segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Associações comunitárias: fazendo valer a voz do cidadão

Nesse final de semana li uma matéria excelente na revista Q Weekend, que vem encartada no jornal local de Brisbane The Courier Mail. O que mais me chamou a atenção foi a diferença nas atitudes de brasileiros e australianos na questão central da matéria, que falava sobre a imensa quantidade de associações comunitárias em Brisbane contra coisas que a população não concorda e não quer deixar acontecer.

Bem, deixa eu explicar melhor: como já falei algumas vezes pra vocês que lêem o blog (vejam aqui e aqui), Brisbane é a cidade que mais cresce na Austrália. Cresce em tudo: população, número de prédios, de necessidades estruturais (ex: novas antenas para telecomunicações etc), supermercados, lojas, calçadas, estradas etc etc. Muitas vezes esse crescimento acarreta, por exemplo, na demolição de prédios históricos que são substituídos por prédios altos e modernos, na construção de mega-supermercados em áreas muito tranquilas, na colocação de antenas de transmissão de dados perto de escolas... ou seja, inúmeras mudanças para a população que já mora aqui e que tem uma vidinha tranquila, e em sua maioria, pra eles essas mudanças são pra pior.

É claro que para o governo todas essas mudanças significam mais dinheiro arrecadado, então o que eles querem mesmo é que as mudanças sejam feitas. Os empresários, por questões óbvias, também. Quem sobra no meio, sem dinheiro e nem poder? A população. E o que eles fazem para serem ouvidos? Se juntam através dessas associações e assim, se defendem, gritam, esperneiam, mas não ficam quietos frente ao que acham que está errado, ao que podem mudar. E aí está a diferença. Por que uma coisa é reclamar numa mesa de bar, ou em um espaço de comentários de um grande jornal. Outra coisa é se organizar, juntar mais gente para dar mais força a sua defesa, ir ao local com cartazes e o escambau, fazer boicotes contra certas empresas que teimam em não ouvir a população, usar a internet como meio de comunicação para espalhar o assunto (nisso a Austrália tem vantagem já que tem muito mais gente conectada do que no Brasil). E é isso que eu não vejo nós, brasileiros, fazendo. Vejo um grito e outro, uma passeata aqui e acolá, mas não associações estruturadas e efetivas, fazendo cobranças ferrenhas e constantes sobre aquilo que não acham certo. Eu tomei a matéria como um belo exemplo pro Brasil. Sobre o poder que temos e que não usamos, e sobre como isso pode fazer a diferença.

Para ilustrar a matéria eles colocaram como exemplo uma nova antena de telecomunicações que a Telstra (a maior companhia telefônica da Austrália) quer colocar perto de uma escola em Mt-Cotha, que é o ponto mais alto de Brisbane. Muita gente não quer essa antena lá: moradores e pais das crianças que estudam nessa escola. O principal motivo deles não quererem a antena, veja só, é por que as ondas de rádio que transitam por ali podem afetar a saúde das crianças. Nada disso é comprovado cientificamente ainda, talvez essas ondas transmissoras nem sejam tão maléficas assim, mas por precaução – já que, daqui a 20 anos, podem descobrir que elas são altamente cancerígenas, por exemplo – eles preferem não expor as crianças.

Vasculhei a internet pra colocar o link pra matéria aqui, mas não encontrei (não é a primeira vez que não acho matérias online dessa revista). Seguem a foto da capa e da passeata contra a tal antena.

 
 

Foi mal mas ainda não tive tempo de escanear a matéria e colocá-la aqui. Se alguém gostou do assunto, escreve um comentário que eu faço isso tá? Matérias como essa são sempre boas e devem ser espalhadas por aí, por isso escanear não é perda de tempo, e sim, um investimento...

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