segunda-feira, 29 de março de 2010

Dica de filme australiano: All My Friends Are Leaving Brisbane

Ontem a noite vi uma comedia-romantica bonitinha que retrata Brisbane de forma bem light, toda filmada com atores locais.

Alem da historia bem sessao da tarde do casalzinho-melhores-amigos-que-nao-sabiam-mas-que-sempre-foram-apaixonados-e-que-no-final-ficam-juntos, o filme tambem mostra as paisagens, os icones e, acima de tudo, como eh a vida dos vinte-e-poucos anos Brisbanites (sim, se eu sou carioca, eles tem esse nome). Ah, e jah adianto: conversas em varios parques da cidade, cerveja com pub jogando sinuca, festinhas regadas a muita birita, almocos com takeaway no Jardim Botanico da city que fica ao lado da universidade QUT, a Story Bridge, Kangaroo Point (a garota personagem principal mora lah) e ateh as casas lindas de New Farm (o "amigo" dela mora na Moray St que em 1993 ganhou uma eleicao de "melhor rua para se viver da Australia" e fica pertinho aqui de casa). E claro, como eu nao poderia deixar de falar jah que eh justamente o titulo, o filme mostra todos os amigos da menina-amiga-amor debandando de Brisbane para ir morar em Londres (ou estao lah, ou vao em breve).

(momento parenteses: todos os cidadaos australianos entre 18 e 30 anos podem morar por 2 anos legalmente na Inglaterra, e melhor, dentre esses 2 anos eles podem trabalhar legalmente e por tempo integral por um ano - e eh claro que todo mundo vai neh).

A personagem principal, jah de saco cheio do trabalho, de estar perdendo as amigas pro casamento ou pra Londres, achando Brisbane boring, fica na duvida se fica em Brisbane ou chuta o balde e vai viajar tambem. Mas aih rola aquele momento "helloooo, eu amo o Michael e sempre amei".

Ih, to contando tudo neh? Dah uma olhadinha no trailer aih embaixo.



E olha soh o que estah escrito no media kit do filme:

All My Friends are Leaving Brisbane is a story about people leaving home in their twenties, working out what they want their lives to be like. Anthea (a personagem principal) is unsure as to wheter she should travel to London or stay in her home town in her safe, unsatisfactory job (jah vi esse filme rs).

Most young Australians migrate in their 20s. Wheter is to a big city, a bigger city or overseas, it is a part of the nature of young Australias to want to see the world (isso eh verdade, o Aaron mesmo morou 2 anos em Londres e eh raro voce conhecer alguem que nao morou lah - se nao morou, vai morar, que eh o assunto do paragrafo aih debaixo).

The film describes first and second wave travalers. Tyson says he was a "first wave" traveller; he went overseas when he first left school, slummed around working in bars and returned for uni (o tao famoso ano sabatico que, na minha humilde opiniao, deveria ser instituido e praticado em todos os paises do mundo). Jake is a "second waver". He went overseas as a young professional to a well paying job in London.

It's very Australia to conquer the tyranny of distance and satisfy curiosity (lembre-se, a Australia eh um dos paises mais isolados do mundo). People in their twenties test themselves, explore possibilities and make big decisions about the shape of their future. This is a story set in that ordinary but very high stakes world.

O filme foi feito em tres semanas e com um budget de apenas 42.000 dolares. Nao eh o melhor filme do mundo nao, mas vale a pena para quem quer descansar os neuronios, dar umas risadinhas e conhecer um pouco mais sobre Brisbane e sobre "o jeitinho" da juventude australiana.

sábado, 27 de março de 2010

Sabadao com feijoada e Brasil na TV australiana

(sorry, teclado sem acento)

Com um chef em casa e uma loja que vende produtos brasileiros aqui perto (Pennisi distribuidores), saca soh como foi o nosso sabado:

Entrada com pao-de-queijo. Todos os australianos que conheco que provaram amaram.

Quem diria, a melhor feijoada que jah comi foi feita por um australiano. E nao estou exagerando! ;-)

Pena que nao se vende feijoada em quase nenhum lugar de Brisbane - soh conheco um lugar na Elizabeth Street, no centro, que vende toda sexta-feira mas nao chamo aquilo de "feijoada", jah que tem soh linguica e eh bem aguada (sem graca). A familia do Aaron ama, acho que cada um repetiu pelo menos duas vezes e todos levaram uma quentinha pra casa...

Agora soh falta a rede...


