segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Poder de compra de brasileiros e australianos

Sabe aquela pesquisa que compara os preços dos Big Macs pelo mundo? É essa aqui: Prices and Earnings, da UBS, que faz essa pesquisa desde 1971. Ela compara o poder de compra das pessoas em 73 cidades pelo mundo, e inclui o Rio de Janeiro, São Paulo e Sydney. O que eu acho legal dessa pesquisa é que ela compara alhos com alhos, e não com bugalhos.



Eu canso de falar com as pessoas no Brasil que não adianta converter os salários e preços de dólar australiano para o real, fazendo uma simples conversão de cabeça usando a cotação do dia. As pessoas aqui ganham em dólar australiano e gastam em dólar australiano, e não em real. Tem que comparar relativamente, salário ganho com preço das coisas. E é isso que eles fazem: comparam salarios de cada um e custo de vida, mas proporcional a capacidade de compra da moeda de cada pais.

Mas vamos lá.

Salários:

Os mais altos estão em Zurique e Genebra, na Suiça. Quem está em Sydney recebe, em média, cerca de 70% disso, já em São Paulo, cerca de 28% e no Rio, 23. Alguns exemplos:

  • Um profissional de construção civil ganha 4.800 dólares americanos por ano no Rio, 4.700 em São Paulo e, em Sydney, 29.200. Sim, para o mesmo trabalho.
  • Engenheiros ganham 31.600 no Rio por ano, 28.500 em Sampa e 54.900 em Sydney.
  • Um líder de um departamento operacional, com um time de mais de 100 pessoas em uma empresa de metais/mineração, ganha 26.700 no Rio, 49.300 em Sampa e 80.000 em Sydney.
  • Professor então, dá pena dos nossos: um professor de escola primária ganha 9.800 por ano no Rio, 8.200 em SP e 37.000 em Sydney.
Compra de produtos:

  • Em Sydney, trabalha-se em média 14 minutos para comprar um Big Mac, 40 minutos em São Paulo e 51 minutos no Rio.
  • Já para comprar um iPod Nano 8G, em Sydney trabalha-se 9.5 horas, em São Paulo, 46.5 horas e 56 horas no Rio.
Mas todo mundo sabe como iPods e afins são caros no Brasil, e como alimentos são mais baratos. Ok, vamos lá:
  • Para comprar 1 kg de arroz trabalha-se 15 minutos no Rio, 12 em São Paulo e, a-há: 11 minutos em Sydney.
  • 1 kg de pão? Labuta por 16 minutinhos em Sydney, 26 minutos em São Paulo e 34 minutos no Rio.
  • Uma cesta de alimentos com 122 ítens custa US$ 1770 no Rio, 1.879 em Sampa e 2.033 em Sydney. Contando que os brasileiros recebem quase 60% a menos que os australianos, dá pra ficar bem claro agora que o poder de compra do pessoal de Sydney é bem maior, já que a diferença no custo desses produtos é de menos de 20%.
Já uma cesta de produtos eletro-eletrônicos (inclui PC e alguns outros ítens) custa 3.560 dólares americanos no Rio, 3.660 em São Paulo e 2.660 em Sydney. É por isso que qualquer casinha classe media-média Australiana tem TV de LCD 50 polegadas, DVD, computador em cada quarto, som, o escambau. Eletro-eletrônico na Austrália é MUITO mais barato que no Brasil. Já ouvi falar que quase não tem assalto a casas aqui na Austrália - e sabe por que? Fora o óbvio (pobreza bem menor), nem ladrão quer esses produtos pois sabe que não vai ganhar quase nada com eles na revenda.

Turismo: 


Na pesquisa eles até pensaram em uma viagem curta desde cada uma dessas 73 cidades, e essa viagem inclui 10 ítens como: diária para casal em um hotel de primeira classe, jantar para dois com uma garrafa de vinho, uma corrida de táxi, um aluguel de carro, dois ingressos para o teatro, e algumas outras coisinhas. No Rio isso custaria 520 dólares, em SP, 500, e em Sydney, 630 dólares.

Aluguel:

Aí Sydney perde, pois é mais caro que Rio e Sampa. Aliás, acho que o único item realmente bem mais caro na Austrália é o setor de imóveis: compra/venda e aluguel. Mas é aquela velha história... os juros de hipoteca na Australia é de 5,5% ao ano, já no Brasil é de uns 12%.

Ou seja, os brasileiros recebem menos e tem um custo de vida mais alto que os australianos, resultando em um poder aquisitivo muito menor.

Obviamente que a pequena percentagem da população que ganha mais de 5.000 reais por mês está bem de vida no Rio de Janeiro. Mas e a maioria da população? Sinceramente, não sei como eles conseguem sobreviver. Aliás, eu sei sim: morando em favelas ou viajando três horas por dia em trens lotados, usando o serviço público de saúde, muitas vezes fazendo os famosos gatos e roubando eletricidade e água, e infelizmente muitas vezes sem uma perspectiva de um futuro melhor. Se recebessem melhores salarios, quem sabe neh?!

3 comentários:

Unknown disse...

O Brasil hj em dia é um dos lugares mais caros para se viver no mundo!!!
além de tudo isso que vc comentou, pagamos ainda 27,5% do que ganhamos para o imposto de renda, fora os outros, e o governo não nos dá nada em troca. nem saúde, nem educação e nem aposentadoria.

Verinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.