domingo, 8 de agosto de 2010

Voltei!

(teclado sem acento)

Depois de um longo tempo sem escrever (uma vergonha, eu sei), aqui estou de volta, sa e salva! Queria pedir desculpas pra quem procurou post que nao tinha, mas confesso a voces que, assim como jah tinha falado nesse post aqui de muito tempo atras, nao sou muito fa de "prazeres que viram obrigacoes". Claro que prezo muito os leitores, mas acima de tudo, o blog deve ser um hobby que tenho para quando estou com vontade, animada, descansada, feliz... E, nos ultimos tempos, a ultima coisa que estou eh descansada. Trabalhando demais da conta, isso sim. Chego em casa e meu unico "prazer" eh tomar uma taca de vinho, ver TV e dormir, para no dia seguinte fazer a mesma coisa. Quando o final de semana chega soh quero ou viajar ou nao fazer nada, menos conectar a internet.

Fraturei meu pe enquanto jogava volei e ha 4 semanas nao jogo. Faz uma diferenca viu! Quanto mais ativo se estah, mais se fica, eh um saudavel ciclo vicioso... e quando mais na esbornia e na preguica se estah, mas se continua, jah perceberam? Nos ultimos tempos estou mais pra segunda opcao. Daqui a pouco volto pra primeira - assim espero. E assim o blog volta a ser ativo e operante como sempre foi.

Bom, chega de conversa fiada, vou falar um pouco sobre a Australia e o que tem rolado por aqui. Como fiquei um tempao sem escrever, vou fazer aquele post com um pouco de tudo. Vamos lah:

  • Hoje fui no cafe da manha do Hilton hotel, comemorar o aniversario de uma amiga. 38 dolares pra comer ateh cair. Sao 3.15 da tarde e eu ainda estou sem fome. Serio, eh um absurdo de comida: bacon, ovos, salmao defumado, croissants doces e salgados, sucos naturais (mas aqui voce que faz o seu... tem uma centrifuga - eh esse o nome? - em cima da mesa e ao lado, varias frutas. Voce coloca a fruta lah e faz a sua propria mistura), omelete feito na hora, cogumelos, hash browns (tipo uma batata roesti frita, essa tem ateh no McDonalds). Minhas arterias devem ter adorado.
  • Semana retrasada fui acampar mais uma vez. Uma delicia. Ficamos em uma fazenda ao lado de Maleny, que eh uma regiao linda de Queensland a cerca de 1.5 hora ao norte de Brisbane. O caminho eh bem agradavel, com um verde mais verde, menos amarelado (parece ateh um pouco com Itaipava, regiao serrana do Rio). Comida, fogueira, mais comida, friozinho, riacho ao lado da barraca... Me lembra que tem tanto lugar legal perto de Brisbane viu. Muito mais do que apenas Gold Coast e Noosa.
  • Nem preciso comentar que, nesse meio-tempo que fiquei sem escrever, o Brasil perdeu da Holanda no dia do meu aniversario (depois vai, o jogo comecou a meia-noite do dia 3). A casa cheia de bolas verde-amarelas, fitas, churrasquinho rolando e varios convidados - tudo de bom. Confesso que o jogo atrapalhou a festa pois assim que acabou, todo mundo ficou desanimado e acabou indo pra casa. Confesso tambem que esse foi o unico jogo da copa que vi inteiro. A unica coisa que vai me animar na proxima Copa eh saber que ela serah no Brasil. Ainda mais depois de ler que a comissao tecnica sabia que o Kaka estava machucado e empurraram com a barriga. Nao dah pra levar muito a serio...
  • Passei o final de semana passado em Sydney - Manly, na casa de uma grande amiga (Julia). Tava um friiio... Muito mais frio que Brisbane. Sabe por que fui? Pois pretendo ir para os EUA mes que vem e brasileiro que mora em Brisbane TEM QUE ir para o consulado americano em Sydney para renovar o visto. Isso mesmo, nao tem jeitinho e nao dah pra fazer de Brisbane, tem que se deslocar 1000km pra resolver o assunto. Jah os australianos que querem o visto americano nem precisam sair de casa, basta aplicar pela internet e voila, visto garantido. Gente fina eh outra coisa neh nao?
  • Mas voltando ao assunto Sydney, como tem brasileiro em Manly! Muitos! Bem mais do que em Brisbane. Engracado que antigamente eu era louca pra morar em Sydney, achava Brisbane uma cidade meia "boring", hoje em dia nao... Aprendi a gostar, e agora gosto bastante. Tamanho bom, sem ser muito grande e nem muito pequena. Sydney eh uma cidade grande, bem espalhada, e lah voce eh mais um no meio da multidao. Em Brisbane nao tem multidao, a nao ser que voce esteja no centro da cidade. Sydney deve ser bom de morar no verao... e soh.
  • Vi Inception com o Leonardo de Caprio. Nao sei o nome do filme em portugues e nem vale a pena descobrir pois vai ser algum nome esquisito e nada a ver (nao eh sempre assim?). Achei excelente. Uma viagem dentro dos sonhos... Meio confuso, mas um filme que te faz pensar depois que voce sai do cinema. Mas nao dah pra falar muito pois o filme comeca com incognitas desde o comeco - eh daquele tipo de filme que voce tem que ir desembaralhando o roteiro para entender do que se trata...
  • Esse mes tem eleicoes federais aqui na Australia - a primeira-ministra Julia Gillard que convocou essas eleicoes assim, do nada. Olha, tenho mesmo que procurar entender melhor sobre esse assunto por que eu nao entendo bulhufas sobre o que acontece na politica australiana. Primeiro, como comentei no post anterior, de um dia pro outro o primeiro-ministro (Kevin Rudd) cai e o "braco direito" dele (ou melhor, "a") Julia Gillard o substitui. Pra mim essa foi a maior trairagem da historia mas tudo bem. Segundo, do nada a Gillard "convoca" eleicoes federais para o mes seguinte. Como assim? Imagina a Dilma colocando uma faca nas costas do Lula, e duas semanas depois, convocando eleicoes? Terceiro e pra piorar ainda mais a historia, o Kevin Rudd, depois de tudo isso (e de ainda ter feito um discurso de despedida do cargo de primeiro-ministro chorando), agora entrou de cabeca na campanha da tal traira e eh soh sorrisos com os eleitores estilo "vote nela". E estou falando de apenas um mes depois do acontecido. Juro, eh mais ou menos isso que estah acontecendo agora aqui na Australia, e nao estamos falando de uma ditadura comunista. Estou sem tempo para pesquisar, mas por favor, se alguem souber o que estah acontecendo me explica como se eu tivesse 4 anos de idade? Desde jah agradeco.
  • Aqui em Brisbane estah rolando o Ekka ateh semana que vem, que eh o maior festival de Queensland. Basicamente uma feira agropecuaria no meio da cidade. A australianada - principalmente quem tem filho - adora ver os bichinhos e o clima de fazenda. Dizem que eh "the country in the city" (country aqui no sentido de interior, e nao ao termo "pais"). Tem parque, fogos de artificio, algodao doce... Custa 20 dolares pra entrar, vou tentar aparecer por lah essa semana e depois conto aqui.
  • Mudando um pouco de assunto... Ontem fui ao cabeleireiro e o cara que cortou meu cabelo me falou que vai pro Canada no final do ano. Melhor, ele me disse que todo ano viaja pra fora - no ano passado ele foi pro Vietna, Cambodja e Tailandia. Quando que, no Brasil, o seu cabeleireiro viajaria todo ano para fora do pais? Tres vivas pra igualdade social, de salarios, de oportunidades que a Australia proporciona.

Vou ficando por aqui. Vou me esforcar pra escrever um post legal ainda essa semana mas nao posso prometer. Como falei, e nao to de frescura, tenho saido do trabalho as 8, 9 da noite quase todos os dias... Em breve minha vida volta ao normal - e a do blog tambem.

Boa semana!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Aviso

Pessoal, me desculpa, mas melhor deixar logo o aviso de que vou ficar duas semanas sem escrever do que ficar procrastinando e/ou não escrever nada e/ou escrever post ruim e corrido.

Motivos: minha mãe está aqui na Austrália e tenho feito coisas com ela no meu tempo livre + tô trabalhando MUITO = sem tempo de qualidade pro blog.

É uma pena, e isso justo agora quando o Primeiro Ministro Kevin Rudd foi derrubado e entrou outro - na verdade, outrA - no lugar dele, a Julia Gillard. Essa foi uma doidera, imagina de um dia pro outro muda o líder do país assim? Pois é, aconteceu na Austrália na semana passada. Mais aqui.

Desculpe, me empolguei, o post era só pra avisar que não vai ter post novo nas próximas duas semanas... em breve eu volto com mais!! Prometo.

Abraços e inté!

sábado, 19 de junho de 2010

Africa do Sul e a Australia

(desculpe, hoje meu teclado estah sem acento)

Aproveitando o momentum Africa do Sul & Copa do Mundo, queria falar um pouco mais sobre esse pais que tem tantas diferencas e similaridades com a Australia e com o Brasil.

