the pigs to market on Monday?"
.
Bundaberg Rum
Se tem alguma coisa nessa vida muito, mas muito australiana mesmo é o Bundaberg Rum, produzido na cidade de mesmo nome aqui no estado de Queensland, a 380 km ao norte de Brisbane. Não por acaso Bundaberg (a cidade) tem uma grande produção de cana-de-açucar, o que facilmente gera os 37% de puro álcool dessa bebida que cai como uma luva na cachaceira alma australiana. E, pior, eles adoram misturar esse rum com coca-cola (irc, mais doce impossivel!) - aliás, voce pode encontrar latas de "mixed drinks" já prontas sendo vendidas nas BWS (aquelas lojas que vendem bebidas alcoolicas - se voce ainda nao conhece, leia esse post). Segundo o site, Bundaberg Rum é Truly the Famous Aussie Spirit (repara no trocadilho: spirit, alem de espirito, significa bebida "quente" como whisky, vodka, tequila, etc).
O típico Australia Day é comemorado com um churrasco e com as pessoas vestidas com qualquer coisa que tenha a bandeira ou as cores australianas. Esse também é um dia muito especial para aqueles que resolveram se naturalizar australianos já que, tradicionalmente, há várias cerimônias de entrega da “Cidadania Australiana” para os imigrantes em diversas cidades do país (um dia eu terei a minha!). Também existe uma premiação anual muito prestigiada do “Australian of the Year".
Na semana passada toda os jornais só falaram sobre o Australia Day, existe um site dedicado exclusivamente ao assunto (vale a pena dar uma olhada) e também milhares de pesquisas que ressaltam o “espírito australiano” ou o que significa ser um verdadeiro aussie (ou ozzie). Por outro lado, infelizmente às vezes acontecem algumas confusões de alguns idiotas racistas que, ao invés de entrarem no clima de paz e união, entram na onda de racismo e briga contra estrangeiros, provavelmente alimentados pelo álcool.
Qantas (cia aérea)
Quem veio ou procurou passagens para vir a Austrália já se deparou com a Qantas – aliás, não é difícil esquecer o logotipo da empresa, vermelho com um canguru pulando no meio. Para quem não sabe, Qantas significa Queensland and Northern Territory Aerial Services Ltd (lembra? Queensland é o estado onde Brisbane é a capital, e Northern Territory é outro estado australiano). Atualmente essa companhia aérea voa para todos os continentes do mundo e, até ano passado, o trajeto Brasil-Australia e vice-versa parava em Santiago, mas agora a conexão mudou para Buenos Aires.
Pavlova
É uma torta com cobertura de suspiro e frutas. Mas existem controvérsias e os neo-zelandeses falam que é uma invenção deles e não dos australianos (assim como o Russel Crowe que os australianos teimam em falar que é aussie, mas na verdade nasceu na Nova Zelândia). A torta é boa, mas não é a minha preferida.
Torta de carne (a famosérrima Meat Pie)
Enquanto nós brasileiros temos bolinho de bacalhau e coxinha de galinha, eles tem a meat pie que é tipo uma torta pequena de carne – mas tem vários outros recheios como frango com queijo, carne e bacon, etc. Parece bastante com a nossa empada com um tamanho um pouco maior, mas é menos farofenta e me parece ser mais gordurosa.
Lamington
Bolo de baunilha coberto de chocolate e raspas de coco. Chamado assim por causa do Barão de Lamington, que foi governador de Queensland entre 1896 e 1901.
Green and gold
Acho que todo mundo já sabe que as cores oficiais da Austrália também são o verde e dourado (quem nunca viu o time de futebol australiano jogando na Copa do Mundo ou qualquer australiano em alguma Olimpiada?). As cores tornaram-se oficiais em 1984 pelo governador geral da Austrália, e são as cores de uma árvore muito comum por aqui, a Wattle Tree. Outra teoria diz que o verde vem da natureza e plantas - assim como o nosso - e o dourado, do outback australiano.
Vegemite
Já comentei sobre Vegemite no post sobre as manias dos australianos, e uma delas certamente é essa pasta preta de levedura. Acho horrível! Mas o que era para ser um ícone australiano na verdade virou americano, já que a marca Vegemite foi comprada pela multinacional Kraft Foods.
Tim Tams
Um biscoito de chocolate que os australianos amam. Tem até um jeito bem ozzie de se comer: primeiro, morda os dois cantos, um de cada lado. Em seguida, use-o como um canudo para beber o café. O calor do café vai derreter o chocolate e ele vai ficar parecendo uma calda de chocolate quente (faz a maior bagunça, mas é uma delícia).
Churrasco Australiano
Assim como no Brasil o clima australiano permite às pessoas relaxarem no quintal de casa com uma refeição feita em um grill. Aliás, a churrasqueira mais comum aqui é com grill e a gás, e não com carvão como a nossa (algumas pessoas também usam churrasqueiras com carvão, mas poucas). Tudo para australiano é motivo para ter um churrasco (e beber, claro), e no Australia Day a maior tradição de todas é justamente fazer um.
Caminhonete (ou Ute)
Sabe aquele carro com caçamba de caminhão e frente de sedã? Dizem que nasceu na Austrália em 1933 quando uma australiana escreveu uma carta para o Gerald Ford dizendo: "Can you build me a vehicle that we can go to church in on Sunday without getting wet, and my husband can use it to take the pigs to market on Monday?"
.
Bundaberg Rum
Se tem alguma coisa nessa vida muito, mas muito australiana mesmo é o Bundaberg Rum, produzido na cidade de mesmo nome aqui no estado de Queensland, a 380 km ao norte de Brisbane. Não por acaso Bundaberg (a cidade) tem uma grande produção de cana-de-açucar, o que facilmente gera os 37% de puro álcool dessa bebida que cai como uma luva na cachaceira alma australiana. E, pior, eles adoram misturar esse rum com coca-cola (irc, mais doce impossivel!) - aliás, voce pode encontrar latas de "mixed drinks" já prontas sendo vendidas nas BWS (aquelas lojas que vendem bebidas alcoolicas - se voce ainda nao conhece, leia esse post). Segundo o site, Bundaberg Rum é Truly the Famous Aussie Spirit (repara no trocadilho: spirit, alem de espirito, significa bebida "quente" como whisky, vodka, tequila, etc).
domingo, 24 de janeiro de 2010
Entrevista: Mais um Australiano fala sobre o Brasil
Jon McNee é australiano de Mackay, uma cidade ao norte do estado de Queensland com 85.000 habitantes, onde a economia gira em torno das minas de carvão e do açucar. Ele veio morar em Brisbane para fazer faculdade mas também já morou em Perth, do outro lado da Austrália, e no Rio de Janeiro. E é por isso que eu o escolhi para essa entrevista.
Em 2007 ele morou durante oito meses no Rio a trabalho, e ficou em Ipanema, perto da Praça General Osório. Jon trabalha na área de Saúde e Segurança do Trabalho em uma grande empresa de mineração e mesmo aqui na Austrália ele sempre teve que lidar com muitos brasileiros – ou seja, antes de ir para o Brasil ele já conhecia um pouco sobre nós.
Jon é bem direto e não tem papas na lingua. Fala o que tem que falar e quando for pra falar, o que o torna um entrevistado ainda mais interessante.
(*) A entrevista está em inglês, mas se alguém quiser eu traduzo com o maior prazer – basta comentar aí embaixo.
What were your expectations about Brazil before you got there?
This is a hard questions to answer, as I really tried to keep my expectations neutral. A way of trying not to be disappointed and ensuring that no preconceived ideas would hold back my ability to assimilate to the country. Things that I expected was of course beautiful women, great weather, sensational beaches and jungle etc. I also knew that Brazil was a “semi-developed” country due to dealing with Brazilians at work and from this I would see the dichotomy people; the smart educated well-off and the uneducated and poor.
People wise I generally expected them to be friendly due to my dealings with Brazilians here in Australia.
Did Brazil (place and people) meet your expectations or was it very different than you initially thought?
Yes and no. Living in Brazil was easier than expected although I did miss a lot about Australia such as cricket and some foods but in general I found the people to be very friendly and helpful. In fact I am still being helped today be people I met in Brazil.
The traffic was a disaster and I was still coming to grips with the bus etiquette of Brazilians who on one hand are very laid back and unhurried to being almost frantic when coming up to their next bus stop.
I was also surprised by how close the rich and poor lived. I also found Brazil to be better assimilated to other races than Australia, but I found that Brazilian were more status driven than Australians especially in Rio.
However I was disappointed to find out how business in Brazil ran. I found some people in business to be very closed minded about things especially those who are educated but with no other world experience. They generally saw things as “the Brazilian way is best” and as such tried to put in place solutions without considering other cultures. I also found that work was very structured, formal and political in nature. Where if you went outside of this process you were castigated. I also found that people were more invested in ticking boxes rather than the actual results of those boxes…
What did you like the most about Brazil?
The weather, food, lifestyle and general feel of the country. I really struggled in a personal sense getting used to being back in Australia. I intend to go back to Brazil at some stage in my life.
What you liked the less?
Bus etiquette. It seemed to be so unbrazilian. Also the formal structure of business.
What are the main differences between Australia and Brazil?
Being straight to the point especially in business matters. Formality of business and informality of life in Brazil and the informality of business and formality of life in Australia. Eg. Basically you can drink beers anywhere in Brazil where as you can’t in Australia. Where as in Brazil, everything must be done as per process even though it is stupid and wrong.
How did the violence/safety bother you while you were there?
Not at all, but I did live in a nice neighbourhood. I was always acutely aware of socio-economic issues that faces Brazil and I planned for it (except for that one night in Copacabana…..). I always took cab even for short distances at certain stages of night, I dressed down (which for me was rather easy) and I never flouted my money, and I never went into bad areas. For me I treated it like being in the wrong suburb of Brisbane; you are perfectly safe as long as you watch what you did.
Biggest challenge in Brazil?
The biggest challenge in my time there was the language difficulties, as even those who can speak English couldn’t understand a word I said, which made communication very hard. I also found it very hard to learn Portuguese. Something about those bloody vowels and sao words.
Do you think Australian and Brazilian people are very different in their personalities? If so, what is different?
Yes. Australians and Brazilians are different, although we are both recognised for being laid back countries. I believe it stems from our history with Australians being English while Brazil is Portuguese-latin based. I find Australians are more direct and not as friendly in Australia (even though I consider us being friendly people) where as people in Brazil are not as direct but more friendly in nature (for me it was somewhat unnerving every one treating you as a friend). Australians love a drink as do Brazilians however Brazilians like the socialization of drinking more. However I do think that our personalities lend to Australians and Brazilian getting on as we both like to have a good time.