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Mudando de assunto, estava aqui zapeando pelos canais de TV e acabei de me deparar com o filme Cidade dos Homens , legendado em ingles, no canal por assinatura chamado 'World Movies' da Foxtel. Eh sempre uma surpresa ouvir portugues na TV daqui. Alias, o seriado Cidade dos Homens tambe jah passou aqui na Australia, esse no canal aberto SBS que eh um canal multicultural com programacao de varios paises do mundo. Nesse canal eh comum aparecer jornal da Grecia, filme da Islandia, novela de Mocambique, enfim, tem de tudo. Muito legal a iniciativa e nao temos nada parecido no Brasil.

Outro dia falo um pouco mais sobre esse e os outros canais australianos, enquanto isso, veja o que diz no site da SBS:

SBS: what’s the story?

SBS was founded on the belief that all Australians, regardless of geography, age, cultural background or language skills should have access to high quality, independent, culturally-relevant Australian media.

The multiple language programs available through SBS Television, Radio and Online ensure that all Australians, including the estimated three million Australians who speak a language other than English in their homes, are able to share in the experiences of others, and participate in public life. The quality of our programs and the multiplicity of our viewpoints come from the freedom we have to draw on the best of all cultures for our programming.

Bem, depois de tanta feijoada, vou lah deitar no sofa e ver o filme. Amanha escrevo mais!

sábado, 20 de março de 2010

Ciclone no pacifico chega amanha a Australia

Amanha de manha (domingo de manha na Australia, sabado a noite no Brasil) o fortissimo ciclone Ului passara entre a cidade de Mackay e Townsville, ao norte de Queensland. Todas as cidades ali perto estao em estado de alerta e o local eh o caminho classico de ciclones na Australia. Varios jah passaram por ali e o estado de Queensland todo ano sofre com ameacas de ciclone tropicais entre novembro e abril.


fonte aqui

Apesar da imensa maioria dos impactos diretos do ciclone ocorrerem ao norte do estado, muitas vezes acontecem reflexos ao sul tambem, principalmente pelas imensas ondas e chuvas que eles provocam.

Para dar um exemplo tragico do efeito desse ciclone ameacador que estah a caminho da Australia, ontem um menino de 19 anos, salva-vidas, morreu durante o campeonato Australian Surf Life Saving Championships na praia de Kurrawa, em Gold Coast. Segundo o jornal, o garoto, chamado Saxon Bird, tambem surfista profissional, encontrou um mar fortissimo pela frente e caiu na agua enquanto estava remando o seu caiaque, e o seu proprio caiaque bateu em sua cabeca, com isso ele afundou insconsciente. Apos intensa procura, soh o acharam uma hora depois do episodio, jah morto. Segundo a mae dele, suas ultimas palavras foram "I don't want to do this" (participar do campeonato, jah que as ondas estavam enormes). Deu no que deu.

Quando eu cheguei aqui pela primeira vez em 2006 lembro que fui no supermercado e o quilo da banana estava 16 dolares. "Como assim??!", perguntei pra uma funcionaria do supermercado. "O motivo eh o ciclone que acabou de passar no norte de Queensland destruindo diversas plantacoes de banana" (e como a Australia nao importa a fruta de outros paises devido a quarentena, o preco aumenta).

Nesse final de semana uma colega do trabalho ia para Airlie Beach, bem no caminho do ciclone, mas a operadora de turismo cancelou a viagem dela. Para voce ter uma ideia, sao esperadas ondas de ateh oito metros nesse que parece ser um dos ciclones mais fortes dos ultimos anos. Nesse link voce pode acompanhar ao vivo, via satelite, a trajetoria do ciclone. Agora eh soh esperar, rezar e se proteger.

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Atualizacao (domingo de manha): o ciclone passou pela costa hoje de manha e, segundo o jornal, os danos foram moderados. No momento 60.000 casas estao sem energia eletrica, os aeroportos da regiao estao fechados, barcos foram destruidos e mihares de casas foram danificadas mas nada muito grave. Segundo testemunhas, o barulho do ciclone foi aterrorizante - parecia o som das turbinas de um aviao jumbo. De qualquer forma o governo ainda esta tentando descobrir qual foi a extensao real do ocorrido.

terça-feira, 16 de março de 2010

Comida na Austrália

Vou explicar em duas palavras como é a comida típica australiana: não existe.