Como sempre, vou falar o que sei e o que vi - estive duas vezes na Africa do Sul (na Cidade do Cabo em 2007 e Johanesburgo em 2008), conheco alguns sul-africanos e, obviamente, moro na Australia o que me deu uma boa ideia de comparacao com esse seu "irmao desgarrado" de mesmos pais (os ingleses), padrasto distinto (o africano eh holandes) e "criacao" bem diferente...

Primeiro, uma ressalva para os brasileiros que moram ou que pretendem viver na Australia: da proxima vez que voce for visitar o Brasil, compre a passagem pelo outro lado do mundo, e nao via Nova Zelandia e Chile/Argentina. Lembro que a passagem custou meros 200 dolares a mais via Africa, e a experiencia valeu muito a pena - tanto que quero voltar pro continente (soh nao sei ainda quando, mas com certeza essa jornada me mostrou que a Africa deveria estar mais no mapa, na imprensa, na nossa vida).

Toda vez que faco o trajeto Brasil-Australia e vice-versa eu aproveito as paradas habituais do voo para conhecer o pais da escala. Santiago e arredores jah conheco muito bem de outros carnavais, jah que mi hermanito Beto mora por lah ha mais de 15 anos (fala Betito, taih maninho?!), mesmo assim, vejo sempre como uma oportunidade poder usar o voo para parar e conhecer um pouco mais sobre o que o Chile tem a oferecer. Nova Zelandia a mesma coisa, tanto eh que no ano passado o percurso Brasil-Australia demorou tres semanas a mais: duas no Chile (com Deserto de Atacama incluido - falei um pouco sobre lah nesses posts) e Nova Zelandia (uma semana na Ilha Sul nos mostrou os lugares mais lindos e breathtaking que pude imaginar na vida).

Ou seja, meu primeiro recado antes de comecar a falar sobre a Africa do Sul eh: aproveite essa longa viagem da Republica das Bananas pra Terra dos Cangurus, curta, e se voce for de ferias da Australia ao Brasil, nao se prenda todo tempo ao Brasil, pare no caminho, ou na ida, ou na volta, ou nos dois. Faca valer o seu dinheiro (jah que a parada seria mesmo escala e voce nao estah pagando extra por isso) e a sua vontade de conhecer o mundo. E de quebra o jet-leg inicial fica mais facil de ser digerido.

Falando da viagem em si: o percurso seria Rio-Sao Paulo-Johanesburgo-Sydney-Brisbane e vice-versa, mas quando parei em Johanesburgo, lah mesmo no aeroporto, comprei uma passagem para a Cidade do Cabo (Cape Town) que fica a cerca de 3 horas de voo ao oeste de Johanesburgo (passei quase por cima da cidade a caminho de Johanesburgo, ou seja, fui e voltei). Vale frisar que o aeroporto de Johanesburgo jah em 2007 estava cheio de posters pre-Copa do Mundo. Pois bem, no voo mesmo entre J'burg (assim carinhosamente chamada pelos locais) e Cape Town o caminho jah eh impressionante, com muitas montanhas e desertos.

Pode me chamar maluca, mas juro pra voce que neste voo que cruza a Africa do Sul fiquei olhando pra baixo quase o tempo todo pra ver se achava um elefante, uma zebra ou uma girafa pelo caminho hehe. Soh muito depois fui descobrir que um tour por um safari qualquer da vida custa carissimo, pelo menos uns 1500 dolares por 3 dias. Na epoca, minha vida de mochileira e garconete na Australia nao me permitiu tal ousadia, mas tudo bem, soh a experiencia de estar lah, naquele continente "perdido" (como pode ser chamado de perdido neh?) jah valia uma Arca de Noe inteira. Duas, tres.

A Cidade do Cabo eh uma cidade linda que me lembrou um pouco o Rio de Janeiro, com o sensacional encontro entre natureza, verde, montanha e mar. Quando saih do aeroporto lembro que vi algumas favelas, mas elas sao um pouco diferentes: cada casinha eh bem menor (descobri em um tour depois que elas sao chamadas de match boxes - caixinhas de fosforo), planas, e feitas com um material diferente, acho que zinco...

Os sinais e placas nas ruas sao escritos em Afrikaan (lingua oriunda do holandes, que chegaram por aquelas bandas em 1600 e alguma coisa) e ingles. No caminho reparei em alguns Fish 'n Chips, tao comuns na Australia, e a arquitetura inglesa, com algumas casas, pubs e hoteis bem parecidos com o que vejo em Brisbane. Verdade, sao todos da Commonwealth pensei - India, Canada, Africa do Sul, Australia, Inglaterra, Nova Zelandia e alguns outros paises, todos com colonizacao inglesa... Apesar das diferencas economicas obvias, acredito esses paises tenham muito mais em comum do que imaginamos. Confesso que, ateh fruto da minha falta de informacao, eu me surpreendi pois nao esperava encontrar um pouco da Australia na Africa do Sul fora a lingua e o fato dos dois estarem no hemisferio sul (como o Brasil).

Na minha pesquisa sobre o que tem de parecido entre a Australia e a Africa do Sul achei uma entrevista bacana de um executivo sul africano da BMW que tambem trabalhou na Australia e disse que ambos os paises tem "surprising similarities". Leia um trecho:

Clive Prevost: When most people think of Africa, and even South Africa, they probably imagine a very different society to Australia. While there certainly are many differences, there are also a surprising number of similarities.

Both countries are in the southern hemisphere, and thus relatively lacking in access to major international markets. The structure of the economies is surprisingly similar: 60-70% services, 10-15% primary industries and 10-15% manufacturing. Both are major exporters: Australia is listed in 29th place and SA in 39th place (out of 228 countries), according to one recent study. Both countries are rich in natural resources such as gold, coal, iron ore, nickel, uranium, diamonds, natural gas and other minerals specific to each country.

Legal systems in both countries are based on English common law (although South Africa has other influences as well). Both rate well for political and civil liberties, and both, of course, share a passion for sports.
Entrevista completa neste link.

Depois falo mais sobre isso, vamos voltar a viagem com algumas fotos que tirei pela Cidade do Cabo e arredores:

Como pode?


Pub/Hotel em Cape Town.

Table Mountain.


Nao eh soh o oceano que tem contrastes...

Praia no caminho entre Cape Town e o Cabo da Boa Esperanca. Tem muito pinguim por essa costa.


Cabo da Boa Esperanca: lembra das aulas de historia?

Na minha curta vigem de cinco dias a Cidade do Cabo eu conheci a ilha-prisao que o Mandela ficou preso por mais de 20 anos (Robben Island), o Cabo da Boa Esperanca, fiz um tour por umas montanhas ao lado da cidade, andei um pouco... E tenho que fazer uma ressalva nesse ultimo: algumas vezes me senti sim insegura por andar a noite por Cape Town.

Uma hora estava caminhando do meu albergue em direcao a um famoso cais da cidade cheio de bares e restaurantes, eram umas 7 da noite e estava comecando a escurecer, e eu via imensos grupos de sul-africanos andando juntos (em geral, pessoas mais humildes e com a pele bem negra, diferentes da maior parte dos brasileiros que sao mulatos, mais misturados), varios, mas nao me senti ameacada (talvez um pouco mas a carioca aqui se fez de valentona e pensou "deixa comigo"). Eis que de repente uma senhora branca me parou e me perguntou se eu era turista. Respondi que sim, e ela me disse "nao ande por aqui a noite, alias, por nenhum lugar, pegue um taxi, eh perigoso". Eh... realmente... tem fish 'n chips e tal but let's not forget this is Africa.

De qualquer forma, gostei muito da cidade, achei muito bonita, mas vi muitas cercas grandes e arames farpados. O nosso albergue mesmo tinha uma seguranca grande, a cidade a noite era bem mais vazia se comparada a durante o dia. Um ar diferente, mais tenso, um pouco mais tenso do que o do Rio, eu achei. Uma grande Cinelandia a noite talvez.

No albergue conheci alguns mocambicanos; estava no bar sozinha quando ouvi um portugues com uma batida diferente (Mocambique eh vizinha a Africa do Sul e lah eles falam portugues), perguntei de onde eles eram, falei que era brasileira, o sorriso deles abriu (como de praxe o povo ama brasileiro) "aaahh brasileira, jah morei em Niteroi, muito bom, muito bom" e assim eles viraram meus melhores amigos de uma noite. A simpatia, o acolhimento, o tom de voz alto, a brincadeira... te digo uma coisa, isso nos brasileiros puxamos dos africanos, tenho certeza. Comprovei naquela noite de um albergue lotado de ingleses, canadenses, alemaes que os que mais se pareciam comigo, por incrivel que pareca, eram os mocambicanos. Eh ou nao eh pra voltar?

Depois dessa viagem rumei para a Australia em um exaustanta voo de 15 horas entre J'Burg e Sydney, sobrevoando o Indico e toda a extensao da Australia. Quando cheguei a Australia senti falta das cores, do barulho, sei lah, do sal africano (metaforicamente falando), mas nao senti nem um pouco falta do ar de ameaca eterna da noite de Cape Town. Novela das 6, lembra?