Is there anything Brazil can learn from Australia and vice-versa?
Meeting each other half-way in life and business.
Em 2007 ele morou durante oito meses no Rio a trabalho, e ficou em Ipanema, perto da Praça General Osório. Jon trabalha na área de Saúde e Segurança do Trabalho em uma grande empresa de mineração e mesmo aqui na Austrália ele sempre teve que lidar com muitos brasileiros – ou seja, antes de ir para o Brasil ele já conhecia um pouco sobre nós.
Jon é bem direto e não tem papas na lingua. Fala o que tem que falar e quando for pra falar, o que o torna um entrevistado ainda mais interessante.
Jon no Corcovado.
(*) A entrevista está em inglês, mas se alguém quiser eu traduzo com o maior prazer – basta comentar aí embaixo.
What were your expectations about Brazil before you got there?
This is a hard questions to answer, as I really tried to keep my expectations neutral. A way of trying not to be disappointed and ensuring that no preconceived ideas would hold back my ability to assimilate to the country. Things that I expected was of course beautiful women, great weather, sensational beaches and jungle etc. I also knew that Brazil was a “semi-developed” country due to dealing with Brazilians at work and from this I would see the dichotomy people; the smart educated well-off and the uneducated and poor.
People wise I generally expected them to be friendly due to my dealings with Brazilians here in Australia.
Did Brazil (place and people) meet your expectations or was it very different than you initially thought?
Yes and no. Living in Brazil was easier than expected although I did miss a lot about Australia such as cricket and some foods but in general I found the people to be very friendly and helpful. In fact I am still being helped today be people I met in Brazil.
The traffic was a disaster and I was still coming to grips with the bus etiquette of Brazilians who on one hand are very laid back and unhurried to being almost frantic when coming up to their next bus stop.
I was also surprised by how close the rich and poor lived. I also found Brazil to be better assimilated to other races than Australia, but I found that Brazilian were more status driven than Australians especially in Rio.
However I was disappointed to find out how business in Brazil ran. I found some people in business to be very closed minded about things especially those who are educated but with no other world experience. They generally saw things as “the Brazilian way is best” and as such tried to put in place solutions without considering other cultures. I also found that work was very structured, formal and political in nature. Where if you went outside of this process you were castigated. I also found that people were more invested in ticking boxes rather than the actual results of those boxes…
What did you like the most about Brazil?
The weather, food, lifestyle and general feel of the country. I really struggled in a personal sense getting used to being back in Australia. I intend to go back to Brazil at some stage in my life.
What you liked the less?
Bus etiquette. It seemed to be so unbrazilian. Also the formal structure of business.
What are the main differences between Australia and Brazil?
Being straight to the point especially in business matters. Formality of business and informality of life in Brazil and the informality of business and formality of life in Australia. Eg. Basically you can drink beers anywhere in Brazil where as you can’t in Australia. Where as in Brazil, everything must be done as per process even though it is stupid and wrong.
How did the violence/safety bother you while you were there?
Not at all, but I did live in a nice neighbourhood. I was always acutely aware of socio-economic issues that faces Brazil and I planned for it (except for that one night in Copacabana…..). I always took cab even for short distances at certain stages of night, I dressed down (which for me was rather easy) and I never flouted my money, and I never went into bad areas. For me I treated it like being in the wrong suburb of Brisbane; you are perfectly safe as long as you watch what you did.
Biggest challenge in Brazil?
The biggest challenge in my time there was the language difficulties, as even those who can speak English couldn’t understand a word I said, which made communication very hard. I also found it very hard to learn Portuguese. Something about those bloody vowels and sao words.
Do you think Australian and Brazilian people are very different in their personalities? If so, what is different?
Yes. Australians and Brazilians are different, although we are both recognised for being laid back countries. I believe it stems from our history with Australians being English while Brazil is Portuguese-latin based. I find Australians are more direct and not as friendly in Australia (even though I consider us being friendly people) where as people in Brazil are not as direct but more friendly in nature (for me it was somewhat unnerving every one treating you as a friend). Australians love a drink as do Brazilians however Brazilians like the socialization of drinking more. However I do think that our personalities lend to Australians and Brazilian getting on as we both like to have a good time.
Is there anything Brazil can learn from Australia and vice-versa?
Meeting each other half-way in life and business.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Post 1 – Jeitinho Australiano: Apanhado Geral
Sorry, hoje o texto estah com uma combinacao de sem acento e com acento jah que eu comecei a escrever em um computador mas revisei e terminei o post em outro. Se algum brasileiro vier para a Australia – ou para qualquer outro pais de lingua inglesa – provavelmente vai sofrer com o mesmo problema. Ou seja, essa introducao jah eh um aprendizado sobre a Australia... :-)
Lembre-se, quando eu coloco o “h” significa um acento no final da palavra. O resto voce vai ter que fazer um esforco, mas eh bem obvio e nao eh dificil de entender...
*******************
Mais uma vez me pediram para explicar como é a personalidade dos australianos. Eu vou tentar, mas vale frisar que essa é a minha opinião pessoal, que vem da minha experiência aqui nessa terra Down Under. Como jah moro na Australia ha quase 3 anos e sou casada com um, trabalho com muitos e conheco bem varios australianos, posso dizer que eh uma boa experiencia. Mas ainda tenho muito o que aprender, assim como tenho muito a aprender sobre nos, brasileiros, mesmo apos 30 anos de brasileirice. Bem, mas nao nego fogo e vou tentar! Depois voces me dizem se concordam ou nao.
Vou escrever um pouco no post de hoje, mas depois tem mais, por que vah lah, eh MUITA coisa! Nao dah pra descrever as caracteristicas e a cultura das pessoas de um pais em apenas um post. Alias, isso seria assunto para um livro...
Vou dividir o assunto em alguns temas:
1. Apanhado geral (post de hoje e mais alguns posts pela frente)
2. O homem australiano
3. A mulher australiana
4. A familia australiana
5. O chefe australiano (esse vai ser otimo!)
Se eu lembrar de mais algum topico, posto aqui. Sugestoes, eh claro, sao sempre bem-vindas!
Vamos lá:
Post 1 – Jeitinho Australiano: Apanhado Geral
Não, como a Ana perguntou no comentario do post aih embaixo, australianos não são tão "abertos" como os brasileiros. São mais fechados e é bem mais difícil fazer amizade com eles. Eu fiz meu mestrado durante quase dois anos e não tenho nenhum amigo da faculdade. E os que me conhecem sabem que eu não sou uma pessoa fechada, pelo contrário, em geral tenho facilidade para conhecer pessoas (como boa brasileira). Enquanto estava estudando eu tentava puxar papo, perguntava o que eles fariam no final de semana, perguntava da vida... as pessoas até respondiam, mas só. Todos sabiam que eu era estrangeira e que não conhecia muito Brisbane, mas mesmo assim, ninguém se oferecia para me ajudar ou me convidava para sair, ou até mesmo perguntava qual era o meu telefone. Já no Brasil é bem diferente – imagina, se tivesse um estrangeiro na minha turma com cara de perdido, na hora alguém iria lá e perguntaria se ele gostaria de fazer não sei o quê, aonde ele mora, qual é o telefone...
Ateh mesmo no trabalho, sao simpaticos, educados, mas parece que tem um bloqueio ou alguma coisa que empaca uma real aproximacao. Todo brasileiro que vem morar aqui acaba fazendo amizade com outros brasileiros ou estrangeiros - pessoas que estao no mesmo barco.
Calma, não estou falando que australianos são antipáticos, longe disso. Mas é uma simpatia e uma aproximação um pouco distante, falta profundidade. Me parece que os australianos em geral são muito fechados no seu círculo de amizades que inclui poucas pessoas (e que muitas vezes eh composto dos amigos da epoca da escola), e que eles nao fazem questão de ter novos amigos.
Eu tenho uma teoria: paciencia. O que nos, brasileiros, nao temos. Enquanto nos fazemos e acontecemos, aqui eh no worries mate, tudo vai acontecer se for pra acontecer... Na Australia, quase tudo (em termos de relacionamento) acontece de forma mais devagar: demora um tempo ateh a pessoa te conhecer, confiar em voce, e assim, querer te encontrar. Vale para amizade, para namoros, pra quase tudo (exceto morar junto, mas depois eu explico o porque).
Outra teoria (sem embasamento cientifico nenhum) seria: os australianos tem muito o que fazer em casa. Lembre-se, eles nao tem empregada e nem baba. Entao atividades como lavar e estender a roupa, limpar a casa, lavar os pratos, e acima de tudo, cuidar dos proprios filhos eh sim feita por cada um e com pouquissima ajuda (mesmo as avos participam muito menos do dia-a-dia dos netos do que no Brasil). As pessoas sao mais ocupadas em casa sim, ao contrario dos brasileiros que sempre tiveram uma “boa vida” (obviamente falando da classe media). E eh claro que isso tudo toma tempo de cada um, tempo que poderia ser dedicado a um choppinho com os tais “novos amigos”.
Vou confessar uma coisa: no Brasil essa aproximacao toda de imediato eh que algumas vezes me parece superficial. O jeito do brasileiro as vezes pode ser too much: aquele velho habito do homem cordial (vide Sérgio Buarque de Holanda) de sempre querer agradar o outro e nao poder dizer nao eh muito diferente da cultura individualista e direta do anglo-saxao. Jah cansei de ouvir de australianos: “nao posso ir hoje a noite pois tenho um compromisso, tchau” – enquanto no Brasil o cara quase mata a avoh pra nao ir para um compromisso (mesmo depois de todo o charme inicial com o “novo amigo”).
Outro ponto: a maior parte dos australianos que conheço planejam tudo com antecedência. Dois exemplos: aqui no trabalho, essa semana mesmo uma australiana me mandou um email na terça-feira assim “Vera, você quer almoçar comigo e com a fulana na semana que vem?”. Falei que poderia sim, e em seguida ela me mandou um convite para um almoço pelo Outlook, como se fosse marcando uma reunião para colocar na minha agenda eletronica. Já os brasileiros perguntam cinco minutos antes de almoçar “Ei, tamo indo, bora?”. O segundo exemplo vem de uma australiana que conheço que morou dois anos na Inglaterra. Quando ela voltou, eu mandei uma mensagem toda animadinha “e aí, vamos nos ver?” crente que ela falaria “claro, chega aí amanhã” (ou sexta-feira, sábado no máximo). Acho que era dia 5 de novembro. Sabe o que ela me respondeu? Claro, que tal dia 28 à tarde, tudo bem pra você?
Outro jeito muito australiano eh o de ter uma conversa sem falar nada. Entendeu? Nem eu. O diálogo é mais ou menos assim:
- Hey how are you?