Sim, isso aí: não existe. Existe comida inglesa, francesa, italiana, alemã, muita comida asiática, em alguns lugares latina, americana... mas australiana de carteirinha, isso não existe não. Como esse é um país muito novo e tão multi-cultural, com gente de todos os lugares do mundo compondo uma nação, é difícil falar que qualquer coisa é tipicamente australiana. Algumas pessoas chamam de cozinha “moderna australiana” os restaurantes mais contemporâneos que oferecem um toque diferente às cozinhas de outros países. Mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido até chamar isso de “comida australiana”. Quem sabe daqui a uns 50 anos (ou até antes) isso muda? Ou, seguindo as previsões de muita gente, a Austrália vira mesmo parte da Ásia e o mix de comidas asiáticas viraria a típica “comida Australiana”? Bem, quem viver verá.

Existem sim muitos lanches ou sobremesas (quero dizer, não refeições) como bolos e tortas que são tipicamente australianos e eu já falei sobre alguns deles nesse post. Vale lembrar que a principal refeição dos australianos é o jantar, ao contrário do Brasil que é o almoço. E café-da-manhã aqui também é diferente, como já falei nesse post.

Ah, antes de entrar mais no assunto, não se engane: o restaurante Outback (tem no Rio e em São Paulo) não oferece comida australiana e sim, americana. Nem tem Outback na Austrália e nunca ninguém viu aquela Blooming Onion.

A comida na Austrália tem, obviamente, muita influência britânica – a chamada “old school australiana” seria com: fish and chips (peixe frito com batata frita), assados (peru, frango, rosbife – quem vem das palavras roast e beef), chips and gravy (batata frita com um molho meio amadeirado), pure de batata, ervilha e milho (o povo aqui ama ervilha e milho, ama!), cordeiro (tem lamb em quase todos os cardápios). Outra coisa que eles adoram e que faz parte da cultura é, assim como no Brasil, o churrasco (lembrando que a Austrália é o segundo maior exportador de carnes do mundo atrás apenas do Brasil e que o churrasco deles tem muita linguiça, as famosas sausages).

Fish and Chips: super light né... é o arroz com feijao australiano.

O que também tem muito aqui são frutos do mar, o que não é difícil para um país-ilha onde a maior parte da população vive no litoral. O salmão da Tasmânia é um dos mais apreciados do mundo, além de vieiras, mexilhões, ostras, camarões... Camarão é um capítulo à parte, pois ceia de Natal que se preze sempre tem um balde de camarão VG cozido e frio com casca, e cada um tem que descascar o camarão que for comer (odeio esse ritual de ficar cheirando a frutos do mar, mas fazer o quê né).

Outra coisa que tem demais, em cada esquina, é algum fast food (mas nao sei se isso se encaixa na categoria "comida"): McDonalds, Hungry Jacks (o Burger King é chamado assim pois o nome ja tinha dono quando a cadeia chegou na Australia). Kentucky Fried Chicken, Subway, Domino's Pizza, Nando's (essa nao tem no Brasil mas é uma cadeia mundial com comidas que tenham frango), etc. E fast food aqui é super barato, uma promocao do McDonals (que australiano chama de Macca's) custa uns 8 dolares, enquanto no Brasil esta quase 20 reais.

Em Brisbane também tem alguns restaurantes de comida italiana mas menos do que tem no Brasil. Em Melbourne tem mais já que existe uma comunidade enorme de italianos (tem até uma rua dedicada à Itália cheia de restaurantes por lá). Tem dois restaurantes de comida italiana aqui em Brisbane que eu gosto muito (já trabalhei nos dois rsrs): o Vespa Pizza e o Arriva. A pizza deles tem a base fina e crocante como a nossa (momento parenteses: mesmo a comida sendo boa, nao va ao Arriva, aquela italianada é o povo mais grosso e sem educacao que eu ja vi na vida!).

Comida latina tem a mexicana (não muito), mas é raríssimo de encontrar alguma coisa dos outros países. Brasileira então, dificilímo (que eu saiba só existia um restaurante brasileiro em Brisbane – o Brazilian Touch – e a comida de lá era horrorosa, ainda bem que o restaurante fechou há alguns meses). Mas se quiser comprar feijao preto, Guarana Antartica, pao de queijo e otras cositas, basta ir no Pennisi na Balaclava St aqui em Brisbane e fazer em casa. Ah, e no último ano virou um pouco de moda a cozinha espanhola e abriram dois restaurantes em Brisbane, mas nada muito grande, a onda está só começando e não sei se vai durar.

Outra coisa que aqui tem muito é o famoso Kebab, que é um espetão de carne ou frango onde eles raspam a carne em pedaços e servem em um pão árabe com salada (já comi muito depois da balada na época de solteira, é uma delícia mas só Deus – ou melhor, Alá – sabem o que vem nessa carne).

A carne do kebab vem nesse espetao, o atendente raspa e a carne cai dos lados...