No ano seguinte (2008), na perna da volta ao Brasil, parei em Johanesburgo por tres dias. Primeira impressao? Johanesburgo eh feia. E fria. Parece que J'burg eh uma cidade-irma de Sao Paulo no Wikipedia (jah viu isso? Toda cidade no Wikipedia tem cidade-irma, que significa a cidade que se parece com aquele descrita de alguma forma). Pra mim irma de Sao Paulo significa que puxou aqueles genes feios (paulistanos, me desculpem, Sampa tem mil qualidades mas beleza nao eh uma delas). E tava um friiio, mas um frio... era julho, como agora na epoca da Copa, e estavam uns 3 graus na madrugada. O aeroporto, alias, meio baguncado, aqueles caras berrando pra voce pegar o taxi deles... Lembro que o cara do meu albergue se confundiu com o horario e atrasou uma hora, eu tava ali batendo queixo na calcada do aeroporto, olhando tudo ao meu redor e louca pra chegar a uma cama quentinha.

Rumei ao meu albergue, que tinha tambem uma cerca enorme com arame farpado. Era um bom albergue, barato e com piscina (obviamente nao utilizada devido ao frio). O rapaz que trabalhava lah, negro, era muito humilde, mas muito mesmo, olhava pra baixo o tempo todo ao falar e era um tanto quieto. Me lembra um pouco o Brasil.

No primeiro dia fiz um tour por Johanesburgo. Era um tour anunciado pelo albergue e eu era a unica turista em pleno sabado. Eh isso mesmo, J'burg tem poucos turistas - bem diferente de Cape Town. Ou seja, eu poderia fazer o meu percurso. Escolhi dar um passei no meio da cidade para sentir como é, ir ao Museu do Apartheid - uma das experiencias mais chocantes da minha vida - e a uma feira de roupa, comida e artesanato. Essa feira, alias, tinha coisas lindissimas com estampas africanas, coisas que no Brasil ou Australia custariam o olho da cara mas que lah eram baratissimas.

Centro de Johanesburgo.

As duas ultimas fotos acima foram tiradas na famosa favela/bairro de Soweto, famoso "palco" de diversas manifestacoes contra o Apartheid (lembrando que o Apartheid acabou soh em 1994). Alias, alem do Apartheid e da probreza, do Mandela, do alto indice de infectados pela AIDS e dos sul africanos que conheci aqui na Australia, eu pouco sabia sobre o pais.

No geral, vi em J'Burg uma cidade parecida mesmo com Sao Paulo, com predios e cinza, mas em menor tamanho. Tambem descobri que, assim como a Australia, a Africa do Sul eh um dos paises com o maior numero de minerios do mundo: J'Burg cresceu e ficou do jeito estah pela corrida ao ouro, existe (ou melhor, existiu) muito ouro e diamante embaixo e nos arredores da cidade. No meio de Johanesburgo tem ateh uma estatua enorme de um minerador australiano que eu vou ficar devendo o nome (procurei no Google mas nao encontrei).

E as comparacoes nao acabam por aqui:

Both South Africa and Australia were once colonial countries under British rule. Both had gold rushes, and both had significant Asian immigration. However, South African identities are dominated by conceptions of race. In Australia, social policy has worked to prevent race becoming a huge factor in the Australian identity until relatively recently.
Fonte.

No proximo post eu falarei mais sobre a Africa do Sul na Australia, e os varios sul africanos que moram por aqui. Ate la!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Curtas sobre a Copa na Austrália


Não vi


O jogo do Brasil contra a Coréia começou às 4:30 da manhã aqui na Austrália. Eu? Dormi e só acordei pra ir trabalhar. Isso mesmo, não vi o jogo (confesso que coloquei o despertador para tentar ver, mas a cama estava tão gostosa, estava tanto frio... não rolou). Aliás, todos os jogos do Brasil serão às 4:30 da matina na hora local, com exceção do jogo contra Portugal que será meia-noite. Saco.

E a Austrália hein?!

A Austrália, coitada, como sabemos levou uma bela goleada da Alemanha (4x0) no seu jogo de estréia. No dia seguinte eu até tentei zoar alguns australianos, mas ninguém entrou na brincadeira. Ou eles realmente não ligam para a Copa, ou não queriam falar sobre o assunto.

Acho que não ligam mesmo.

Copa quem?

Não, aqui não tem bandeirinha da Austrália pelas ruas, pessoas com camisa da seleção Australiana, e muito menos gente parando de trabalhar pra ver os jogos (até por que os jogos ou são às 9:30 da noite, ou a meia-noite, ou 4:30 da matina). Em um ou outro lugar as pessoas falam da Copa, mas muito pouco, muito pouco mesmo.

Fui em um barzinho na sexta a noite, dia da abertura da Copa, e enquanto passava a Copa no telão a galera nem olhava... só queria saber de dançar e beber. Só eu e duas brasileiras ficamos de olho no telão.

Em terra de cego...

Até hoje sai nos jornais o gol que a Austrália fez contra o Brasil na Copa da Alemanha em 2006 (foi o primeiro jogo do Brasil, deu Brasil com 3x1 é claro). Juro, foi o momento de ouro deles na Copa – imagina, fazer o primeiro gol do jogo e contra o Brasil?! Me falaram que quando os australianos estavam vendo o jogo em 2006 e a Austrália fez o primeiro gol, a galera ficou emocionada e não esquece aqueles momentos. Ainda bem que durou pouco.

Transmissão dos jogos

A única emissora que passa os jogos da Copa é a SBS, que é um canal mais “alternativo” (tipo a TV Brasil daí mas ao contrário, focada nos imigrantes e pessoas de outras nacionalidades - falei rapidamente sobre ela no final desse post). Os canaizões de TV só falam sobre a Copa durante os jornais, e mesmo assim, rapidamente. Não é como a Globo que parece que não tem mais assunto durante a Copa.

Enquanto isso, o Rugby...

Hoje tem State of Origin – o jogo entre Queensland e New South Wales – de novo. Nos intervalos dos jogos da SBS só passa anúncio do State of Origin. Aí sim que a galera para (hoje mesmo no trabalho já vi uns três com a camisa grená de Queensland).

E no Brasil?

Meu pai me falou que no Brasil não tá essa empolgação toda em relação a Copa como era nos anos passados. Ele falou que não vê mais gente fechando as ruas, muro pintado, aquela empolgação que a gente fazia... É verdade?

Confessionário

Confesso que também tô desanimada com a Copa. Quando eu era criança, adolescente, até a Copa de 2002 eu me empolgava mais. Na de 2006 eu já não ligava tanto, essa agora... sei lá. Desanimei um pouco. Será que sou só eu?

No mais...

BRASIL!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Entrevista: Percepções de um alemão sobre a Austrália

Hakan Acikgoez é alemão com descendência Turca, tem 23 anos, está fazendo mestrado em Contabilidade na Alemanha e veio para a Austrália estudar inglês por apenas quatro meses. Ele aluga um quarto lá em casa e semana que vem ele já volta para a Alemanha. Queria tentar entender se a visão do brasileiro sobre a Austrália poderia ser muito diferente da perspectiva de um alemão, um país mais “frio“ se comparado ao Brasil tanto no clima quanto nas relações pessoais.

Confira você também as palavras do Hakan, em inglês, do jeito que ele escreveu e sem correções.
Na foto abaixo ele está ao lado do Rio Brisbane.


Why did you choose Australia to study? What attracted you the most?
After high school I was very interested to go to Australia, but because of several reasons I have to postpone this journey. Here are the reasons why I like Australia:
- Australia is far away from Germany.
- I am able to take care for myself and I want to be sure, that nobody can follow me.
- I thought that distance is one of the most important things, if you will have a break after 3,5 years studying and to develop yourself as a person (e.g. your own character).
- Other English speaking countries like Great-Britain or the USA did not seem attractive enough to stay for a longer time period.
- Australia because of its unique environment and great weather (as I arrived we had quite cold and rainy in Germany, while it was the beginning of spring).
- Furthermore the wildlife in Australia is one of the most amazing one worldwide: The Idea to meet a Kangaroo or Koala was, I think, one of the most desirable aims for me.

Another reason was that I hoped to meet people from different cultural backgrounds and gain a great deal of experience. To find new friends all over the world and have fun with them. Or maybe have a serious conversation with somebody else and get an idea about different point of views to a certain topic.

When you got here do you think Australia was the same way that you expected it to be?
NO! It is much better as I expected! The trips which I had were amazing! And I am happy that I found some very good new friends, with whom I spend a great time here.

What are the main differences between Germany and Australia?
The people are more relaxed and are not in hurry like in Germany. Everybody is very friendly (I do not mean now that Germans are unfriendly). Maybe the better weather is one reason for it…

In Germany nobody say “thank you” to the bus driver and the usage of “thank you” and “please” are not so common like in Australia.

What do you dislike the most about Australia?
Alcohol is too expensive! I did not expected that Australia is in several areas of daily life so expensive. And if you go out during the weekend, the people are extreme drunk (I ask myself all the time, “how can they afford this?”). Also after six weeks, staying in Brisbane became routine.

What do you like the most?
At the beginning I was very skeptical about the Australian sense for sports. But now I can understand that AFL and Cricket are really interesting sporting activities.