- Not too bad. What about you?
- Yeah not too bad.
- Fair enough. Anything new?
- Anything new with you? (repara na resposta com uma outra pergunta)
- Pretty much the same.
- Same here.
- Great to talk to you.
- Great talking to you too.
(Great talking o que cara-pálida, alguem me explica?)
Australianos são os reis do small talk, que é aquela conversa fiada de quem quer ser simpático mas que não quer se comprometer/se aprofundar muito.
Isso me lembra outro ponto: essa resposta not too bad que estah aih em cima. Se você pergunta como foi o filme, eles respondem “not too bad”. Como foi o trabalho hoje? Not too bad. E a comida, tá boa? Not too bad. Caramba, então tá ruim, é isso? Por que, traduzindo ao pé da letra, seria o mesmo que dizer “é, não estava ruim”. Que coisinha mais morna não? Not too bad significa que estava bom. Sim, isso mesmo: estava bom. Os australianos são meio blasé, meio beige sabe – falta um pouco de paixão, de emoção nas palavras. Pra mim esse not too bad resume bem o estado de espírito dos australianos. Por que pra brasileiro é assim, se você pergunta como foi o filme, as respostas variam entre “Foi péssimo! Não gostei! Foi óóótimo! Ma-ra-vi-lho-so!!! Foi bonzinho..." (esse ultimo no maximo de indiferenca pra nao ter que falar que o filme for ruim). Mas é raro de escutar “o filme não foi ruim”. A proposito, tres exclamacoes eh uma coisa muito brasileira: eu nunca vi tres pontos de exclamacao em lugar nenhum na Australia. Alias, nem uma exclamacao sequer! (ops, olha a minha brasileirice aih...)
Ah, esse é outro ponto. Emoção, paixão no discurso, na conversa... Nós brasileiros estamos acostumados a elevar o nosso tom de voz quando falamos sobre algum assunto que nos excita, que nos alegra - ou que nos entristece. Mostramos isso tambem com as nossas mãos, com a nossa linguagem corporal... australianos não. Pra que elevar o tom de voz? Pra que esse esforço todo? No worries mate. O negócio aqui é ooohhhmmmmm uma linha reta no tom de voz, sempre monocórdio. Parece que todo mundo fez anos de analise (ou serah que estao eh precisando de anos de analise?). O Aaron mesmo, varias vezes enquanto ele morava no Brasil depois de uma conversa minha com amigos ou com a familia, ele vinha pra mim e perguntava "mas por que voce estava brigando com ele"? Brigando nao, eu tava soh conversando...
O que me leva a outro quesito: em uma conversa os australianos realmente esperam você acabar de falar para responder. Não é genial isso?! O que obviamente é muito diferente de nos, brasileiros, que falamos um em cima do outro e quase nem escutamos o que o outro fala pois estamos preocupados demais formulando na nossa cabeca o que temos pra falar em seguida. Pra voce entender a gravidade do negocio (no bom sentido), se tiver até cinco pessoas em um grupo, cada um fala de uma vez, e quando a pessoa acabar de falar, o outro fala, e assim sucessivamente, todos se escutando e conversando. Tao civilizado né? Nós brasileiros poderíamos aprender com eles nesse quesito. Por que brasileiro é aquela coisa horrorosa, um sai atropelando o outro numa conversa sem nem querer saber, é tiro pra todo lado.
*****************
Hoje vai ficando por aqui, mas em breve eu continuo esse post (prometo!).
Ah, fica ligado no blog: nesse final de semana vou postar uma outra entrevista com um australiano que morou oito meses no Brasil. Voces vao adorar, as respostas estao muito bacanas. Uma pergunta: tem problema postar em ingles, todo mundo entende, ou eh melhor traduzir para o portugues?
Lembre-se, quando eu coloco o “h” significa um acento no final da palavra. O resto voce vai ter que fazer um esforco, mas eh bem obvio e nao eh dificil de entender...
*******************
Mais uma vez me pediram para explicar como é a personalidade dos australianos. Eu vou tentar, mas vale frisar que essa é a minha opinião pessoal, que vem da minha experiência aqui nessa terra Down Under. Como jah moro na Australia ha quase 3 anos e sou casada com um, trabalho com muitos e conheco bem varios australianos, posso dizer que eh uma boa experiencia. Mas ainda tenho muito o que aprender, assim como tenho muito a aprender sobre nos, brasileiros, mesmo apos 30 anos de brasileirice. Bem, mas nao nego fogo e vou tentar! Depois voces me dizem se concordam ou nao.
Vou escrever um pouco no post de hoje, mas depois tem mais, por que vah lah, eh MUITA coisa! Nao dah pra descrever as caracteristicas e a cultura das pessoas de um pais em apenas um post. Alias, isso seria assunto para um livro...
Vou dividir o assunto em alguns temas:
1. Apanhado geral (post de hoje e mais alguns posts pela frente)
2. O homem australiano
3. A mulher australiana
4. A familia australiana
5. O chefe australiano (esse vai ser otimo!)
Se eu lembrar de mais algum topico, posto aqui. Sugestoes, eh claro, sao sempre bem-vindas!
Vamos lá:
Post 1 – Jeitinho Australiano: Apanhado Geral
Não, como a Ana perguntou no comentario do post aih embaixo, australianos não são tão "abertos" como os brasileiros. São mais fechados e é bem mais difícil fazer amizade com eles. Eu fiz meu mestrado durante quase dois anos e não tenho nenhum amigo da faculdade. E os que me conhecem sabem que eu não sou uma pessoa fechada, pelo contrário, em geral tenho facilidade para conhecer pessoas (como boa brasileira). Enquanto estava estudando eu tentava puxar papo, perguntava o que eles fariam no final de semana, perguntava da vida... as pessoas até respondiam, mas só. Todos sabiam que eu era estrangeira e que não conhecia muito Brisbane, mas mesmo assim, ninguém se oferecia para me ajudar ou me convidava para sair, ou até mesmo perguntava qual era o meu telefone. Já no Brasil é bem diferente – imagina, se tivesse um estrangeiro na minha turma com cara de perdido, na hora alguém iria lá e perguntaria se ele gostaria de fazer não sei o quê, aonde ele mora, qual é o telefone...
Ateh mesmo no trabalho, sao simpaticos, educados, mas parece que tem um bloqueio ou alguma coisa que empaca uma real aproximacao. Todo brasileiro que vem morar aqui acaba fazendo amizade com outros brasileiros ou estrangeiros - pessoas que estao no mesmo barco.
Calma, não estou falando que australianos são antipáticos, longe disso. Mas é uma simpatia e uma aproximação um pouco distante, falta profundidade. Me parece que os australianos em geral são muito fechados no seu círculo de amizades que inclui poucas pessoas (e que muitas vezes eh composto dos amigos da epoca da escola), e que eles nao fazem questão de ter novos amigos.
Eu tenho uma teoria: paciencia. O que nos, brasileiros, nao temos. Enquanto nos fazemos e acontecemos, aqui eh no worries mate, tudo vai acontecer se for pra acontecer... Na Australia, quase tudo (em termos de relacionamento) acontece de forma mais devagar: demora um tempo ateh a pessoa te conhecer, confiar em voce, e assim, querer te encontrar. Vale para amizade, para namoros, pra quase tudo (exceto morar junto, mas depois eu explico o porque).
Outra teoria (sem embasamento cientifico nenhum) seria: os australianos tem muito o que fazer em casa. Lembre-se, eles nao tem empregada e nem baba. Entao atividades como lavar e estender a roupa, limpar a casa, lavar os pratos, e acima de tudo, cuidar dos proprios filhos eh sim feita por cada um e com pouquissima ajuda (mesmo as avos participam muito menos do dia-a-dia dos netos do que no Brasil). As pessoas sao mais ocupadas em casa sim, ao contrario dos brasileiros que sempre tiveram uma “boa vida” (obviamente falando da classe media). E eh claro que isso tudo toma tempo de cada um, tempo que poderia ser dedicado a um choppinho com os tais “novos amigos”.
Vou confessar uma coisa: no Brasil essa aproximacao toda de imediato eh que algumas vezes me parece superficial. O jeito do brasileiro as vezes pode ser too much: aquele velho habito do homem cordial (vide Sérgio Buarque de Holanda) de sempre querer agradar o outro e nao poder dizer nao eh muito diferente da cultura individualista e direta do anglo-saxao. Jah cansei de ouvir de australianos: “nao posso ir hoje a noite pois tenho um compromisso, tchau” – enquanto no Brasil o cara quase mata a avoh pra nao ir para um compromisso (mesmo depois de todo o charme inicial com o “novo amigo”).
Outro ponto: a maior parte dos australianos que conheço planejam tudo com antecedência. Dois exemplos: aqui no trabalho, essa semana mesmo uma australiana me mandou um email na terça-feira assim “Vera, você quer almoçar comigo e com a fulana na semana que vem?”. Falei que poderia sim, e em seguida ela me mandou um convite para um almoço pelo Outlook, como se fosse marcando uma reunião para colocar na minha agenda eletronica. Já os brasileiros perguntam cinco minutos antes de almoçar “Ei, tamo indo, bora?”. O segundo exemplo vem de uma australiana que conheço que morou dois anos na Inglaterra. Quando ela voltou, eu mandei uma mensagem toda animadinha “e aí, vamos nos ver?” crente que ela falaria “claro, chega aí amanhã” (ou sexta-feira, sábado no máximo). Acho que era dia 5 de novembro. Sabe o que ela me respondeu? Claro, que tal dia 28 à tarde, tudo bem pra você?
Outro jeito muito australiano eh o de ter uma conversa sem falar nada. Entendeu? Nem eu. O diálogo é mais ou menos assim:
- Hey how are you?
- Not too bad. What about you?
- Yeah not too bad.
- Fair enough. Anything new?
- Anything new with you? (repara na resposta com uma outra pergunta)
- Pretty much the same.
- Same here.
- Great to talk to you.
- Great talking to you too.
(Great talking o que cara-pálida, alguem me explica?)
Australianos são os reis do small talk, que é aquela conversa fiada de quem quer ser simpático mas que não quer se comprometer/se aprofundar muito.