E assim é feito esse sanduiche.

O que tem muito por aqui, mas muito MESMO é comida asiática e suas variações (pra mim é o que salva aqui na Austrália): tailandesa, indiana, vietnamita, nepalesa, tibetana, chinesa, japonesa, tem até restaurante com comida do Himalaia por aqui. Qual é a diferença? Bem, chinesa e japonesa não vou explicar pois tem muito no Brasil e quem lê já sabe. Se bem que a comida japonesa aqui é um pouco diferente: além do sushi e sashimi de sempre que vemos no Brasil, também tem muito um formato de um sushi mais longo (não cortado) que as pessoas vão mordendo e comendo com a mão. Tem muito restaurantezinho pequeno que vende sushi no centro de Brisbane, e como é relativamente saudavel, é uma das comidas mais comuns do pessoal que trabalha em escritorio (eles pedem pra viagem e comem no trabalho ou em algum parque). Eu como esse sushi pelo menos umas duas vezes por semana, custa $ 2,20 cada um e com tres deles voce fica satisfeito.

Essa é a cara do sushi que se come com a mão e mordendo.

Quanto as outras comidas asiaticas, aqui vai uma brevissima explicacão:

Indiana: bem mais pesada e gorda, com muito curry, cores fortes, pão. Brisbane está infestada de restaurante indiano – só nessa Brunswick St, rua perto da minha casa que seria a Visconde de Pirajá de New Farm/Valley, deve ter uns cinco indianos.

Vietnamita: muitos vegetais, mais sopas com noodles, verdes. Mais leve que a Thai. Um restaurante que adoro aqui em Brisbane é o West End Quan Thanh, a comida é otima e o preco é barato.

Tailandesa: muito coco, curry e mistura de doce com salgado. O Pad Thai é o prato mais conhecido. Um dos meus restaurantes preferidos em Brisbane é o Thai on Brunswick, na Brunswick St, a dois quarteirões de casa. Pra voces terem uma ideia, custa cerca de 15 dolares cada prato (para um casal com entrada e bebida fica em 40 a 50 dolares por refeicao). Fui lá na sexta passada e ontem, segunda (acho que é o restaurante que mais frequento aqui em Brisbane), dá uma olhada em alguns pratos:

Yellow curry de frango.

Stir fry de carne.


Pedi pro Aaron, já que ele é chef, me falar um pouquinho da diferença entre a comida australiana e brasileira:

Australia doesn’t really have a traditional cuisine like French or Italian. Australia is a young, very diverse and multi-cultural country, the food here is based in other countries food. Brazilian food is traditional, derived from somewhere but they have their own peculiar food.

The majority of the menus have the same thing: three same salads (Ceaser, green and a green with something like, let’s say, a lamb or chicken), a pasta dish with meat (like Pesto chicken was a huge thing from the 90s to 2005, 2006), lamp or steak with chips and salad... Here is very standardized and if you want something different try Asian food because the rest will have very similar menus.

While in Brazil I missed affordable lamb (too expensive there), fresh seafood (he also thinks Chilean seafood is better) and Australian beef which is one of the best in the world. The food in Brazil is very simple but well done (basic presentation but the flavour is there). Portions in Brazil are larger. Pizzas in Brazil are better, they really know how to make a pizza well and they are not afraid of trying different flavours. Oh, and of course, the Pastel de Camarao com Catupiry at BB Sucos was just the best, you can't find something like it here.

Bakeries in Brazil are unbelievable. In Australia there are a few small bakeries which can be good but almost all are like McDonalds, they all use the same flour, same products. The bakers do a bakery course and think they know how to bake but there is no passion there.

Overall I think the main difference between Brazil and Australia is knowledge and ability. Australians have knowledge and don’t have ability. Brazilians in the kitchen – at least the ones I worked with – want to show they can do a good job and learn. Some Australians go to the kitchen and call themselves a chef just because they did a course. Now we have this whole generation in Australia that don’t know really how to be a chef (ele está falando do programa de imigração – que acabou de ser cancelado mas que durou uns 5 anos – que despejou milhares de “chefs” no mercado que não queriam saber de cozinha e sim, somente de visto de permanência australiano). In Brazil it seems they are more proud of the food, they learn, they take in.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Crimes aumentam no sudeste de Queensland

Não se engane não, quem acha que não existe crime na Austrália está muito enganado. Existe sim, claro que muito menos do que no Brasil, mas infelizmente o número aumenta a cada ano.