What do you think about Australian people? Are they very different than Germans?
Australian people are very slow (or sometimes too relaxed). Sometimes I think: “to stay in a queue seems like an important part of the Australian Way of Life”. For instance: A small chat with a Fast-Food cashier seems to be usual.

Because of the history, most Australian people have an European background, the differences are not so huge.

Do you miss home?
To be honest: A bit. Sometimes I think, ”why I cannot share this great moments with my friends or family?”. Particularly, if you are travelling alone you are missing this people. Sometimes you will have a small chat or if something funny happens and you know that your friends will laugh with you together, because they have the same sense of humor. And of course I miss the well prepared meal of my mum.

Is there anything Germany can learn with Australians or vice-versa?
In my opinion, every country should try to conserve their customs and traditions. And the way people behave is a part of it. The only thing maybe, which the Germans should learn from Australians is not to complain too much.

Would you move to live in Australia if you had the chance? Why?
Definitely YES! I hope to work here in the future as an Accountant or Auditor. On the other hand I am not sure if I would be able to stay for the rest of my life here. Everything would become too far and it’s important to be surrounded by good and friendly people. Money and great weather is not everything in life. For me social contacts are more important. All in all I could say, if the envoirment around me fits, I see no reason to not live here in Australia.

Now asking about yourself...

Your family is originally from Turkey and they moved to Germany. How is to live in a different country than the one your parents are from?
My personal problem is, that I had never a clear idea about “to be at home”. In Germany I was always treated as a foreign and when I was in Turkey during my summer vacations my relatives called me “German”. So as teenager you ask yourself: “Where do I belong?” But you learn to handle it.

Do you feel yourself more Turkish or German? Why?
I feel myself definitely more Turkish. I have a Turkish name, I look like a Turk and I grow up with the Turkish culture. When Turkey plays versus Germany (in every kind of competition) I support Turkey. Furthermore I think that Germany missed the opportunity to have me feeling belonging to the country. In some situations I was threated inequally in school by teachers or students. Sometimes in daily situations you have moments in which you feel not welcomed. I often hear the sentence: "OH! You speak German very well!” At this kind of moments I answer: "Oh my God! I was born here, went to school here in Germany; why do you underestimate me?”.
An other annoying moment was when an old woman saw me and said to me directly, before I say anything: “Do you speak German? If you want I can speak slowlier.” She asked me this because of my appearance. So I have been confronted very often with prejudices. After several situations like this, I gave up. I can do what I want, you will always find people who thinks you are not a part of "their" society.

In some parts of my personality I can find some “typical” German characteristics like to be critical or skeptical; or try to be more rational instead of emotional (maybe that’s one of the reasons why Germans are called as people with a “cold” character). This does not mean that I am not a spontaneous person (it depends on the situation). This is maybe more my Turkish part of my character.

Australia is a very multicultural country – you can see people from everywhere in the world here. Is Germany like that?
If you are staying in a metropolis in Germany it is not unusual to meet people with different cultural backgrounds. As I studied in Frankfurt I met and partied with people from several nationalities, for example with Brazilians. In smaller villages maybe the number of foreign people will become rare. I think it is the same all over the world.

And because of history (during the 60’s employees from Italy, Portugal, former Yugoslavia, Greece and Turkey were “imported” as workforce to Germany to serve the demand of the fast growing German economy) the Turkish community is the biggest foreign community in Germany. In Germany live more than 2 million Turks. And with satellite TV and Internet we are up-to-date about the happenings in Turkey.

Haka nas Blue Mountains, no estado de New South Wales.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sorry... posts em breve!

Sei que estou em falta aqui no blog, mas não o abandonei não tá?! Tô é trabalhando demais...

Foi mal pela demora em postar alguma coisa, realmente o tempo está curto pra tudo. Queria que o dia tivesse 30 horas. Neste momento, 7 da noite, estou saindo do trabalho pra casa, me trocar rapidinho, por que as 8:30 tenho beach volleyball. Isso por que cheguei aqui as 8:30 da matina.
Corrido ou não é?

Estou com uma entrevista pronta, falta só sair do forno. Em breve você verá as impressões de um alemão sobre a Austrália, e quais as diferenças entre a Alemanha e a terra dos cangurus.

Não desistam do blog! :-)

Cheers

quarta-feira, 26 de maio de 2010

State of Origin: New South Wales X Queensland

Hoje tem jogo do State of Origin, o primeiro de uma série de três jogos de rugby entre times dos estados de New South Wales e Queensland. Se fosse comparar o que isso representaria se fosse no Brasil, seriam como se fossem jogos de futebol entre times do Rio e São Paulo – imagina a competição e rivalidade? Aqui rola o mesmo. Com certeza hoje a noite os pubs estarão entupidos de gente (principalmente homens) bebendo cerveja e vendo o jogo no telão. É sempre assim, todo ano tem e a comoção e torcida são enormes.

Segundo o Wikipedia:
Described as "sport's greatest rivalry", the State of Origin series is one of Australia's and the region's premier sporting events, attracting a huge television audience and usually selling out the stadiums in which the games are played. Despite the existence of international tournaments and State of Origin being a domestic competition, it is frequently cited as being the highest-level of rugby league played anywhere in the world.

Cada time tem uma cor: New South Wales o azul e Queensland, vinho (ou roxo, mas eh mais avermelhado). Alguns australianos com quem conversei hoje estava falando das cores, "por que eu vim com a camisa azul e sou Queensland oh meu Deus", preocupados com o que a camisa representa. O negocio é sério.



O primeiro jogo será hoje em Sydney, o segundo no dia 16 de junho em Brisbane e o terceiro, em Sydney de novo no dia 7 de julho.

Pode ter certeza que o State of Origin dá, na Austrália, muito mais ibope que a Copa do Mundo.

Ah, e é claro que eu tô torcendo por Queensland.

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Isso me lembra que nao vejo a hora da Copa do Mundo chegar...

Descobri que os dois primeiros jogos do Brasil começam as 4.30 da manha aqui na Austrália. Como é que faz?

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Atualização um dia depois: Queensland ganhou de New South Wales, o placar foi 28 X 24.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Regras e leis australianas

Nessa sexta que passou eu estava em um bar no centro de Brisbane com alguns amigos e, como de praxe, um grupo saiu para fumar já que é proibido fumar em lugares fechados. Assim como milhares de fumantes fazem todos os dias, uma das meninas (brasileira) jogou a bituca de cigarro na calçada e adivinha o que aconteceu? Um policial a viu e ela levou uma multa na hora: 200 dólares. E não tem mas, porém todavia contudo não, é multa certa.

Aqui na Austrália é assim: não obedeceu, levou. Muitas pessoas reclamam que a quantidade de leis e regras é exagerada – eu, sinceramente, tenho dúvidas: às vezes acho que é um pouco demais sim, mas acima de tudo acho que são necessárias para uma sociedade viver em ordem e harmonia. Discussões à parte, uma coisa é certa: em relação a ter e seguir regras, a Austrália é completamente diferente do Brasil. Primeiro, por que a lei funciona. Segundo, por que ela funciona para todos – ricos e pobres. Terceiro, por que a polícia é respeitada e bem equipada, com profissionais treinados.

Para os businesses (bares, lojas, empresas etc) existem regras meio exageradas o que daria assunto para outro post. Por exemplo, essa eu aprendi quando fiz curso para virar garçonete (taí um exemplo de lei: todo mundo que serve álcool tem que fazer um curso) – se o cliente ficar bebum e for atropelado quando sair do estabelecimento, adivinha de quem é a culpa? Do bar que o serviu até ele ficar bêbado, e não do cara que bebeu além da conta. E aí o bar teria que pagar uma multa pesadíssima por isso. Ou se um garçom for pego servindo álcool a alguém que já está visivelmente embriagado, a culpa é do garçom e do bar, e não do sujeito. Multa pro bar e multa pessoal pro garçom.

Seguem alguns exemplos, mas a lista é claro, é muito maior:

Fumar: proibido em qualquer lugar fechado. Alguns poucos pubs e bares tem um pátio aberto que permite fumar, mas você precisa de uma licença especial. Ah, e um detalhe: é proibido fumar na praia. Yeap.

Bebida alcóolica: proibido beber em lugares públicos como parques, praias, etc. Claro, você pode beber dentro da sua casa ou em um restaurante licenciado ou em um bar. Beber e dirigir obviamente é uma ofensa gravíssima, mas pelo menos aqui você pode tomar duas latas de cerveja ou uma taça de vinho antes de dirigir.

Assim como no Brasil, para comprar álcool ou tabaco você tem que ter no mínimo 18 anos (mas aqui eles pedem carteira em 100% dos casos – outro dia me pediram quando fui comprar vinho em um bottle shop, fiquei tão feliz).

Você não pode vender nada nas ruas (incluindo para outra empresa) sem ter uma licença especial (com exceção de garage sales – que são vendas de coisas pessoais na garagem da sua casa). Multa pesada se o fizer. Camelô? Jamais.