Isso me lembra outro ponto: essa resposta not too bad que estah aih em cima. Se você pergunta como foi o filme, eles respondem “not too bad”. Como foi o trabalho hoje? Not too bad. E a comida, tá boa? Not too bad. Caramba, então tá ruim, é isso? Por que, traduzindo ao pé da letra, seria o mesmo que dizer “é, não estava ruim”. Que coisinha mais morna não? Not too bad significa que estava bom. Sim, isso mesmo: estava bom. Os australianos são meio blasé, meio beige sabe – falta um pouco de paixão, de emoção nas palavras. Pra mim esse not too bad resume bem o estado de espírito dos australianos. Por que pra brasileiro é assim, se você pergunta como foi o filme, as respostas variam entre “Foi péssimo! Não gostei! Foi óóótimo! Ma-ra-vi-lho-so!!! Foi bonzinho..." (esse ultimo no maximo de indiferenca pra nao ter que falar que o filme for ruim). Mas é raro de escutar “o filme não foi ruim”. A proposito, tres exclamacoes eh uma coisa muito brasileira: eu nunca vi tres pontos de exclamacao em lugar nenhum na Australia. Alias, nem uma exclamacao sequer! (ops, olha a minha brasileirice aih...)
Ah, esse é outro ponto. Emoção, paixão no discurso, na conversa... Nós brasileiros estamos acostumados a elevar o nosso tom de voz quando falamos sobre algum assunto que nos excita, que nos alegra - ou que nos entristece. Mostramos isso tambem com as nossas mãos, com a nossa linguagem corporal... australianos não. Pra que elevar o tom de voz? Pra que esse esforço todo? No worries mate. O negócio aqui é ooohhhmmmmm uma linha reta no tom de voz, sempre monocórdio. Parece que todo mundo fez anos de analise (ou serah que estao eh precisando de anos de analise?). O Aaron mesmo, varias vezes enquanto ele morava no Brasil depois de uma conversa minha com amigos ou com a familia, ele vinha pra mim e perguntava "mas por que voce estava brigando com ele"? Brigando nao, eu tava soh conversando...
O que me leva a outro quesito: em uma conversa os australianos realmente esperam você acabar de falar para responder. Não é genial isso?! O que obviamente é muito diferente de nos, brasileiros, que falamos um em cima do outro e quase nem escutamos o que o outro fala pois estamos preocupados demais formulando na nossa cabeca o que temos pra falar em seguida. Pra voce entender a gravidade do negocio (no bom sentido), se tiver até cinco pessoas em um grupo, cada um fala de uma vez, e quando a pessoa acabar de falar, o outro fala, e assim sucessivamente, todos se escutando e conversando. Tao civilizado né? Nós brasileiros poderíamos aprender com eles nesse quesito. Por que brasileiro é aquela coisa horrorosa, um sai atropelando o outro numa conversa sem nem querer saber, é tiro pra todo lado.
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Hoje vai ficando por aqui, mas em breve eu continuo esse post (prometo!).
Ah, fica ligado no blog: nesse final de semana vou postar uma outra entrevista com um australiano que morou oito meses no Brasil. Voces vao adorar, as respostas estao muito bacanas. Uma pergunta: tem problema postar em ingles, todo mundo entende, ou eh melhor traduzir para o portugues?
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Ozzie Carioca
Quais eram as suas expectativas antes de chegar no Brasil?
Antes de conhecer a Vera a minha visão sobre o Brasil era de selva, praia e mulheres lindas. Eu via o Brasil como um lugar misterioso, intocado pelas influências do mundo ocidental (nossa como eu estava enganado!). Eu nunca tinha lido nada sobre o Brasil e não via nada na imprensa. Minha única imagem sobre o Brasil vinha de um programa de TV que eu via quando criança e ele mostrava o Brasil de uma forma inacreditável, um país com uma beleza intocada. Eu lembro que naquela época eu já pensava que um dia iria para lá.
Depois que conheci a Vera na Austrália e que comecei a escutar histórias maravilhosas sobre o Brasil, comecei a ter uma imagem na minha cabeça cada vez maior de um paraíso. Uma imagem de praias espetaculares, cerveja sem parar e churrascarias que até Deus duvida. Um país de maravilhas infinitas, com florestas tropicais que chegam até a praia.
Mas aí também comecei a ouvir histórias dos amigos da Vera sobre violência, corrupção, poluição e pobreza. Pra ser sincero, eu fiquei meio decepcionado com essas histórias mas elas não mudaram a imagem que eu tinha na minha cabeça. Eu ainda via o Brasil como um lindo e misterioso país do outro lado do mundo.
Quando você chegou no Brasil, você acha que ele estava de acordo com as suas expectativas ou o país era muito diferente do que você pensava?
A imagem que eu tinha do Brasil era muito diferente do que encontrei. Assim que cheguei fui direto do aeroporto para Itaipava que é uma cidadezinha nas montanhas (nota: em Petrópolis, estado do Rio). Fiquei impressionado com a beleza e tranquilidade dessa cidade. Eu passei uma semana lá com a família da Vera, e essa era a imagem que eu tinha do Brasil, com cachoeiras, florestas tropicais e relaxamento.
O grande choque veio quando nós fomos para o Rio de Janeiro. Assim que descemos a serra passamos por uma avenida que atravessa uma grande favela. Eu nunca tinha visto nada como aquilo na minha vida. Ela era grande, muito grande. Indescritível (nota: esse era o complexo de favelas da Maré, na Linha Vermelha). Nós chegamos à Praia de Copacabana naquela tarde e eu fiquei chocado: as praias eram ótimas mas o lugar estava lotado com tanta gente. Pobres, ricos e quem está no meio deles vive na área. Existem favelas ao lado de enormes prédios e todo mundo vive em cima do outro. As pessoas são legais mas muitos estão lá na praia só pra tirar dinheiro dos turistas e eu parecia com um. Rapidamente eu aprendi as frases necessárias para me deixar fora de problemas e também passei a entender onde podia ir e onde não podia.
O que você mais gostou no Brasil?
Muitas coisas me vêm à cabeça quando leio essa pergunta. A família da Vera é a primeira. Eles são pessoas maravilhosas e me trataram como se já fosse da família. Eu não falava português e todos falavam em inglês comigo, o que ajudou muito. Até o pai da Vera tentou usar o seu melhor inglês, que era muito melhor do que o meu português.
O segundo ponto tem que ser as churrascarias brasileiras. O único jeito de descrevê-las seria dizendo que são “um interminável desfile de carne”- carnes de todas as formas que a mente humana pode imaginar.
O próximo seriam as praias. Eu nunca tinha ido a nenhum lugar que fosse possível sentar em uma cadeira na praia com uma barraca já pronta e esperar que tudo venha até você. Cerveja, comida, coisas para comprar, está tudo ali bem na sua frente e tudo que você tem que fazer é levantar a mão e gritar “oi”.
Depois seriam as florestas tropicais e seus macacos. Sim, macaco na cidade, nos parques da cidade, em qualquer floresta que íamos sempre tinha macaco - que barato que era isso. Além disso, poder ir as cachoeiras nas florestas só a 20 minutos do nosso apartamento.
As pessoas também eram ótimas; as pessoas com quem trabalhei, que conhecia quando saia e os amigos da Vera. Todo mundo era muito bacana. Quando as pessoas descobriam que eu era australiano de repente eu virava um amigo de longa data. Acho que muitos ficavam fascinados pela Austrália como se o país fosse um paraíso, da mesma forma que eu pensava sobre o Brasil.
O que você menos gostou?
É, tiveram algumas coisas que eu não gostei, a maioria delas eram coisas que eu não estava acostumado a ver como pobreza e a exploração das camadas mais pobres, a destruição da beleza natural pela poluição, sujeira e desmatamento, e a corrupção. Eu não estou dizendo que isso não acontece em em outros países, mas no Brasil elas estão bem na sua frente quando você olha em volta.
Qual é a maior diferença entre a Austrália e o Brasil?
Beber cerveja na praia (nota: na Austrália é proibido beber em lugares públicos abertos).
Existe alguma coisa que o Brasil pode aprender com a Australia e vice-versa?
Eu acho que a melhor coisa para o Brasil seria educação. Não digo educação apenas nas escolas mas também educação para prevenir coisas como poluição, corrupção e a exploração das pessoas mais pobres.
Os australianos poderiam aprender várias coisas sobre o Brasil, como socializar por exemplo. Brasileiros são muito mais sociáveis do que os australianos. Nós também poderíamos relaxar um pouco nas leis, como por exemplo, passar a poder beber cerveja na praia.
Aaron no restaurante AQUIM, onde era o head chef.
**********
What were your expectations about Brazil before you got there?
Before I met Vera my vision of Brazil was jungle, beaches and beautiful women. I saw Brazil as a mysterious world, untouched by western world influence (how I was oh-so-wrong). I had never read about Brazil nor had I seen anything in the media. My only vision of Brazil came from a television show I saw as a child. It showed Brazil in this unbelievable way, a country of raw beautiful. I remember thinking to myself that I would go there one day.
After meeting Vera in Australia and hearing all the amazing stories about Brazil I had a much greater picture of paradise in my head. A picture of beautiful beaches, endless beer and God-like BBQ restaurant. A place of endless beautiful, rainforest to the beach.
But then came the other stories from Vera’s friends of violence, corruption, pollution and poverty.
To be honest, I was a little put off by these stories but it didn’t change to picture I had in my head. I still saw Brazil as the beautiful mysterious country on the other side of the world.
My vision of Brazil was much different than what I encountered. When I first arrived in Brazil I went to Itaipava from the airport which is a small town in the mountains. I was amazed at the beauty and tranquillity of the town. I spent a week there with Vera’s family. It was what I pictured Brazil to be, Waterfalls, rainforest and relaxation.
The big shock came when we travelled to Rio de Janeiro. After travelling down to mountain we drove along the freeway which passes over a slum. I had never seen anything like it in my life. It was big, very big. Indescribable.
We reached Copacabana Beach in the afternoon and I was speechless. The beaches are amazing but the place is crowded with people. Poor, rich and everyone in between lives in the area. There are slums beside giant apartment buildings and everyone live on top of each other. The people are very nice but there are also many out to make a dollar from the tourists and I looked like one. I quickly learnt the necessary phrases to get myself out of trouble and where to go and where not to go.
What did you like the most about Brazil?
So many things come to my mind when I’m asked this question. Vera’s family is the first. They are amazing people; they took me in as one of their own. I didn’t speak any Portuguese and everyone spoke English for me which was very helpful. Even Vera’s father tried his best English (which was better than my Portuguese).
The next would have to be the Brazilian BBQ restaurants. The only way to describe it would be “an endless parade of meat” meat cooked every way the human mind can perceive. Next would be the beaches. I’ve never been anywhere that it is possible to sit on a deck chair on the beach under a sun umbrella and have everything come to you. Beer, food, things to buy, it’s all there right in front of you all you need to do is put your hand up and call “Oi”.
After that would be the rainforests with monkeys. Yes monkey right beside the city, in the parks in the city, everywhere we went that had forest there were monkeys, how cool is that. Also the waterfalls in the forests just 20 minutes drive from our apartment.