Amanhã o jornal de Brisbane The Courier Mail vai publicar um estudo que mostra o crescimento da criminalidade no sudeste de Queensland. A matéria de hoje diz que os números aumentaram muito no último ano, e já ouvi e li muitos casos de casas roubadas – acontece muito de roubarem laptop, já ouvi falar que tem uma “gang” especializada nisso. Eu mesma já tive meu laptop roubado dentro de casa há dois anos (mas tenho uma forte suspeita que foi o nosso drogadinho ex-flatmate que, obviamente, foi devidamente expelido de casa após o episódio - não só por isso).
Estou curiosa pra ler a matéria de amanhã, vão mostrar o índice de criminalidade em cada bairro. Já adianto que o maior número de ocorrências acontece em Gold Coast, no centro de Brisbane e em Fortitude Valley (que fica perto da minha casa e que é o bairro das ‘baladas’).

Só no último ano os casos de abuso sexual cresceram 33% em Brisbane. Em um bairro chamado Holland Park só no ano passado ocorreram 16 estupros, contra três do ano anterior.

Bem, aumenta mas segundo o Wikipedia, o índice de homicídios por 100 000 habitantes no Brasil é 25,7, e na Austrália, só 1,28. Olha que vergonha a cor do nosso Brasil aí embaixo:

Depois que a matéria for publicada escrevo mais sobre o assunto.

Nesse final de semana vou publicar um post sobre Comida na Austrália, aguarde!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Entrevista: impressões de Gisele, carioca que vive em Melbourne

Gisele Rocha é carioca, tem 26 anos e mora há três em Melbourne com o maridão australiano Luke. Quando morava no Rio ela era professora, mas sua atual ocupação é de chefe administrativa na Universidade de Melbourne. Ela é moderadora de uma das melhores fontes de informação sobre a Austrália na internet: a comunidade Aussileiros do Orkut, que participo desde 2006 quando comecei a procurar informações para vir morar aqui. Sempre lia os comentários dela e ficava bem impressionada com o seu bom-senso e paciência. Trocamos o primeiro email no início de 2008, quando pedi algumas informações (que ela pacientemente respondeu) e, desde então, sempre trocamos emails e finalmente nos conhecemos ao vivo há três meses atrás quando ela veio visitar Brisbane.

A convidei para a entrevista pois tinha certeza que ela poderia dar uma boa noção sobre a Austrália para quem não conhece (e para quem conhece também) – e eu estava certa, como você poderá conferir abaixo.

Como e por que começou a sua “relacão” com a Austrália?

Minha relação com a Austrália começou em 2000, quando uma amiga e eu recebemos na porta da faculdade um folheto da STB com programas de intercâmbio em varios países. Lembro dela falando, "Seria ótimo estudarmos um tempo lá, não acha? Praia e faculdade todos os dias, imagina!" Só lembro de ter respondido que não, Austrália não; não precisava ir tão longe e pagar tão caro para ver praias bonitas. Temos que lembrar que há dez anos atrás quase não havia propaganda sobre a Austrália no Brasil, por isso a minha observação esteriotipada do país: terra do surf, das pessoas bonitas e das praias que são palco do WCT. Depois de alguns anos o destino pregou uma peça em mim... Viajando na Argentina, conheci um menino australiano.Ficamos amigos, nos reencontramos no próximo ano e o resto, bem, o resto é história.

O que te fez mudar do Brasil para a Austrália?

A minha mudança à Austrália se deu por razões familiares. Depois de várias idas e vindas minhas à Australia e do meu então namorado ao Brasil, resolvemos que seria melhor viver no meu país. Infelizmente, não deu certo - depois de alguns meses morando no Rio de Janeiro, de onde sou, decidimos voltar à Austrália.

Quando você chegou na Austrália, você achou o país muito diferente do que você inicialmente imaginava?

Na primeira vez que vim de férias eu fui à Sydney, Melbourne, Gold Coast e Byron Bay. Lembro de não ter achado Sydney tão impressionante quanto pensei que fosse ser. Eu achei parecida com algumas cidades que tinha visitado nos Estados Unidos – tudo muito grande, espalhado, muito trânsito, pouco verde. Confesso que fiquei um pouco decepcionada. Claro, achei a parte das praias linda, mas acho que as praias daqui não causam tanto furor para uma pessoa que viveu no Rio de Janeiro a vida toda - estamos acostumados com este tipo de paisagem. Depois, fui à Melbourne, de onde meu marido e sua família são. Fiquei apaixonada –a estrutura urbanística da cidade é fantástica, com várias áreas comunais, menos prédios altos, mais áreas verdes e um ar meio alternativo-chic. Não podemos comparar as praias de Melbourne com as de outras cidades na Austrália porque Melbourne está numa baía. Para ver as praias lindas de Victoria, você tem que dirigir até a Great Ocean Road (onde fica Bells Beach, por exemplo) ou então até Sorrento ou Portsea, pelo menos.