Andar de bicicleta sem capacete (sim, obrigatório o tempo todo) ou dirigir o carro sem cinto de segurança (inclusive no banco traseiro) dá multa. Bicicletas são considerados veículos na Austrália, e os motoristas de carro devem dar espaço aos ciclistas (porém nem sempre eles fazem isso). O ciclista deve usar o braço para sinalizar se for virar à direita ou esquerda. Bicicletas são proibidas em rodovias de alta velocidade e nas grandes cidades existem faixas especiais para ciclistas. Ah, e a noite toda bicicleta tem que usar uma luz traseira e dianteira, obrigatório também. Eu vou pro meu vôlei a noite de de bicicleta com capacete e luz traseira, mas a dianteira queimou, e eu fico super preocupada de levar multa...

Para aqueles que adoram brigar, saibam que tocar em uma pessoa sem seu consentimento é considerado invasão de privacidade e pode acabar com processo. Não estou falando em dar um chute em uma pessoa não, apenas tocá-la é considerado uma ofensa. Você pode gritar, jogar coisas no chão, o que for, mas se você ofender verbalmente ou dar um soco em uma pessoa, já era, você terá problemas. A justiça é rapidíssima nesse caso geralmente dando multas graves ao agressor.

Se você está dirigindo e um pedestre começar a andar na faixa de pedestre, você tem que parar e esperar ele atravessar a rua. É lei. Não fez isso, leva multa.

Se você não pagar uma multa, ela se torna maior a cada mês, e caso você fique um bom tempo sem pagar você pode ter seus bens confiscados ou ser levado à prisão. Isto é, se você deixar a Austrália sem pagar uma multa, quando retornar em um futuro distante é capaz de você ter uma bela surpresa – isso se eles deixarem você voltar!

Aqui na Austrália tem que ficar ligado, não tem jeito. E não tem conversinha não, a melhor estratégia é simplesmente seguir a lei, o que leva um tempo para se acostumar, mas não é tão difícil assim e ver uma sociedade funcionando é recompensador. Eu acho que não seria nada mal se todos os brasileiros passassem um tempo na Austrália para sentir na pele como é um país que segue as leis...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Brasil em Brisbane

Em 2005 quando comecei a pensar a morar em Brisbane, eu achava que quase não tinham brasileiros por aqui. Afinal, que cidade é essa? A maior parte dos brasileiros conhece Sydney e sua über-famosa Ópera House, e muitos já ouviram falar de Melbourne e sua semelhança com Londres. Sobre Brisbane eu tinha pouco ouvido falar - o que sabia era, inicialmente, pelos amigos australianos do meu irmão que moravam na cidade e iam todos os anos para o Rio. Depois, com a mudança dele para cá em 2004 eu obviamente comecei a ouvir falar mais, mas nunca pela imprensa ou grande mídia.

Quando finalmente decidi vir para Brisbane, conheci uma menina (a Tati - será que ela lê o blog?) que tinha morado seis meses em Brisbane em 2003. Foi a única brasileira que conhecia até então que já tinha morado na cidade. E aí veio a bomba: “Verinha, Brisbane é lo-ta-da de brasileiros”. Como assim, jura? “Lotada”, disse ela. Não combina. Por que Brisbane? Tenho que ver para crer.

Cheguei aqui pela primeira vez em julho de 2006 e no meu primeiro passeio pela rua principal – Queen Street Mall – já escutei português várias vezes e vi milhares de brasileiros de longe (por que a gente que é brasileiro sabe como é fácil identificar outro brasileiro). Quatro anos se passaram e continuo constatando a mesma coisa: Brisbane está infestada de brasileiros. Não é o fato de trabalhar em uma empresa brasileira que torna o meu julgamento parcial não – tem mesmo muito brasileiro por aqui. Aliás, pra quem ficou curioso, vou falar como eu consigo identificar um estudante brasileiro na rua:

1. As meninas estão sempre ou de roupa de ginástica com legging ou tênis grande, ou com alguma roupa justa. E sempre com cabelo liso e comprido (é claro que a escova progressiva já chegou por aqui).
2. Homens com camisa da seleção ou camisa de algum time de futebol. E boné.
3. Reclamando de dinheiro/falta de.
4. A maior parte no centro e em Spring Hill, quase não se vê brasileiros nos bairros um pouco mais afastados.
5. Brasileiros andam em grupos, sempre.
6. Falando português alto no telefone.
7. Brasileiro olha pra você quando passa por você na rua. Australiano não.

Claro que eu estou falando só dos estudantes, que são a grande maioria dos brasileiros aqui na Austrália. Além de milhares de estudantes, aqui em Brisbane também tem muita gente que veio trabalhar com emprego garantido e qualificação, e esses são mais difíceis de serem identificados (embora eu ache que os três últimos tópicos aí de cima se apliquem também). Fora isso, volta e meia quando estou em um restaurante vem algum brasileiro falando “oi, você é brasileira?”. Semana passada aconteceu isso. E aí, aquelas perguntas de praxe “O que você veio fazer aqui, está gostando, você é de que cidade, volta quando blá-blá-blá”.

E tem mais: quando conheço algum australiano e falo que sou brasileira, em 50% dos casos essse australiano tem algum amigo ou conhecido brasileiro. Já não comentei nesse post aqui que até o meu time de vôlei chama-se “Team Brazil” por coincidência, pois quem me convidou para entrar no time foi um australiano? Em Gold Coast, aqui pertinho de Brisbane, tem mais brasileiro ainda. Acho que lá é mais fácil encontrar um brasileiro do que um australiano.

Fatos: tem brasileiro mesmo?


Fui conferir se a percepção era realidade e, veja só o que achei no site do Australian Bureau of Statistics (que é como se fosse o “censo australiano”):

Between 1997 and 2007, of the 75 most common countries of birth [nota: das pessoas que vivem na Austrália], persons born in Sudan recorded the highest average annual growth rate (22% per year), followed by persons born in Bangladesh (12%), Afghanistan (11%) and Brazil (10%). [outra nota: sendo que dentre esses quatro países citados nós somos os únicos que não podemos vir na condição de refugiados]
Fonte aqui.

Short-term visitor arrivals to Australia during July 2008: Of those countries outside the top ten many recorded significant increases with short-term visitor arrivals more than doubling for Spain (5,500 movements) and Brazil (3,600 movements).
Fonte aqui.

Sobre os estudantes brasileiros, também achei isso:

In terms of enrolments, growth (26%) in the vocational education sector in 2006, compared to the previous year, was mostly due to large increases in enrolments from India (166%), Brazil (51%), the Republic of Korea (34%) and China (14%).
Fonte aqui.

Tentei achar o número de brasileiros aqui na Austrália mas confesso que não consegui encontrar (aqui eu achei por região do mundo mas não por país).

Agora eu pergunto: por que esse boom de brasileiros aqui nessa terra distante? Tô aqui coçando a cabeça mas não tenho uma explicação plausível, só suposições. Suponho que seja por que Sydney já esteja infestada (até mais) de brasileiros e eles acharam que iriam fugir de mais brasileiros vindo pra Brisbane (há, ledo engano). Suponho que seja por que aqui é mais barato do que Sydney (a diferença de preços não é enorme, mas existe). Suponho que seja por que aqui é perto de Gold Coast e o clima é mais quente. Ou tambem suponho que o crescimento não foi só em Brisbane mas que a Austrália tenha “virado moda” no Brasil já que os cursos são mais baratos que na Inglaterra (que é caro e frio) e dos Estados Unidos (que tem muito americano). Suponho que seja por que aqui na Austrália estudante possa trabalhar legalmente enquanto estuda, o que dá para amealhar uma graninha boa. Suponho que seja por que nos últimos 10 anos a passagem Brasil-Austrália esteja muito mais barata ou suponho que seja por que é relativamente fácil conseguir visto de residência na Austrália se comparado aos outros países (desenvolvidos) do mundo.

Ou uma conjunção desses fatores.

Sei lá.

O Brasil é aqui

Só sei que é claro que essa brasileirada toda que está aqui sente saudades do Brasil e das coisas de lá, e com esse crescimento no numero de brasileiros, crescem na mesma proporcao a quantidade de produtos, restaurantes e lugares brasileiros.

Fui lembrando e pesquisando sobre o que tem de “Brasil” por aqui e me surpreendi com a quantidade, veja só aí embaixo. E olha que essa lista é de Brisbane, a de Sydney seria muito maior:

Mundo Churrasco – Essa eu comentei há dois posts atrás: é a nova churrascaria brasileira que foi aberta em Paddington, um bairro aqui de Brisbane (tem filial em Sydney). Ela rola no mesmo estilo de algum Porcão ou Carretão da vida (inédito para australianos): muita fartura, mesa de buffet com saladas, aipim frito, pão de queijo, entradinhas diversas, carne no espeto com garçons servindo no seu prato... Enfim, aquilo que todo brasileiro conhece e ama agora tem aqui, por 29 dólares o rodízio. Estou pra ir há tempos mas ouvi falar que tem ficado lotado. Estou ansiosa pr air e depois conto como foi.

Pennisi Distribuidores – É onde vou quando quero comprar pão de queijo e feijão. Já falei de lá nesse post.

Garra Brazilian Jiu-Jitsu – Essa é a academia de Jiu Jitsu de um amigão nosso, o Eduardo, que dividia a casa com a gente. Tô pra fazer um post com ele há tempos! Os australianos amam Brazilian Jiu-Jitsu, tem várias academias na Austrália.