The people are amazing, the people I worked with, the people I met when I was out and Vera’s friends. Everyone was real nice. When people found out I was Australian suddenly we were friends from a long time ago. People seemed to be so intrigued by Australia. Like it was a country of paradise, the same I thought of Brazil.
What you liked the less?
Well there are things I didn’t like about Brazil. Mainly things that I was not used to seeing. Things like the poverty and the exploitation of the lower social class, the pollution and rubbish, the destruction of the natural beauty through pollution and land clearing and corruption. I’m not saying this don’t happen in other countries, they’re just really in your face when you look around.
What is the biggest difference between Australia and Brazil?
Drinking beer on the beach.
Is there anything Brazil can learn from Australia and vice-versa?
I think to best thing for Brazil to do is education. I do not mean education only in schools but education to prevent things like pollution, corruption and the exploitation of the lower classes.
Australian could learn many things from Brazil. Such as socializing. Brazilians are much more social then Australians. We could also look at relaxing our laws a little like drinking beer on the beach.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Acampando na Austrália
Quem lê o blog já deve ter reparado que eu gosto de acampar – aliás, eu e o Aaron (ele então, como bom australiano, ama e acampa direto desde que nasceu). Desde que voltei a morar na Austrália há cinco meses atrás, já fui três vezes: a primeira para Mount Mee, a segunda, pra Byron Bay, e a terceira para Queen Mary Falls. No Brasil, em toda a minha vida, acho que acampei o mesmo número de vezes. Confesso pra você que, no Brasil, não me apetece muito a idéia de deixar uma barraca sozinha e ir passear.
Aqui na Austrália, acampar é coisa séria. Existem campings em vários lugares, e se você quiser acampar em algum parque ou nas praias liberadas (que não são todas), existem algumas regras que devem ser seguidas (no post sobre Mount Mee eu falo um pouco sobre isso). Em todos os campings que fui a infra-estrutura era excelente, com banheiros limpos, chuveiros com ducha quente, e acima de tudo, um lugar reservado e numerado para cada barraca. Geralmente você pode escolher o lugar que quer ficar pela internet – os campings mostram um mapa. No Brasil, nos lugares que fui, você descobria o lugar onde poderia acampar na recepção – achou um buraco, joga a barraca lá. E como o nosso país tem muito mais gente, menos regras e fiscalização, não é difícil as pessoas acabarem meio apertadas ou incomodadas pelo barulho dos outros nas altas horas da madrugada.
Aqui, além de acampar com barraca, tem muito Caravan Camping, que é acampar com um trailer ou com uma van. Muitas pessoas mais velhas, quando se aposentam, compram uma van dessas e viajam pela Austrália (não é uma má idéia, hein...). Quando você vai escolher um camping, eles sempre informam pela internet se o site é powered ou non powered (se tem energia elétrica ou não). Eu uso esse site pra escolher o camping que vou ficar, ele é bem completo e abrange toda a Austrália.
Acho também que acampar é uma atividade tão disseminada pois, como o país ainda é pouco explorado – é enorme e pouquíssimo habitado -, você não encontra diversos hotéis e pousadas como encontraria no Brasil. Eu gosto pelo contato com a natureza, pela tranquilidade, calma e paz que me traz... parece que em um final de semana eu vou pra outro mundo e volto. Ah, e também por que o Aaron faz quase tudo rsrs (espero que ele não leia esse post!).
A própria história da Austrália , que é bem recente, é muito ligada a acampamentos, veja só:
From Sydney Cove to the goldfields, the overland telegraph to the Snowy scheme, camping has enabled almost every phase of our historical development. Camping has been the unexamined circumstance for explorers, surveyors, settlers, gold diggers, itinerant workers, landscape artists, bush poets... and for Aboriginal people, whose ancient camping practices were altered irrevocably by the onslaught of Europeans and their stock through the nineteenth century. (fonte aqui)
Além disso, também existem diversas lojas especializadas em camping e na semana passada fui em uma delas chamada Tentworld. A loja tem dois andares dedicados exclusivamente a barracas e equipamentos. Algumas coisas são inacreditáveis – você encontra chuveiros (uma bolsa dágua com um gancho no topo e um chuveirinho, para usar em lugares onde não tem banheiro), banheiros (há, esse é meio nojento, é tipo um pinico, e você deve cavar um buraco embaixo dele, ou tem o banheiro químico portátil também, dá uma olhada), lâmpadas e lanternas de diferentes formatos, geladeiras que funcionam sem energia elétrica, ventiladores elétricos, geradores, camas montáveis, mesas e cadeiras, churrasqueiras especiais... a lista é enorme. Se você comprar tudo que está lá, mais vai parecer que está em um hotel 5 estrelas do que em um camping. E tem diversas coisas para quem acampa no meio do nada: por exemplo, o Aaron comprou uma pedra de magnésio que faz fogo (pra mim o bom e velho isqueiro serve, mas ele adorou o brinquedinho novo – e caso chova e o isqueiro ou a caixa de fósforos molhe e não tenha nenhum lugar em volta para comprar outro, a pedrinha até faz sentido).
Nós compramos essa barraca nova, bem resistente e com um ótimo tamanho. Vamos inaugura-la nesse final de semana em Mount Tamborine, um lugar a cerca de uma hora de Brisbane com lagos e cachoeiras. Semana que vem conto como foi.
Aqui na Austrália, acampar é coisa séria. Existem campings em vários lugares, e se você quiser acampar em algum parque ou nas praias liberadas (que não são todas), existem algumas regras que devem ser seguidas (no post sobre Mount Mee eu falo um pouco sobre isso). Em todos os campings que fui a infra-estrutura era excelente, com banheiros limpos, chuveiros com ducha quente, e acima de tudo, um lugar reservado e numerado para cada barraca. Geralmente você pode escolher o lugar que quer ficar pela internet – os campings mostram um mapa. No Brasil, nos lugares que fui, você descobria o lugar onde poderia acampar na recepção – achou um buraco, joga a barraca lá. E como o nosso país tem muito mais gente, menos regras e fiscalização, não é difícil as pessoas acabarem meio apertadas ou incomodadas pelo barulho dos outros nas altas horas da madrugada.
Aqui, além de acampar com barraca, tem muito Caravan Camping, que é acampar com um trailer ou com uma van. Muitas pessoas mais velhas, quando se aposentam, compram uma van dessas e viajam pela Austrália (não é uma má idéia, hein...). Quando você vai escolher um camping, eles sempre informam pela internet se o site é powered ou non powered (se tem energia elétrica ou não). Eu uso esse site pra escolher o camping que vou ficar, ele é bem completo e abrange toda a Austrália.
Acho também que acampar é uma atividade tão disseminada pois, como o país ainda é pouco explorado – é enorme e pouquíssimo habitado -, você não encontra diversos hotéis e pousadas como encontraria no Brasil. Eu gosto pelo contato com a natureza, pela tranquilidade, calma e paz que me traz... parece que em um final de semana eu vou pra outro mundo e volto. Ah, e também por que o Aaron faz quase tudo rsrs (espero que ele não leia esse post!).
A própria história da Austrália , que é bem recente, é muito ligada a acampamentos, veja só:
From Sydney Cove to the goldfields, the overland telegraph to the Snowy scheme, camping has enabled almost every phase of our historical development. Camping has been the unexamined circumstance for explorers, surveyors, settlers, gold diggers, itinerant workers, landscape artists, bush poets... and for Aboriginal people, whose ancient camping practices were altered irrevocably by the onslaught of Europeans and their stock through the nineteenth century. (fonte aqui)
Além disso, também existem diversas lojas especializadas em camping e na semana passada fui em uma delas chamada Tentworld. A loja tem dois andares dedicados exclusivamente a barracas e equipamentos. Algumas coisas são inacreditáveis – você encontra chuveiros (uma bolsa dágua com um gancho no topo e um chuveirinho, para usar em lugares onde não tem banheiro), banheiros (há, esse é meio nojento, é tipo um pinico, e você deve cavar um buraco embaixo dele, ou tem o banheiro químico portátil também, dá uma olhada), lâmpadas e lanternas de diferentes formatos, geladeiras que funcionam sem energia elétrica, ventiladores elétricos, geradores, camas montáveis, mesas e cadeiras, churrasqueiras especiais... a lista é enorme. Se você comprar tudo que está lá, mais vai parecer que está em um hotel 5 estrelas do que em um camping. E tem diversas coisas para quem acampa no meio do nada: por exemplo, o Aaron comprou uma pedra de magnésio que faz fogo (pra mim o bom e velho isqueiro serve, mas ele adorou o brinquedinho novo – e caso chova e o isqueiro ou a caixa de fósforos molhe e não tenha nenhum lugar em volta para comprar outro, a pedrinha até faz sentido).
Nós compramos essa barraca nova, bem resistente e com um ótimo tamanho. Vamos inaugura-la nesse final de semana em Mount Tamborine, um lugar a cerca de uma hora de Brisbane com lagos e cachoeiras. Semana que vem conto como foi.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
150 anos de Queensland
(sorry, teclado de hoje sem acento)
No dia 10 de dezembro de 2009 o estado de Queensland comemorou 150 anos de independencia de New South Wales (estado onde Sydney eh a capital). Varios jornais e revistas lancaram edicoes comemorativas com fotos antigas do estado. Nesse link voce encontra fotos do maior jornal de Brisbane, o The Courier Mail, e nesse, da prefeitura de Brisbane. Eu adoro historia e conheco bem Brisbane, entao eh muito interessante comparar o antigo com o atual. Vale a pena entrar nos links.
A prefeitura tambem lancou uma capsula que foi enterrada e que soh deverah ser aberta em 2059, quando Queensland comemorar 200 anos. A capsula contem fotos e outros itens como testemunhos, depoimentos e aspiracoes das pessoas de hoje, 2009. Achei muito boa essa ideia! Fico aqui pensando, em 2059 eu terei 80 anos - se Deus quiser. Espero poder ver essa capsula ser aberta...
Eu sempre penso que a Brisbane de hoje deve ser parecida com o Rio de Janeiro dos anos 30/40. Imagina um centro da cidade onde voce consegue ver de longe, por que eh o unico lugar da cidade que tem predios altos? O resto tem predios baixos de 3 ou 4 andares ou casas. Um lugar tranquilo, calmo, com nem tanta gente assim... Daqui a uns 50 anos os bairros no entorno do centro estarao completamente diferentes do que sao hoje. Ainda bem que eu estou vivendo isso, por que no Rio, eu nao tive essa oportunidade. Nunca vi de perto uma cidade "crescendo" - ou melhor, jah vi a Barra da Tijuca, que quando eu era pequena nao tinha quase nada... mas a Zona Sul, o Centro, Zona Norte, esses jah estavam praticamente com a lotacao esgotada enquanto eu dava o meu primeiro berro.