Quando vim morar, a perspectiva sobre o país mudou completamente – ainda amava Melbourne, mas a visão da cidade não era mais a de turista. Cheguei no inverno, e inverno aqui é bem frio! Para as pessoas terem uma idéia, tem estação de esqui a duas horas do centro de Melbourne. A máxima no dia é em torno dos 13 graus, mas com o vento a sensação térmica cai bastante. Enfim, foi um choque muito grande em todos os aspectos: climático, cultural, pessoal. No início tive muita relutância em aceitar que as coisas são diferentes do Brasil, questionava o porquê de tudo, me sentia frustrada. Ter que reaprender tudo, desde pegar ônibus até entender a dinâmica de relacionamentos sociais é cansativo. Mas depois de um tempo, fui me acostumando, aceitando e apreciando as diferenças e hoje me sinto totalmente integrada à sociedade.

O que você mais gosta na Austrália?

Tem várias coisas, mas vou listar as minhas favoritas:
- O respeito ao indivíduo. O australiano tem como princípio básico o “fair go”, que é definido como a chance que todos devem ter de tentar algo, e ser dado os recursos para tal. Aqui os cidadãos têm acesso à educação, cultura, lazer, saúde. Claro que temos vários problemas estruturais, mas há uma preocupação para que todos possam ter os direitos básicos atendidos de maneira decente. É uma preocupacão não só do governo, mas também dos indivíduos. A sociedade no geral preza pelo bem-estar comum e os australianos não gostam de tirar vantagem de tudo, muito menos de todos.
- A baixa diferença salarial. Com o passar dos anos tem aumentado, mas ainda é baixa se compararmos ao Brasil. Isso gera menos conflito social, menos violência, uma sociedade mais harmoniosa.
- O respeito ao meio-ambiente. Antes de uma construção ser aprovada, você tem todo um estudo do impacto ambiental que vai causar, inclusive da poluição visual. A populacão é educada para viver em harmonia com a natureza, até porque somos parte dela. Por exemplo, meu trabalho fica perto de uma área de preservação ambiental e ás vezes da minha janela vejo árvores silvestres, raposas, entre outros animais. E olha que estou só a dez minuto do centro de Melbourne!

E o que você menos gosta?

Vamos lá:
- Sistema de transporte. É bom se você mora perto da estação de trem ou parada de bonde, caso contrário você precisa de carro para tudo. Não gosto de ter que depender de carro, mas às vezes tenho que ir à lugares que não têm acesso à transporte e sou obrigada a dirigir.
- O preço dos imóveis. Acho proibitivo. Parece que os australianos vivem em função de pagar hipoteca. Os salários são maiores, mas ainda sim uma pessoa sozinha num salário mediano não consegue pagar a prestação de um imóvel de dois quartos, por exemplo.
- Distância para outros países. Do Rio você está na Argentina, Peru, Chile, Uruguai a algumas horas de voô. Aqui, tirando Nova Zelândia, pelo menos seis horas para algum outro lugar!

O que você mais sente falta do Brasil?

Além da família, comida e amigos, sinto falta da paixão das pessoas. Sim, nós latinos somos muito “inflamados” e mostramos isso nas nossas interações sociais. Uma discussão entre amigos parece uma briga para australianos – eles não entendem que defendemos nossos pontos-de-vista com unhas e dentes e que não há problema algum com isso. Aqui as pessoas ficam mais em cima do muro, o conflito não é algo muito apreciado pelos australianos. Às vezes eles nos acham “opinionated”, ou seja, expomos até demais nossa opinião quando não deveríamos. Também sinto falta da musicalidade – respiramos música, faz parte de nós. Você vai à festa de aniversário de criança e muitas vezes não tem nada tocando.

O que o Brasil pode aprender com a Australia e vice-versa?

O Brasil poderia aprender com a Austrália a ter relações sociais e trabalhistas mais igualitárias. Muitas vezes eu acho engraçado brasileiros que vêm para cá e não se importam em trabalhar de faxineiros, babás, motorista (ou com os próprios eufemismos usados por eles: cleaner, baby-sitter e driver, pois soa menos braçal) já que a remuneração é decente e são tratados de igual para igual. Mas no Brasil, essas mesmas pessoas jamais pensariam em pagar R$25/hora às suas faxineiras, por exemplo. E não conseguem perceber que toda essa exploração que temos no nosso país gera instabilidade social, e acaba desencadeando violência.