Rio Rhythmics (dança de salão) - Established in Brisbane in 1994 by Brazilian director Tarcisio Teatini-Climaco, Rio Rhythmics takes pride in teaching its students to dance authentic Latin dance - the way Latin American locals do! Essa é só um exemplo, tem diversas outras academias do gênero aqui em Brisbane.

Brazilian Portuguese – O Aaron já fez esse curso de curta temporada na University of Queensland. Conheço a professora, Eliane, mineira que mora há muitos anos em Brisbane. O interesse cresce a cada ano, e geralmente os alunos são namorados(as) de brasileiros ou australianos que conheceram algun brasileiro e querem viajar para o país.

Brazilian Beauty – Cadeia de salões de beleza em Brisbane que oferece, além da óbvia “Brazilian wax”, tratamentos de pele, manicure, pedicure, etc.

Brazilian Soccer Schools – Claro que tinha que ter alguma coisa relacionada a futebol.

Capoeira Cordão de Ouro – Segundo o site “Cordao de Ouro Australia was established in October 2008 and has been offering Capoeira classes in Brisbane since March 2009.”

Panela de Pressão – Sim, até isso tem aqui.

Brazilian Style Foods website – De acordo com o site, “Brazilian Style Foods is an importing wholesale company specialising in leading brands of traditional Brazilian food products direct from the producers. We are the exclusive Australian distributor for brands such as Yoki, Garoto chocolates, Predilecta, Café Do Ponto & Café Pilao. We proudly distribute an expanding range of Brazilian grocery products across Australia.”

Agora só falta a praia de Ipanema. Como é que traz?

PS: A parte do americano eu estava brincando viu. Hehe.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Curta: Totem na Austrália

Não sei se vocês já ouviram falar do Fred D'Orey, que já foi campeão de surf nos anos 80 e hoje é dono da Totem, loja de moda-praia carioca. Pra mim ele sempre foi um exemplo de carioca que não sairia do Rio nunca. Pois bem, hoje estava lendo uma edição antiga da Trip online e qual não foi a minha surpresa ao ver que ele pretende se mudar para a Austrália?

Na entrevista ele malha horrores o Brasil, conta do episódio que ele foi assaltado na linha vermelha e diz:

"Estou em processo de tirar a residência na Austrália, pois quero ter uma cadeia de lojas da Totem lá.

Por que Austrália? Eu acredito muito na Austrália, quero que meu filho vá de bicicleta pra escola, quero andar livremente na rua, não quero ser assaltado.”

Mais aqui.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Churrasco coreano em Chinatown

Ontem tive uma experiência gastronômica inesquecível realizada aqui pertinho da minha casa em Chinatown. Pois é, não é só em Nova York, Londres, Berlim e São Paulo que tem Chinatown não, Brisbane também tem a sua. Obviamente a Ásia é vizinha da Austrália, com isso todas as grandes cidades australianas tem uma Chinatown (que, apesar do nome, tem muito mais do que só coisas da China). Em Melbourne e Sydney a Chinatown é enorme, assim como a de Nova York que é praticamente um bairro. Já aqui em Brisbane a "Chinatown" deveria se chamar "Chinablock" ou quase "Chinastreet" por razões óbvias. Mas mesmo sendo pequena, não deixa nada a dever as suas irmãs maiores.

Vista de Chinatown:



Se você está em Brisbane com vontade de comer comida chinesa, coreana, japonesa, vietnamita, tailandesa... o melhor lugar sem dúvida é ir a Chinatown, que acabou de passar por uma reforma e está com uma cara diferente, mais moderna mas ainda com um clássico toque oriental (mais dicas de comida asiática nesse post). Ontem a noite rumamos em direção a esse pedacinho da Ásia a procura de um bom jantar, Chinatown fica só a quatro quarteirões da minha casa. Andamos e andamos, já que a quantidade de restaurantes é enorme, sempre parando na porta dos lugares para ler os menus ou ver as fotos dos pratos (acho que é mania na Ásia – 90% dos restaurantes tem as fotos dos pratos na vitrine).

De repente um restaurante de churrasco coreano nos chamou a atenção. Ahm, como assim? Yeap, Korean BBQ. Olhamos as fotos e parecia uma delícia: um grill bem no meio da sua mesa, as garçonetes trazendo camarões, lulas, carnes, tudo cru e pronto para ser colocado nessa chapa quente bem a sua frente... hummm. Daí veio em nossa direção a garçonete coreana tentar nos convencer a entrar, falando com aquele sotaque carregado “Thirty dollars all you can eat, very very good”. Além de frutos do mar e carne, nesse preço estão incluídos entradas como gyoza, rolinho primavera, saladas de cogumelos ou salmão defumado com abacate, panquecas japonesas, pratos principais, sushi... olha uma parte do menu aí embaixo. Não precisava falar nada, já estávamos convencidos que era lá mesmo. Pra quem quiser saber, o nome do restaurante é Chingu e fica na rua principal de Chinatown.


Quando se chega no restaurante, é assim que a mesa está: o grill coberto por uma tampa feita de vidro estampada com desenhos asiáticos. Depois essa mesa vira uma bagunça.

O grill sem a tampa.

E a brincadeira começa...



Antes de entrar passamos em um Bottle Shop já que o restaurante era BYO (Bring Your Own) – já expliquei isso no blog, mas explico de novo: na Austrália ou os restaurantes são “fully licensed” (tem licença para vender álcool) ou são BYO (não vendem álcool mas em compensação você pode levar a sua bebida). Compramos duas garrafas de vinho e lá fomos nós.

Realmente é muito bom conhecer outras culturas: não é genial essa idéia de ter uma “churrasqueira” na sua própria mesa? Não sabia que isso era costume na Coréia, mas se é, já gosto mais da Coréia.

Eu e o Aaron moramos em uma casa grande e alugamos os quartos para estudantes para economizar dinheiro do aluguel. Em um quarto está um alemão, o Haka, e no outro quarto está um casal – ele canadense, o Dean, e ela coreana, a Rachel. Quando chegamos em casa contamos para ela que fomos nesse restaurante e ela não acreditou. Era assim que ela comia na Coréia. Aliás, comida coreana é super saudável, pouca fritura e muita comida natural e fresca (não processada). Vejo o que ela cozinha lá em casa e fico com vergonha dos meus misto-quentes.

Se você um dia for visitar a Austrália, não deixe de ir para algum restaurante asiático. Eu sempre me surpreendo e acabo experimentando comidas diferentes e até métodos diferentes como esse do grill na mesa. Eu não sinto falta de comida brasileira pois aqui tem tanta variedade... sinto falta sim de casas de sucos e sanduíches como Polis e etc, mas comida mesmo, não posso reclamar por que aqui tem de tudo. Até churrascaria brasileira tem aqui (abriram uma em Brisbane há duas semanas atrás). Mas essa eu conto depois.

Outono em Brisbane / festivais de paises

O frio está começando em Brisbane. Aliás, já começou: quando vou à piscina sinto a água muito mais gelada, e quando estou na sombra sinto frio. Neste momento – 14.22 hrs – está 22 graus. A noite parece que o ar condicionado está ligado, e de manhã antes de sair da cama para ir ao trabalho é aquele suplício. Não está rolando mais praião – fui a Gold Coast há duas semanas atrás e estava difícil tirar a camisa - apesar do típico céu azul de Queensland a brisa estava gelada, cair na água então nem pensar.

Brisbane é sub-tropical e está em uma latitude como se fosse entre Florianópolis e Porto Alegre – ou seja, é mais frio do que no Rio.

(clique para aumentar)

A minha estação preferida, tanto no Rio como em Brisbane, é o outono. Os dias mais azuis, as noites mais claras, as estrelas parecem até que brilham mais. E como o calor tanto do Rio como de Brisbane são infernais, parece que faz o outono ficar quase “refrescante”. Já vejo aquecedores ligados nos restaurantes, cachecóis, casacões, manga comprida e menos chinelos por aí (já devo ter comentado que os locais amam usar chinelo pra tudo), as lojas já estão cheias de roupas de inverno – algumas até em promoção – e já acendi duas vezes a lareira lá de casa. No outono as temperaturas ficam por volta de 15 a 25 graus, já no inverno entre 11 e 21 graus. Na serra ao sul de Queensland pode ter geadas mas assim como no Brasil é raro e sai nos jornais.

Previsão do clime em Brisbane de hoje até semana que vem.

Uma das razões que me fez escolher Brisbane foi o clima. Sydney é a maior ilusão da história: você sabia que de março a novembro é tao frio que fica quase impossível ir a praia? Pois é, Sydney não é o Rio não. Neste exato momento Sydney está a 18 graus enquanto Brisbane a 22. No inverno é comum fazer temperaturas inferiores a 10 graus e ter que usar casacão e cachecol o tempo todo. Já em Melbourne nem se fala, um frio daqueles: neste momento, no meio da tarde, faz 14 graus na cidade. E o problema de Melbourne é que o tempo muda constantemente pois venta muito: então pode amanhecer com um sol e calor daqueles, daí na hora do almoço o tempo muda e começa a chover e fazer frio, no final da tarde o céu abre e começa a fazer calor de novo, e a noite o frio está de volta. Melbourne é a cidade conhecida por ter “four seasons in a day”.