Acho que muita gente nao sabe, mas Brisbane "nasceu" - assim como a maioria da Australia - para ser uma colonia penal. Muitos ingleses que iam presos vinham para Brisbane. Tambem vale a pena ler a historia de Queensland nesse link. Eh impressionante pensar que uma cidade, ou melhor, um pais, que tinha tudo pra dar errado com tantos prisioneiros, deu tao certo. E o Brasil, mesmo sendo a unica colonia no mundo onde a familia real do pais colonizador viveu, virou o que virou. Do Brasil eu ateh sei, mas sobre a Australia, admito que ainda tenho que pesquisar. Vou fazer isso e falo pra voces aqui no blog.
Ah, tem um post no forno. Eh sobre morar fora do seu proprio pais. Algumas pessoas nem pensam nessa possibilidade. Outras soh pensam nisso. Mas e aih, eh facil? Dificil? Penso em voltar pro Brasil? Nao penso? Como eh essa vida de "ser estrangeiro"? Em breve eu conto pra voces.
No dia 10 de dezembro de 2009 o estado de Queensland comemorou 150 anos de independencia de New South Wales (estado onde Sydney eh a capital). Varios jornais e revistas lancaram edicoes comemorativas com fotos antigas do estado. Nesse link voce encontra fotos do maior jornal de Brisbane, o The Courier Mail, e nesse, da prefeitura de Brisbane. Eu adoro historia e conheco bem Brisbane, entao eh muito interessante comparar o antigo com o atual. Vale a pena entrar nos links.
A prefeitura tambem lancou uma capsula que foi enterrada e que soh deverah ser aberta em 2059, quando Queensland comemorar 200 anos. A capsula contem fotos e outros itens como testemunhos, depoimentos e aspiracoes das pessoas de hoje, 2009. Achei muito boa essa ideia! Fico aqui pensando, em 2059 eu terei 80 anos - se Deus quiser. Espero poder ver essa capsula ser aberta...
Eu sempre penso que a Brisbane de hoje deve ser parecida com o Rio de Janeiro dos anos 30/40. Imagina um centro da cidade onde voce consegue ver de longe, por que eh o unico lugar da cidade que tem predios altos? O resto tem predios baixos de 3 ou 4 andares ou casas. Um lugar tranquilo, calmo, com nem tanta gente assim... Daqui a uns 50 anos os bairros no entorno do centro estarao completamente diferentes do que sao hoje. Ainda bem que eu estou vivendo isso, por que no Rio, eu nao tive essa oportunidade. Nunca vi de perto uma cidade "crescendo" - ou melhor, jah vi a Barra da Tijuca, que quando eu era pequena nao tinha quase nada... mas a Zona Sul, o Centro, Zona Norte, esses jah estavam praticamente com a lotacao esgotada enquanto eu dava o meu primeiro berro.
Acho que muita gente nao sabe, mas Brisbane "nasceu" - assim como a maioria da Australia - para ser uma colonia penal. Muitos ingleses que iam presos vinham para Brisbane. Tambem vale a pena ler a historia de Queensland nesse link. Eh impressionante pensar que uma cidade, ou melhor, um pais, que tinha tudo pra dar errado com tantos prisioneiros, deu tao certo. E o Brasil, mesmo sendo a unica colonia no mundo onde a familia real do pais colonizador viveu, virou o que virou. Do Brasil eu ateh sei, mas sobre a Australia, admito que ainda tenho que pesquisar. Vou fazer isso e falo pra voces aqui no blog.
Ah, tem um post no forno. Eh sobre morar fora do seu proprio pais. Algumas pessoas nem pensam nessa possibilidade. Outras soh pensam nisso. Mas e aih, eh facil? Dificil? Penso em voltar pro Brasil? Nao penso? Como eh essa vida de "ser estrangeiro"? Em breve eu conto pra voces.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Finalmente, Noosa
Ainda nao falei sobre as minhas ferias em Noosa, mas toda vez que sento pra escrever, penso que nao tenho muito o que falar (ainda bem, isso quer dizer que essas foram as ferias que eu queria!). Mas como eu ainda tenho o compromisso de relatar o que aconteceu aqui nesse blog que vos fala, seguindo o espirito relax do lugar, vou resumir em algumas palavras: praia, churrasco, protetor-solar, cerveja, preguica, leitura, comida, banho tarde, vinho branco, sorvete, frutos do mar e mais praia. Ou seja, tudo o que eu (e qualquer ser humano) precisa.
Noosa fica em Sunshine Coast, uma hora e meia ao Norte de Brisbane, enquanto Gold Coast e suas longas praias ficam ao sul. Gosto de Noosa pois a cidadezinha conserva aquele charme que falta a Surfers Paradise (maior centro de Gold Coast) e seus azulejados e massificados afins. E gosto muito de uma praia em particular: Little Cove. A praia eh uma graca, bem pequena e aconchegante, cheia de verde em volta. Perto de Brisbane tem muitas praias bem compridas e com um espaco enorme de areia da calcada ateh o mar. Little Cove nao. Eh bem pequena, e com algumas piscinas naturais... lembra ateh algumas praias de Itacare, na Bahia. Eh, acho que Noosa eh o meu lugar preferido na Australia.
O ape tinha uma varanda grande com uma churrasqueira/grill - pelas minhas contas acho que em 7 dias cada um de nos comeu pelo menos umas tres vacas rsrs. Ateh na praia rolou churrasco; um dia fomos a praia no North Shore de Noosa e lah fizemos um belo bbq. Pra chegar lah, soh com veiculos com tracao nas quatro rodas.
Noosa fica em Sunshine Coast, uma hora e meia ao Norte de Brisbane, enquanto Gold Coast e suas longas praias ficam ao sul. Gosto de Noosa pois a cidadezinha conserva aquele charme que falta a Surfers Paradise (maior centro de Gold Coast) e seus azulejados e massificados afins. E gosto muito de uma praia em particular: Little Cove. A praia eh uma graca, bem pequena e aconchegante, cheia de verde em volta. Perto de Brisbane tem muitas praias bem compridas e com um espaco enorme de areia da calcada ateh o mar. Little Cove nao. Eh bem pequena, e com algumas piscinas naturais... lembra ateh algumas praias de Itacare, na Bahia. Eh, acho que Noosa eh o meu lugar preferido na Australia.
Ficamos em um apartamento num predio de tres andares quase em frente a praia de Little Cove.
Vista da garagem do predio.
Em Noosa rola surf. E sempre tem crianca surfando nas praias.
O ape tinha uma varanda grande com uma churrasqueira/grill - pelas minhas contas acho que em 7 dias cada um de nos comeu pelo menos umas tres vacas rsrs. Ateh na praia rolou churrasco; um dia fomos a praia no North Shore de Noosa e lah fizemos um belo bbq. Pra chegar lah, soh com veiculos com tracao nas quatro rodas.
Tivemos que pegar um ferry de Noosa ateh essa praia ao norte, e de lah, dirigir pela areia da praia.
Aaron dirige o carro com tracao nas quatro-rodas. Ao pegar o ferry pra chegar nessa praia nos ganhamos um papel com os horarios das mares. Tem que ficar ligado pra nao dirigir na mare alta, eh perigoso pois a chance de atolar - e do carro, quem sabe, ateh afundar - eh obviamente bem maior.
Depois de dirigir por um tempo na praia, escolhemos um lugar, montamos todo o equipamento, e fizemos a nossa farofa de luxo na praia. Olha aih embaixo:
O tal churrasco que fizemos... carne, camarao, lula e linguica... yummy!
Noosa eh mais "chique" do que seu primo hippie Byron Bay. Na principal rua Hastings Street, uma versao Ozzie da Rua das Pedras, voce encontra joalherias, excelentes restaurantes e roupas de grife. Um restaurante muito bom eh o Bistro, que fica bem em frente a praia principal. O Spagheti a Marinara vem em uma frigideira quente com uma porcao enorme de um spagheti perfeitamente cozido e cheio de frutos do mar e tomate... nao consigo parar de lembrar! Ah, o sorvete de macadamia de uma sorveteria italiana que fica ao final da Hastings Street (e que, sorry, eu esqueci o nome) tem que fazer parte do roteiro tambem.
Bem, vou ficando por aqui, ateh pq nao gosto de fazer propaganda pro lugar nao encher e a saudade jah estah ficando forte. Mas que eh facil ser feliz em Noosa, ah isso eh.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Ter classe é não mostrar a sua classe
Nesse blog eu costumo falar sobre as diferenças e peculiaridades da Austrália em relação ao Brasil. Hoje eu vou falar sobre a maior delas, disparado. Sabe qual é? Classes sociais.
Sociólogos, pesquisadores, estudiosos do tema, todo mundo fala sobre isso, mas afinal, qual é a real diferença entre viver em um país tão socialmente desigual, e um tão igual?
Pra mim foi uma mudança de mentalidade e um aprendizado enorme - e continua sendo. Venho de uma família classe média, e no Brasil, ser classe média significa ser da elite, do topo da pirâmide. E aqui na Austrália a base da pirâmide é a classe média. Eu não sei qual é a porcentagem exata e, me desculpem, não vou pesquisar agora, mas já é sabido que a Austrália é um dos países do mundo com o maior número da população na classe média. Todo mundo aqui é classe média – pode ser média um pouco mais baixa, ou um pouco mais alta, mas todo mundo aqui tem sim um padrão de vida razoável, não apenas suficiente para sobreviver com as necessidades básicas (moradia, alimentação, saúde, etc) como também, com viver com certos luxos como viajar de vez em quando, ir para um cinema, restaurante, e às vezes comprar uma roupa ou um eletro-eletrônico legal, por exemplo...
No Brasil, a maior parte da classe média tem sim um certo preconceito e até mesmo distância em relação à camada mais pobre da população. As empregadas, babás, garçons, motoristas de ônibus, manicures, faxineiros etc, na visão deturpada e consolidada de muita gente, são pessoas de “segunda classe”, que não merecem alguns minutos de conversa, de simpatia, de consideração, de respeito. E morando aqui na Austrália eu percebi como nós, da classe média, já estamos tão, mas tão afundados nessa cultura bizarra de segregação que nem percebemos como exploramos sim todo esse povo, ao pagar muito pouco pelos serviços que eles provém. E que essa exploração constante da "elite" da população em relação às camadas mais baixas é uma bola de neve tão grande que nem sei mais como conseguiremos para-la um dia.