Já a Austrália poderia aprender a ser mais flexível – às vezes as regras são seguidas à risca, e tudo o que é demais pode ser ruim. E também apreciar mais a companhia dos amigos e família; ao meu ver o foco é tão grande em trabalho, acúmulo de bens, que o lado social fica um pouco de lado. Por último, os australianos poderiam se abrir mais com os amigos e família – vejo que muita gente fica com medo de se abrir emocionalmente e ser visto como “fraco”.

Você pensa em voltar a morar no Brasil? Se sim, quando?

É uma pergunta difícil. Muitas vezes eu sinto vontade, principalmente quando vejo fotos de amigos brasileiros que retornaram e estão bem, felizes. Porém, entendo que estar longe ajuda a criar uma realidade que não existe, onde tudo é perfeito; recentemente visitei minha família e senti que a minha cidade (Rio) não condizia mais com os meus planos de vida, que ela não poderia proporcionar o que desejo: paz, segurança, estabilidade profissional. Hoje corre tudo como o planejado, então não tenho planos de retornar ao Rio num futuro imediato. Logo eu, que há dez anos atrás se recusou a fazer um intercâmbio na Austrália...

Gisele na Flinders Lane, rua no centro de Melbourne.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Notícias do terremoto no Chile

Não é sobre a Austrália, mas como este blog tem um correspondente internacional no país (meu irmão), eu achei que valeria publicar as palavras dele sobre o terremoto no Chile (que confio muito mais do que qualquer matéria sensacionalista dos jornais).

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Santiago se comportou muito bem no terremoto, realmente fiquei impressionado. O prédio do banco (onde ele trabalha) é novo, e muito seguro, não teve nenhum problema. É até melhor que eu trabalhe no térreo pois assim sinto menos as réplicas, quem está nos andares mais altos realmente não fica tranquilo, os edificios se mexem muito e são feitos para isso. Se fossem estáticos se quebrariam em qualquer tremor de terra.


Ontem teve 2 réplicas fortes, de 6 graus, e vai continuar tendo por pelo menos uns 2 meses, mas a tendência é que cada vez sejam com menos intensidade. Esses "terremotinhos" são normais, e só afetariam as construções com danos estruturais. Todos os prédios aqui são construídos com o código de obras implementado principalmente depois do terremoto de 85, que foi bem menor que esse (7.7°). Pela força do terremoto, em qualquer outro país os mortos estariam na casa das centenas de milhares.

Em Santiago nao caiu nenhum prédio, só em Concepción caiu um. Claro que aqui tem uns 10 edifícios que tiveram que ser desalojados e provavelmente serão demolidos, mas nao caíram. E lá em casa não aconteceu absolutamente nada. A vizinhança inteira aguentou bem, no meu caminho de casa pro trabalho não tem nada que pareça que 5 dias atrás teve um terremoto de 8° (8,8° no Sul).

Depois dessas cenas dantescas dos saques em Concepción, a coisa lá está controlada, e a ajuda chegando. Aqui em Santiago por todas partes é impressionante o movimento de solidariedade, de ajuda pros afetados, como aconteceu logo após o terremoto, quando vizinhos que nem conhecíamos se preocupavam em como estávamos. Sempre vi tranquilidade, não vi nenhuma cena de desespero.

O meu sogro foi anteontem pro Sul "resgatar" a minha sogra, foi de ônibus e chegou sem problemas, a estrada está com alguns desvios mas não está interrumpida. A Mafalda já está há 3 dias com água, luz e na casa não houve nada, apesar de estar perto do epicentro.

Lá em casa ontem voltou a Internet, TV a cabo e o telefone, assim já estou com comunicação. E depois desse terremoto, a placa já liberou energia suficiente para que por muitos anos não aconteca outro terremoto tão forte. Fora que a falha fica no litoral, entao Santiago nunca vai estar a menos de 100 kms do epicentro. Então teremos várias décadas de tranquilidade.

Depois de 5 dias que começamos realmente a dimensionar o acontecido. Ninguém do trabalho, conhecido ou da família da Paula sofreu nada. Só um casal de amigos que mora em Santiago mas é de Constitución, a cidade com mais mortos, que está com a familia lá desabrigada, mas viva.

Aqui no banco atendemos um monte de brasileiros que ficaram impossibilitados de voltar. A maioria bem tranquila, pensando que agora tem história para contar aos netos. Uma pequena minoria histérica, mas nada que um par de tapas na cara não os façam voltar a razão.