Confesso que... o único grande problema de ter um dia lindo de outono com céu azul (por que aqui sempre tem céu azul) e temperatura perfeita lá fora é você ter que trabalhar dentro de um escritório.

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Em compensacao... no final de semana voce soh quer aproveitar, e geralmente nessa epoca os parques de Brisbane ficam ainda mais cheios.

Eu jah falei que tem churrasqueira gratuita nos parques de Brisbane, basta apertar um botao que elas funcionam? Confesso que quando vejo isso a minha alma brasileira fica naturalmente pensando que no Rio com um negocio desses chegaria um cara e tomaria "conta do pedaco", "tipo assim churrasquinho tres real" e aquele vira o ponto dele e aih outro dia vem uma placa e escreve assim "Churrasquinho do Bene", no outro dia algumas mesas e cadeiras, cervejinha e sambinha rolando...

Churrasqueira comunitaria em parque no Rio, voce acha que dah?

Aqui leva multa se nao limpar depois de usar.

Me lembra que muitas pessoas parecem genuinamente se importar com o proximo. Jah cansei de ver por aqui, nessas tais churrasqueiras, um australiano-churrasqueiro apressando a carne por que reparou que outra pessoa/galera queria usar - depois ele limpa e lava a churrasqueira e entrega pro outro. Genial ne?

Ou sera que eh por causa da tal multa que eles se importam?

Ah, Tostines vende mais por que eh fresquinho ou eh fresquinho por que vende mais?

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Veja soh! Descobri que vao rolar algumas semanas de comemoracao a paises latinos aqui em Brisbane: Italian Week (que vai rodar as principais capitais da Australia e estarah em Brisbane de 26 de maio a 2 de junho ) e o Spanish Film festival (que mostra todos os filmes de lingua espanhola e nao soh os da Espanha e que tambem estarah aqui em Brisbane no final de maio).

Brisbane tem disso, as vezes sinto que ateh mais do que no Rio: a diversidade de culturas eh tao grande, e as comunidades dedicadas a cada uma sao tao fortes, que sempre rolam comemoracoes dedicadas a algum pais ou cultura/religiao. Eh semana do aborigene, semana do grego, do italiano, do espanhol... tem de tudo um poudo. Ateh mesmo Melbourne tem uma rua dedicada a Italia cheia de restaurantes italianos, outra rua grega, cheia de gregos, Chinatown, etc.

Sinto que as culturas na Australia, o sentido de "pertencer a um lugar", eh mais delineado e diferenciado enquanto no Rio eh mais uma mistureba danada, que deve ser ateh maior que na Australia. Mas eh uma mistura mais "socada", mais antiga, o que destaca ainda mais a ainda jovem historia da Australia. Essas semanas sao muito legais, vejo que ainda sao pequenas e fora do mainstream mas com otimo conteudo e iniciativa. Pretendo ver um filme e depois conto por aqui.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sites da/sobre a Australia

Acesso direto diversos sites australianos ou blogs de brasileiros sobre a Australia, e como eu nao sou uma pessoa egoista, vou dividi-los com voces, queridos leitores-amigos-familiares-alguem que achou o site pelo Google-?". Enfim! (Isso me lembra que eu gostaria de entender quem sao voces, um dia eu ainda faco uma pesquisa sobre os leitores desse blog).

São eles:

Jornais e noticias

The Courier Mail - Noticias de Brisbane e Queensland. Acesso de vez em quando pra saber o que esta rolando nas redondezas. Jornal local - os jornais locais estao sempre na preferencia do leitor, voce sabia? Pra mim (e isso sem consultar pesquisa nenhuma) o site mais acessado pelos cariocas eh o Globo online, e dos paulistas eh o UOL. E dos Brisbanites, o couriermail.com.au. Ponto final.

Sydney Morning Herald - Acesso de vez em quando para sair das as vezes bobinhas noticias locais para as grandes materias nacionais. Quer saber se a taxa de juros aumentou, ou sobre as noticias do mundo vistas por olhos australianos, ou pra acessar blogs otimos sobre o viagem (adoro esse daqui)? Eh com o SMH.

Dicas

Our Brisbane
- Dicas sobre Brisbane: shows (pagos ou digratis) em Brisbane e nas cidades do entorno, restaurantes, mapas, lista com os top best lunches ou breakfastas, informacoes sobre cada bairro de Brisbane, onde tem shopping, qual eh o melhor parque da cidade, atracoes pr criancas... tah tudo aih.

Real Estate (imoveis para alugar ou vender)

Real Estate.com.au - Se voce em comprar ou alugar uma casa na Australia, acesse. Se voce quer conhecer um pouco sobre como sao as casas na Australia, acesse tambem. Com fotos, mapas, artigos e etc. Voce viaja sentado de frente para o computador.

Banco

Commonwealth Bank - Eh o meu banco. Precisa falar mais?

Cinema

Southbank Cinema - Sessoes de um dos cinemas mais baratos da cidade, e com estacionamento gratuito.

Blogs ou revistas de brasileiros sobre a Australia

Brazil Australia - Lucido, esclarecedor e completo, o autor - cristao fervoroso - fala bastante sobre os desafios iniciais, como arrumar um emprego e a vida do estudante brasileiro aqui na Australia.

The News Rider - Foco na economia australiana e na sua relacao com os paises do mundo.

Falando Portugues Magazine - Voce sabia que aqui na Australia existe uma revista feita por brasileiros e para brasileiros? Ela mesma.

Emprego

Seek.com.au - Achei meu emprego aqui. Pra mim é o melhor.

Imigração (vistos e etc)

Department of Immigration and Citizenship - Já usei muuuito na época que estava procurando as opções para continuar na Austrália. Se você quer vir pra Austrália, procure informações aqui, direto da fonte.

Se lembrar de mais eu falo. Have fun!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Últimas minhas e da Austrália

Comecei esse blog tão animada a escrever pelo menos três posts por semana – e ainda estou – mas, como já falei antes, o trabalho está realmente pesado e me consumindo, principalmente no ultimo mês. Quem já trabalhou na implementação de SAP sabe o que eu estou falando. Geralmente saia às 5 da tarde e quando chegava em casa ainda tinha ânimo de sentar no computador e escrever mais. Mas não, agora esse tempo acabou e são apenas memórias boas do passado. Justo eu, que às vezes reclamava que não tinha muita coisa pra fazer, agora não tenho tempo para fazer tudo o que tenho que fazer. Me lembra aquele velho ditado “cuidado com o que você pede pois o seu pedido pode ser atendido”. É, eu era feliz e não sabia.

Minha rotina tem sido chegar no trabalho às 8 da manhã e sair as 5.30, 6 da tarde. Hoje, por exemplo, cheguei no escritório às 7.30 da manhã e saí lá pelas 6 da tarde. Muitas vezes almoço sentada na mesa olhando pro computador. Ou seja, estou fazendo justamente o que eu criticava sobre a cultura australiana de não socializar na hora do almoço. Agora entendo bem o porquê deles fazerem isso, pelo menos pra mim, pois assim consigo de vez em quando sair as 5 da tarde e ir pro meu querido vôleizinho a noite.

Sabe que eu até gosto de chegar mais cedo e sair mais cedo do trabalho? No começo foi difícil me acostumar a acordar tão cedo, mas hoje em dia eu me adaptei. É tão bom saber que tenho a noite inteira pela frente... Acho que outro ponto é que não tenho saído a noite durante a semana ou feito alguma coisa com algum amigo como fazia tanto no Brasil (tá lendo isso Pedro?) – até faço, mas como já falei algumas vezes, aqui as pessoas acabam se encontrando mais cedo pra jantar, ou pra beber, ou seja lá o que for, “puxando” as horas para baixo.

Ah, e como falei, é claro, duas vezes por semana vou do trabalho direto pro vôlei de praia.

Vôlei de Praia em Brisbane
Falando nisso (pois vamos combinar que falar sobre vôlei é bem melhor do que falar sobre trabalho), descobri que aqui em Brisbane tem diversos lugares com vôlei de praia, mesmo sem ter praia na cidade. Como já falei nesse post, jogo vôlei de praia rebound todas as terças e agora, às quartas jogo vôlei de praia “normal”, sem ser o tal rebound. Conheci um dos integrantes do time em uma festa e ele comentou que jogava vôlei em uma praça em West End, perto do centro. Não deu outra , me ofereci para entrar no time e, há dois meses, jogo toda quarta com eles. A ironia é que o time se chama “Team Brazil” pois foi iniciado por uma brasileira (que quase não tem jogado pois torceu o pulso ou alguma coisa assim).

É engraçado como até em jogo de vôlei de praia o jeito dos australianos se comportarem é diferente dos brasileiros.Tenho a impressão que no Brasil somos mais competitivos. Eu sinto que aqui na Austrália o jogo rola muito mais na brincadeira, um sacaneia e faz piadinha o tempo todo, enquanto no Brasil me parece mais sério, o pessoal quer jogar e se esforça pra ganhar. Aqui não vejo todo esse esforço, o jogo é mais de farra (o que às vezes me irrita um pouco, poderiam levar mais a sério). Por exemplo, quando um jogador do time adversário saca bem, alguém fala do time fala “nice serve” pro jogador do outro time. Ah, fala sério, motivar o outro time? No Brasil geralmente as pessoas falam pro próprio time “se liga aí galera”. Também acho que rola mais comunicação no Brasil (tipo aqueles berros “minhaaa” falando que a bola é minha – sai de perto). Aqui rola aquele “deixa que eu deixo” direto.