Quando eu cheguei na Austrália, ficava horrorizada com o preço de algumas coisas que eram tão baratas no Brasil e que eram caríssimas aqui. Por exemplo, depilação e manicure. Manicure aqui custa 50 dólares por sessão. No Brasil, pagava 15 reais para fazer pé e mão. Meu pensamento quando cheguei aqui era “nossa, no Brasil é tão mais barato, ai, essa Austrália é muito cara, que absurdo pagar tudo isso!”. Passado o choque inicial, a constatação: essas mesmas manicures que cobravam 15 reais tiveram filho aos 14 anos de idade, moravam em favelas, trabalhavam horrores e nem viam os filhos direito. Imagina, ficar uma hora fazendo o pé e mão de alguma pessoa com mais dinheiro só para ganhar uns trocados no final? Já as manicures daqui tem carro, moram em um apartamento bacana, compram roupas legais, saem a noite, viajam de vez em quando. Por que? Por que recebem um salário digno, pago por quem usufrui do serviço. E isso vale para tudo. Motorista de ônibus decidiu virar motorista por que gosta do estilo de vida, por que escolheu isso. Ganham bem. Encanador na Austrália, há dois anos atrás, tinha o melhor salário do país – mais do que engenheiro ou profissional de TI. Empregada? Soh milionario tem. Empregada que mora em casa? Soh ultra-super-hiper-milionario. Babá é nos sábados a noite quando rola uma ocasiao especial e olhe lá...
Ou seja, você não precisa ser formado com MBA ou trabalhar pro governo pra viver bem e ser respeitado. Aqui as pessoas se tratam de igual pra igual, falam “bom dia, boa tarde, boa noite” pro faxineiro, perguntam como foi o dia, fazem aquelas piadinhas de sempre... Conversam com os garçons (cansei de jogar conversa fora com clientes quando trabalhava como garçonete). Aliás, isso me lembra aquela frase do Luis Fernando Veríssimo: “Você sabe muito sobre uma pessoa ao ver o jeito com que ela trata o garçom”.
Outra coisa importante é que ninguém tem essa “síndrome de coitadinho” que muitos pobres no Brasil tem; sabe aquele jeitinho que algumas pessoas tem, tão humildes e “olhando pra baixo” que parece que eles mesmos caem na carapuça de serem cidadãos de segunda classe? Não gosto quando alguém faz um favor e diz “obrigada Dona Vera”. Quem tem que agradecer sou eu, não é? Pior ainda é aquele "desculpa qualquer coisa". Desnecessario.
Ah, outra coisa que vejo aqui: não rola essa ostentação enorme que rola no Brasil, principalmente na Zona Sul carioca (que é onde vivi e por isso posso falar). Claro que rola um carro mais bacana, ou alguém falando que viajou pra não sei aonde, que tem não sei o que... mas com um contexto, não é da forma gratuita que muitas vezes acontece no Brasil. No Brasil, pela divisão enorme das camadas sociais, parece que a classe média faz questão de mostrar que faz parte daquele específico grupo – é quase como uma simbologia tribal falar que você tem isso ou aquilo, usar a calça da marca tal, bolsa Louis Vuitton, etc. Mostra que você não faz parte “daquela classezinha”.
Tive uma chefe há pouco tempo atrás no Brasil que tratava a empregada e o motorista como a escória do universo. Talvez se eu não tivesse morado na Austrália antes disso, não ligaria tanto (sim, é uma auto-crítica sobre a minha alienação passada e às vezes, admito, ainda presente). Mas morei. E aquele tipo de tratamento, tão desumano, me incomodava tanto, que eu deixei de admirá-la - e olha que ela era uma profissional respeitadíssima na sua área. Fora o tratamento comigo mesmo, já que eu era subordinada, estilo “ei, me respeita porque eu sou mais do que você”. Pra mim, isso mostra que é menos.
Enfim, esse foi só o começo do assunto, pois acho que poderia falar sobre isso por horas e horas, e outro dia eu continuo essa prosa. Aliás, um dia eu peço pro maridão Aaron contribuir pro blog e falar sobre a experiência dele de trabalhar na cozinha no Brasil com pessoas que moravam na favela (como muitos que lêem o blog já sabem, ele é australiano e chef de cozinha e morou um ano na nossa terra brasilis)... ele tem uma boa perspectiva sobre o assunto e já me ensinou muito.
E por favor, se você for da classe média brasileira, não leve isso tudo que eu falei como uma crítica feroz e irrestrita, por que não é. Obviamente que muitos não estão na mesma proporção extrema da minha ex-chefe. Nós fomos criados dentro dessa cultura, aprendemos a viver dessa forma, e por isso não podemos ser “culpados” por sermos assim ou assado. Como explicar pro verde que ele pode virar azul? Acho que é um processo difícil "reprogramar” o cérebro, mas a cada dia mais eu aprendo que é sim, possível e acima de tudo, necessário. São os ajustes da vida. Aliás, acho que o que mais aprendi na Australia não foi inglês ou como dirigir o carro no lado esquerdo da rua. O que mais aprendi – e continuo aprendendo – é que as pessoas são iguais, e que alguns infelizmente, e por obra única e exclusivamente do destino, nasceram em famílias e locais menos favorecidos. E que por isso mesmo elas merecem o nosso profundo respeito.
Mas calma, na Australia a situacao eh melhor nesse sentido, mas tem outro lado: algumas pessoas menos instruidas tem preconceito contra os estrangeiros, que sao muitos aqui. Nao sao todas as pessoas, mas existe. Em breve vou abordar esse assunto no blog...
Sociólogos, pesquisadores, estudiosos do tema, todo mundo fala sobre isso, mas afinal, qual é a real diferença entre viver em um país tão socialmente desigual, e um tão igual?
Pra mim foi uma mudança de mentalidade e um aprendizado enorme - e continua sendo. Venho de uma família classe média, e no Brasil, ser classe média significa ser da elite, do topo da pirâmide. E aqui na Austrália a base da pirâmide é a classe média. Eu não sei qual é a porcentagem exata e, me desculpem, não vou pesquisar agora, mas já é sabido que a Austrália é um dos países do mundo com o maior número da população na classe média. Todo mundo aqui é classe média – pode ser média um pouco mais baixa, ou um pouco mais alta, mas todo mundo aqui tem sim um padrão de vida razoável, não apenas suficiente para sobreviver com as necessidades básicas (moradia, alimentação, saúde, etc) como também, com viver com certos luxos como viajar de vez em quando, ir para um cinema, restaurante, e às vezes comprar uma roupa ou um eletro-eletrônico legal, por exemplo...
No Brasil, a maior parte da classe média tem sim um certo preconceito e até mesmo distância em relação à camada mais pobre da população. As empregadas, babás, garçons, motoristas de ônibus, manicures, faxineiros etc, na visão deturpada e consolidada de muita gente, são pessoas de “segunda classe”, que não merecem alguns minutos de conversa, de simpatia, de consideração, de respeito. E morando aqui na Austrália eu percebi como nós, da classe média, já estamos tão, mas tão afundados nessa cultura bizarra de segregação que nem percebemos como exploramos sim todo esse povo, ao pagar muito pouco pelos serviços que eles provém. E que essa exploração constante da "elite" da população em relação às camadas mais baixas é uma bola de neve tão grande que nem sei mais como conseguiremos para-la um dia.
Quando eu cheguei na Austrália, ficava horrorizada com o preço de algumas coisas que eram tão baratas no Brasil e que eram caríssimas aqui. Por exemplo, depilação e manicure. Manicure aqui custa 50 dólares por sessão. No Brasil, pagava 15 reais para fazer pé e mão. Meu pensamento quando cheguei aqui era “nossa, no Brasil é tão mais barato, ai, essa Austrália é muito cara, que absurdo pagar tudo isso!”. Passado o choque inicial, a constatação: essas mesmas manicures que cobravam 15 reais tiveram filho aos 14 anos de idade, moravam em favelas, trabalhavam horrores e nem viam os filhos direito. Imagina, ficar uma hora fazendo o pé e mão de alguma pessoa com mais dinheiro só para ganhar uns trocados no final? Já as manicures daqui tem carro, moram em um apartamento bacana, compram roupas legais, saem a noite, viajam de vez em quando. Por que? Por que recebem um salário digno, pago por quem usufrui do serviço. E isso vale para tudo. Motorista de ônibus decidiu virar motorista por que gosta do estilo de vida, por que escolheu isso. Ganham bem. Encanador na Austrália, há dois anos atrás, tinha o melhor salário do país – mais do que engenheiro ou profissional de TI. Empregada? Soh milionario tem. Empregada que mora em casa? Soh ultra-super-hiper-milionario. Babá é nos sábados a noite quando rola uma ocasiao especial e olhe lá...
Ou seja, você não precisa ser formado com MBA ou trabalhar pro governo pra viver bem e ser respeitado. Aqui as pessoas se tratam de igual pra igual, falam “bom dia, boa tarde, boa noite” pro faxineiro, perguntam como foi o dia, fazem aquelas piadinhas de sempre... Conversam com os garçons (cansei de jogar conversa fora com clientes quando trabalhava como garçonete). Aliás, isso me lembra aquela frase do Luis Fernando Veríssimo: “Você sabe muito sobre uma pessoa ao ver o jeito com que ela trata o garçom”.
Outra coisa importante é que ninguém tem essa “síndrome de coitadinho” que muitos pobres no Brasil tem; sabe aquele jeitinho que algumas pessoas tem, tão humildes e “olhando pra baixo” que parece que eles mesmos caem na carapuça de serem cidadãos de segunda classe? Não gosto quando alguém faz um favor e diz “obrigada Dona Vera”. Quem tem que agradecer sou eu, não é? Pior ainda é aquele "desculpa qualquer coisa". Desnecessario.
Ah, outra coisa que vejo aqui: não rola essa ostentação enorme que rola no Brasil, principalmente na Zona Sul carioca (que é onde vivi e por isso posso falar). Claro que rola um carro mais bacana, ou alguém falando que viajou pra não sei aonde, que tem não sei o que... mas com um contexto, não é da forma gratuita que muitas vezes acontece no Brasil. No Brasil, pela divisão enorme das camadas sociais, parece que a classe média faz questão de mostrar que faz parte daquele específico grupo – é quase como uma simbologia tribal falar que você tem isso ou aquilo, usar a calça da marca tal, bolsa Louis Vuitton, etc. Mostra que você não faz parte “daquela classezinha”.
Tive uma chefe há pouco tempo atrás no Brasil que tratava a empregada e o motorista como a escória do universo. Talvez se eu não tivesse morado na Austrália antes disso, não ligaria tanto (sim, é uma auto-crítica sobre a minha alienação passada e às vezes, admito, ainda presente). Mas morei. E aquele tipo de tratamento, tão desumano, me incomodava tanto, que eu deixei de admirá-la - e olha que ela era uma profissional respeitadíssima na sua área. Fora o tratamento comigo mesmo, já que eu era subordinada, estilo “ei, me respeita porque eu sou mais do que você”. Pra mim, isso mostra que é menos.