Assim temos total certeza de que estamos seguros. Na 2a feira, quando cheguei ao banco e pude entrar na Internet, realmente me deu raiva alguns jornais brasileiros dizendo praticamente que Santiago estava em pânico, com destruição por toda parte. Noticia ruim é que vende. Estamos muito bem, foi só um bom susto.

Bom, o terremoto realmente foi e está sendo uma calamidade mais que absurda, um verdadeiro desastre, mas o Centro-Sul do país e principalmente esse litoral é que está nesse estado de calamidade. Ocupados pelo exército, com toque de recolher, sem servicos básicos... Constitución, uma cidade de 50 mil pessoas, está com 70% destruído, por exemplo. Santiago, apesar do aeroporto complicado, alguns viadutos que caíram, uns 30 mortos, edifícios interditados, realmente não se compara com o que houve no Sul.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Humor Australiano: Curtas

Coletânia de algumas gracinhas ouvidas por mim. Repare no cinismo e humor seco e sarcástico.

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Email de um colega de trabalho que vai sair da empresa desmarcando o encontro pra jogar golfe que teríamos na sexta-feira:

Hello all,


My wife and I will not be seeing each other for 4 or 5 months while I get things organised in Dubai. She is therefore demanding that I spend time with her this weekend rather than hitting golf balls and drinking beer on Friday night. I think it is quite unreasonable but have lost the argument.
Regards,
Wayne

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Resposta de outro colega de trabalho quando eu disse que só poderia tirar a foto dele na semana seguinte já que estava sem a máquina fotográfica:

- That’s sad ‘cause I’ll be older then.

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Uma vez por mês, na sexta-feira, aqui no trabalho eles esvaziam a geladeira e jogam tudo que tem dentro fora. Eu, vendo a geladeira cheia de coisas às 2 da tarde de sexta, comentei com um colega de trabalho:

- I wonder if people remember that they will empty the fridge today.
- Don’t worry, they will remember on Monday morning.

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Outra no trabalho: um brasileiro que tinha passado duas semanas no Brasil voltou para o escritório na Australia e saiu cumprimentando todo mundo pelo no caminho, e a secretária estava junto pois iria indicar a mesa nova dele. Comentário da secretária:

- C’mon c’mon social butterfly!!

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Comentário do meu chefe quando descobriu que o veículo de comunicação preferido dos funcionários é o email:

- Yeah so they can delete.

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Título do terceiro email enviado (sobre o mesmo assunto, mas os primeiros vieram com erro) pela área de comunicação para todos os funcionários da empresa :

- XXXX (assunto)... the saga continues...

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Essa eu vi em um programa de TV sobre reformas em casa, era de um casal australiano de idosos sendo entrevistado:

- Well I’ve dreamed the whole night about how our house would be, the painting, the lounge room, I even thought about some things we can change here and there. I actually thought about it the whole night. What about you baby?
- I was unconscious.

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Jogando vôlei, um menino jogou a bola pra cima e, sem controle, a bola foi pra frente, quando ele deu outra manchete a bola foi pra frente de novo e ele andando atrás da bola. De repente um grito lá de longe:

- Keep going! Keep going!

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Essa eu acabei de receber no trabalho na forma de um email com o título "Thought of the Day":

Fact of Life: After Monday and Tuesday even the calendar says W T F..

Nota: Pra quem não sabe, WTF significa "What The Fuck".

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E você, lembra de alguma?

terça-feira, 2 de março de 2010

Rapidinhas Climáticas

 
(aqui)

  • No domingo de manhã, logo após o terremoto do Chile, as praias do leste australiano tiveram um alerta de tsunami devido as ondas que poderiam ter se formado do lado de lá do Pacífico. Foi apenas uma precaução já que, no final, nada aconteceu. Até o campeonato de surfe que estava rolando em Gold Coast com a participação de Kelly Slater, Mick Fanning e cia teve que ser interrompido.
  • Para os que me perguntaram, meu irmão e família que moram em Santiago estão bem. Apesar do susto, nada aconteceu na casa deles e na vizinhança está tudo relativamente normal, com supermercados e transporte funcionando. Nunca faltou luz e água, e eles estão “apenas” sem telefone, TV à cabo e internet.
  • Chove sem parar desde sexta-feira passada em Brisbane e no sudeste de Queensland. O final de semana foi regado ao som de chuva, com muito jornal, filmes e preguiça. Ótimo, pois não aguentava mais aquele calor úmido de Brisbane. O tempo ruim só acaba na semana que vem.

segunda-feira, 1 de março de 2010