Outra coisa que aqui é diferente é que não rola aula de vôlei como eu tinha no Rio. No Rio eu pagava 90 reais por mês na Escolinha do Betinho, lá no Posto 11, e podia jogar de segunda a sexta-feira, de 19.30 às 21.30 da noite. Meu horário mesmo era de 19.30 às 20.30, mas poderia ficar e entrar em algum time até às 21.30 se quisesse. O legal é que tínhamos 30 min de treino: treinava manchete, ataque, fundamentos do vôlei, como fazer isso e aquilo... e a última meia hora a gente jogava livre, sempre jogos de duplas. Aqui não – pelo menos ainda não encontrei esse esquema. Aqui você paga 10 dólares por um jogo de 45 minutos com quatro pessoas em cada time e sem treino. Facada né?! Ah, e o detalhe mais importante é que não rola a praia do Leblon e uma água de coco após a partida, mas é melhor nem entrar nesse assunto...


Esqueci de comentar que aqui na Austrália não rola ver o Chico Buarque andando ao lado da quadra...

Mudando mais uma vez de assunto: no domingo que passou foi o ANZAC Day aqui na Austrália. Ah, antes de entrar nesse assunto, vou contar uma coisa pra vocês: quando um feriado na Austrália cai no domingo ele é automaticamente transferido para a segunda-feira. Ou seja, você nunca perde um feriado. Segunda passada não trabalhei por que domingo foi feriado. Bom né?

ANZAC Day

Mas voltando a falar sobre o ANZAC Day, que cai em todo dia 25 de abril, segue um pequeno resumo tirade do Wikipedia:

Anzac Day is a national day of remembrance in Australia and New Zealand, and is commemorated by both countries on 25 April every year to honour members of the Australian and New Zealand Army Corps (ANZAC) who fought at Gallipoli in Turkey during World War I. It now more broadly commemorates all those who died and served in military operations for their countries. Anzac Day is also observed in the Cook Islands, Niue, Samoa and Tonga.

Resumindo muito, o dia 25 de abril celebra o aniversário da primeira grande operação military combatida pelos ANZACs na Primeira Guerra Mundial. Pra quem não sabe, Anzac significa Australia New Zealand Army Corps que seriam os soldados da Austrália e Nova Zelândia - naquela época o exército dos dois países era um só. Atualmente o país celebra a vida (e morte) de todos os soldados que morreram em todas as guerras que a Austrália já participou, que foram muitas. Ou seja, esta é uma comemoração bem patriótica com marchas, passeatas e discursos de veteranos de guerra ou de seus filhos e netos contando como eles são orgulhosos do que seus pais/avós/etc fizeram pelo país durante a primeira Guerra. Nesse link você pode conferir como foi a comemoração em Brisbane. No domingo escutei o barulho de jatos no ar, aqueles aviões voando baixinho soltando fumaça, mas foi só. O feriado eu passei mesmo foi curtindo uma praia em Gold Coast.

Esse post foi um pout-porri de assuntos né. Em breve escrevo mais. Alguma sugestão de assunto?


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Border Security

Border Security é um reality show do canal de TV australiano Channel 7 que mostra o trabalho de “segurança na fronteira” feito pelos agentes de imigração, pela alfândega e do serviço de inspeção de produtos que chegam à Austrália. Eu adoro, tem muita ação, reações emocionais inesperadas, frieza dos agentes, truques inesperados dos passageiros/turistas/etc desmascarados... é um programa que mostra até que ponto o ser humano pode chegar para conseguir imigrar para a Austrália, ou traficar drogas, ou para trazer algum produto escondido para o país.

Vou citar alguns casos que já vi para você entender melhor o reality show. Ele mostra, por exemplo, quando tem um vietnamita suando em bicas tentando entrar na Austrália que parece meio suspeito de estar trazendo drogas – o programa mostra ele sendo parado, revistado, interrogado até acharem ou não drogas nele. O programa também mostra um casal vindo da China cheio de ervas medicinais que preenche o formulário da alfândega dizendo que não estão trazendo nada “proibido” mas depois acabam sendo descobertos e fingem que “não entenderam” o que estava escrito. Ou um ex-presidiário da Nova Zelândia com um vasto histórico criminal tenta entrar na Austrália, acaba sendo parado e interrogado, e tem que dar justificativas para a sua vinda a Austrália e, no final, qual é a decisão da imigração: se deixa ou não ele entrar no país. Ou mostra uma mulher vindo da Malásia que diz ser turista mas que não tem um pingo de dinheiro e que, no final, descobre-se que ela obviamente vai procurar emprego ilegal na Austrália por isso ela acaba sendo mandada de volta pra Malásia. Ou mostra um pacote vindo do Brasil que passa pelo raio-x (90% da correspondência internacional que vem para a Austrália passa por raio-x), lá eles verificam algum produto suspeito dentro do pacote, os agentes australianos o abrem e descobrem que dentro do inocente livro infantil tem 250 gramas de cocaína escondida (esse exemplo é real e apareceu no programa da semana passada).

A Austrália é um dos países com a entrada mais restrita do mundo: praticamente todas as nacionalidades precisam obter visto antes de entrar no país (para alguns países o processo é mais fácil - apenas pela internet -, para outros, como o Brasil, é mais difícil onde até para obter visto de turista é necessário mostrar, por exemplo, demonstrar prova financeira de que se tem condições de bancar a viagem). Além disso, por ser um continente-ilha com uma fauna e flora únicos no mundo (vide cangurus e coalas que só existem aqui), o país tem a quarentena, que é a proibição da entrada de qualquer tipo de comida, planta ou produtos animais – isto por que esses produtos podem trazer diversas doenças e pestes para o país (aqui está a lista do que se pode ou não se trazer para cá). Além é claro, de obviamente não se pode entrar com qualquer tipo de droga, o que muita gente tenta fazer mas acaba sendo pega.

A maior parte do programa é filmado nos aeroportos de Sydney e Melbourne mas às vezes ele também mostra casos nos aeroportos de Brisbane, Perth, nos portos, nos correios, batidas nos lugares suspeitos de estarem empregando estrangeiros sem visto de trabalho, ou o trabalho da alfândega nos barcos ancorados no norte da Austrália (perto da Indonésia e Papua Nova Guiné).

Não é sempre que acontece alguma coisa: às vezes, nada acontece e a pessoa é liberada sem nenhum problema. Às vezes não. Os casos que mais me impressionam são os das pessoas que tentam traficar drogas. Os agentes da imigração suspeitam, por exemplo, de pessoas do sudeste asiático que saíram e voltaram da Australia umas quatro vezes nos últimos seis meses e que acabam permanecendo apenas três dias na Austrália sem nenhuma explicação aparente. Em 90% dos casos eles estão carregando alguma droga dentro deles. Os agentes dos aeroportos já estão carecas de saber disso, por isso eles detectam rapidamente quem pode ser um traficante. Nos correios existem muitos casos de latas lacradas com drogas dentro (geralmente eles pesam as latas e o peso é bem diferente do que está escrito no rótulo) ou, como citei no exemplo do livro infantil que veio do Brasil, os traficantes tentam esconder as drogas entre a capa e a primeira página (que são coladas mas que tem a droga escondida por dentro), em tecidos de tapetes ou roupas, em maquiagem, enfim, vale tudo.

É claro que existem controvérsias sobre o programa. Em seu livro sobre a indústria de Relações Públicas na Austrália o escritor australiano Bob Burton reclamou que na edição do programa é bem provável que eles retirem os trechos que mostram os erros do governo e, com isso, parece que o governo está sendo justo e efetivo na proteção das fronteiras. Pra mim isso é óbvio: é claro que acontece preconceito contra asiáticos e indianos, grosseria, ameaças e etc - ninguém é bonzinho, muito menos australianos que trabalham “protegendo fronteiras”.

Fora isso eu acho um tremendo exagero essa política de quarentena – não se pode trazer nenhum tipo de comida pra Austrália, nenhuma mesmo, nada. Outro dia em um programa um músico cubano trouxe pra Austrália um pandeiro que tinha sementes secas e envernizadas penduradas em volta, estilo aqueles colares e pulseiras que os índios fazem e que se vende em qualquer canto do Brasil. O tal do pandeiro não pôde entrar e ficou retido. O cara quase chorou pedindo pelo amor de Deus, que era o intrumento de trabalho dele, que era exagero etc e tal, mas não teve jeito, ficou sem.

Apesar de ser um reality show, duvido que ele retrate a realidade nua e crua. E também acho difícil ter um programa do gênero no no Brasil, que tem uma realidade (e, principalmente, uma Polícia Federal) bem diferente da australiana. Se é politicamente correto ou não eu não sei - mesmo assim, o programa continua sendo bem interessante.

Neste link do You Tube você pode ver alguns trechos.