Enfim, esse foi só o começo do assunto, pois acho que poderia falar sobre isso por horas e horas, e outro dia eu continuo essa prosa. Aliás, um dia eu peço pro maridão Aaron contribuir pro blog e falar sobre a experiência dele de trabalhar na cozinha no Brasil com pessoas que moravam na favela (como muitos que lêem o blog já sabem, ele é australiano e chef de cozinha e morou um ano na nossa terra brasilis)... ele tem uma boa perspectiva sobre o assunto e já me ensinou muito.
E por favor, se você for da classe média brasileira, não leve isso tudo que eu falei como uma crítica feroz e irrestrita, por que não é. Obviamente que muitos não estão na mesma proporção extrema da minha ex-chefe. Nós fomos criados dentro dessa cultura, aprendemos a viver dessa forma, e por isso não podemos ser “culpados” por sermos assim ou assado. Como explicar pro verde que ele pode virar azul? Acho que é um processo difícil "reprogramar” o cérebro, mas a cada dia mais eu aprendo que é sim, possível e acima de tudo, necessário. São os ajustes da vida. Aliás, acho que o que mais aprendi na Australia não foi inglês ou como dirigir o carro no lado esquerdo da rua. O que mais aprendi – e continuo aprendendo – é que as pessoas são iguais, e que alguns infelizmente, e por obra única e exclusivamente do destino, nasceram em famílias e locais menos favorecidos. E que por isso mesmo elas merecem o nosso profundo respeito.
Mas calma, na Australia a situacao eh melhor nesse sentido, mas tem outro lado: algumas pessoas menos instruidas tem preconceito contra os estrangeiros, que sao muitos aqui. Nao sao todas as pessoas, mas existe. Em breve vou abordar esse assunto no blog...
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Procurando casa em Brisbane
Quero escrever mais no blog, mas essa semana estah um pouco dificil pois estamos procurando um novo lugar pra morar - e eh um trabalhao! Ainda estamos em duvida sobre o bairro. Eu amo New Farm, bairro que morei por dois anos enquanto estava estudando, mas eh um pouco mais caro que o resto. Em compensacao, eh perto do rio Brisbane, de restaurantes, bares, lojas e supermercados. E, de quebra, eh perto do centro da cidade (onde trabalho) e do New Farm Park, que eu adoro. Os bairros do norte de Brisbane tambem sao otimos e mais baratos, porem, mais longe do "buchicho". Atualmente moro em Windsor, gosto daqui, mas acho um pouco distante.
De qualquer forma, nao queremos morar em um "apertamento" soh pra morar em um bairro agitado. Quero uma casa/apartamento com varanda, se possivel. Alias, aqui muita gente tem churrasqueira na varanda do apartamento... Estamos procurando atraves do site realestate.com.au - o melhor. Para quem tem curiosidade de saber como sao os imoveis daqui, tambem vale dar uma olhada.
Desculpe pela falta de atualizacao - prometo que no final dessa semana escrevo um post. Alias, jah ateh comecei: eh sobre a diferenca entre viver em uma sociedade como a Australia, com poucas diferencas entre classes sociais, e o Brasil que, bem, voce sabe...
De qualquer forma, nao queremos morar em um "apertamento" soh pra morar em um bairro agitado. Quero uma casa/apartamento com varanda, se possivel. Alias, aqui muita gente tem churrasqueira na varanda do apartamento... Estamos procurando atraves do site realestate.com.au - o melhor. Para quem tem curiosidade de saber como sao os imoveis daqui, tambem vale dar uma olhada.
Desculpe pela falta de atualizacao - prometo que no final dessa semana escrevo um post. Alias, jah ateh comecei: eh sobre a diferenca entre viver em uma sociedade como a Australia, com poucas diferencas entre classes sociais, e o Brasil que, bem, voce sabe...
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Shark in the water!
Parecia cena de filme. Estávamos sentados no canto da praia, longe da muvuca, quando um menino ruivo e sardento, de uns 13 ou 14 anos, passa por nós berrando que tem tubarão na água. A medida que o menino vai passando, as pessoas vão saindo do mar, parando na areia para olhar o dito cujo. E era muita gente, afinal, feriado de Natal e um dia lindo em Bribie Island. Fizemos o mesmo, paramos na areia e de repente vimos na água uma imensa sombra preta com uma barbatana. Caramba, é um tubarão mesmo!
De repente, um som alto ecoa por toda a praia: é o alarme-aviso de tubarão que sai do posto de salva-vidas. Uóóóóooommm uóóómmmm, estilo aqueles alarmes sobre avisos de bomba que aparecem em filmes sobre a 2a guerra mundial. Passa por nós o salva-vidas com camisa amarela e short vermelho, ícone das praias australianas, segurando um walk-talkie e andando de um lado pro outro. Todo mundo na expectativa, ninguém podia entrar na água ainda. Em seguida, um bote dos salva-vidas percorre a região, de um lado pro outro, fazendo o caminho do animal que povoa nossos sombrios pensamentos praianos.
Após um tempo, quando conseguimos ver a sombra preta mais uma vez, a surpresa: não era um tubarão não, era uma Eagle Ray – arraia imensa e preta, que quando nada o seu corpo se curva e suas nadadeiras se parecem com barbatanas. Depois de um tempo, as pessoas voltam para a água, e a vida corre outra vez.
Pois é... esse foi mais um dia de praia na Austrália!
Todo mundo sabe que ataques de tubarão são comuns aqui nessa ilha distante: a maioria das praias, aliás, tem redes de proteção para não deixá-los chegar às águas mais rasas. Mas elas não conseguem proteger 100% e os surfistas, que geralmente nadam até o fundo, são os mais afetados. Já li várias notícias sobre ataques, e inclusive já fui ao Museu do Tubarão (sim, existe um museu pra isso) lá em Airlie Beach, no norte de Queensland. As paredes do museu estão recheadas de notícias macabras de ataques e lá tem até um tubarão-branco empalhado exposto. Me deu calafrios só de ver os dentes do bicho.
No início de 2009 a famosa praia de Bondi Beach, em Sydney, teve que ter o mergulho no mar proibido pela presença de um deles – foram dois ataques em dois dias. Até aqui no Brisbane River, que corta a cidade de Brisbane, tem tubarão-martelo. Nesse site você pode encontrar os lugares com o maior número de ataques no mundo, e os estados de Queensland e New South Wales estão lá (Recife também).
Muita gente reclama que esse alvoroço todo é desnecessário e é produto da mídia, pois é praticamente impossível ser atacado por um tubarão; é muito mais fácil você morrer com um, digamos, sofá caindo na sua cabeça no meio da rua. Mas não adianta: desde que mundo é mundo as pessoas morrem de medo de tubarão, e o medo foi reforçado no famoso filme Jaws do Steven Spielberg (quem não se lembra da apavorante música-tema?).
Disso tudo, o que eu achei mais diferente foi o tal alarme e o jeito dos salva-vidas lidarem com a situação. Prometo que muito em breve eu conto sobre os salva-vidas australianos e o que eles fazem. Como falei aí em cima, eles são um símbolo da Austrália assim como os cangurus e coalas. Segundo o Aaron, os primeiros salva-vidas surgiram aqui, nas praias australianas. Mas eu ainda vou checar essa história...
Pessoas saindo da água.
De repente, um som alto ecoa por toda a praia: é o alarme-aviso de tubarão que sai do posto de salva-vidas. Uóóóóooommm uóóómmmm, estilo aqueles alarmes sobre avisos de bomba que aparecem em filmes sobre a 2a guerra mundial. Passa por nós o salva-vidas com camisa amarela e short vermelho, ícone das praias australianas, segurando um walk-talkie e andando de um lado pro outro. Todo mundo na expectativa, ninguém podia entrar na água ainda. Em seguida, um bote dos salva-vidas percorre a região, de um lado pro outro, fazendo o caminho do animal que povoa nossos sombrios pensamentos praianos.
Salva-vidas procurando o tubarão.
Após um tempo, quando conseguimos ver a sombra preta mais uma vez, a surpresa: não era um tubarão não, era uma Eagle Ray – arraia imensa e preta, que quando nada o seu corpo se curva e suas nadadeiras se parecem com barbatanas. Depois de um tempo, as pessoas voltam para a água, e a vida corre outra vez.
Esse era o "tubarão"! (foto tirada da internet)
Ah, um detalhe importante: essa mesma praia estava infestada de água-viva, a chamada Blue Bottle. Segundo o Aaron, é com essazinha aí que as pessoas deveriam se preocupar, e não com o tubarão.
A venenosa água-viva Blue Bottle.
Todo mundo sabe que ataques de tubarão são comuns aqui nessa ilha distante: a maioria das praias, aliás, tem redes de proteção para não deixá-los chegar às águas mais rasas. Mas elas não conseguem proteger 100% e os surfistas, que geralmente nadam até o fundo, são os mais afetados. Já li várias notícias sobre ataques, e inclusive já fui ao Museu do Tubarão (sim, existe um museu pra isso) lá em Airlie Beach, no norte de Queensland. As paredes do museu estão recheadas de notícias macabras de ataques e lá tem até um tubarão-branco empalhado exposto. Me deu calafrios só de ver os dentes do bicho.
No início de 2009 a famosa praia de Bondi Beach, em Sydney, teve que ter o mergulho no mar proibido pela presença de um deles – foram dois ataques em dois dias. Até aqui no Brisbane River, que corta a cidade de Brisbane, tem tubarão-martelo. Nesse site você pode encontrar os lugares com o maior número de ataques no mundo, e os estados de Queensland e New South Wales estão lá (Recife também).
Muita gente reclama que esse alvoroço todo é desnecessário e é produto da mídia, pois é praticamente impossível ser atacado por um tubarão; é muito mais fácil você morrer com um, digamos, sofá caindo na sua cabeça no meio da rua. Mas não adianta: desde que mundo é mundo as pessoas morrem de medo de tubarão, e o medo foi reforçado no famoso filme Jaws do Steven Spielberg (quem não se lembra da apavorante música-tema?).
Disso tudo, o que eu achei mais diferente foi o tal alarme e o jeito dos salva-vidas lidarem com a situação. Prometo que muito em breve eu conto sobre os salva-vidas australianos e o que eles fazem. Como falei aí em cima, eles são um símbolo da Austrália assim como os cangurus e coalas. Segundo o Aaron, os primeiros salva-vidas surgiram aqui, nas praias australianas. Mas eu ainda vou checar essa história...
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