Esse post não é sobre a Austrália, mas achei isso incrível e tinha que dividir com vocês, leitores do blog.
É impressionante esse mundo da internet, né não?!
Enquanto isso, o que lembro do mundo sem internet, sem celular, sem camêras fotográficas digitais, sem redes sociais como Facebook, Orkut e afins...
Euzinha aqui, nascida em 1979 com meus trinta anos de idade, posso dizer que a internet faz e fez parte da minha vida, mas esse fenômeno, pra mim, começou tarde. Faço parte de uma geração que viveu os dois mundos, as duas fronteiras, com um pé lá e outro aqui. Não nasci digitando, não nasci brincando com complexos programas de computador, não nasci na época do celular, muito menos da máquina fotográfica digital... aos poucos vi nascendo essas maquininhas, esses produtos, essas redes sociais, esse mundo super-hiper-conectado e global. Lembro que as perguntas iniciais eram “será que a gente vai precisar disso mesmo?” “Pra que serve?” “Ah, um computador com 16 Mb, quem é que vai precisar disso algum dia? Que exagero!”. Agora, não há perguntas e sim, apenas uma resposta: “eu quero!”.
Quando eu era garota tudo isso era muito novo e a desconfiança ainda fazia parte do nosso mundo. A entrega ainda não era total. Estávamos tateando, descobrindo, éramos até um pouco ingênuos, não sabíamos para onde iríamos, da nossa capacidade, da capacidade do mundo de criar e inovar.
Quando era mais nova me lembro bem quando usávamos o DOS para jogar Piratas no computador. Ao lado do computador tinha um papel com o atalho para se achar o jogo, já que tínhamos que digitar vários códigos e letrinhas para se chegar lá. Se perdessemos o papel, perdíamos a diversão. Ah, e o jogo, é claro, sem nenhuma dimensão, bem diferente do que é hoje onde os piratas se parecem com pessoas reais. Também lembro do Atari, e depois, do Phantom System e do seu concorrente Mega System.
Lembro do Amiga 2000 que o Gustavo, meu irmão-emprestado, ganhou da mãe dele de uma viagem que ela e meu pai fizeram à Europa. Era o máximo do máximo ter um Amiga 2000, o Gustavo virou “o cara” do condomínio com aquele computador... Também lembro dos Floppy Disks enormes, que ficavam guardados numa caixinha ao lado.
Lembro que quando meu pai viajava pra fora do país, antenado que só ele, a primeira pergunta que fazia era: “me contem, o que aconteceu no Brasil?”. Lembro bem que nessa mesma viagem, nós contamos pra ele na volta do aeroporto que o Cazuza tinha morrido. Ele ficou surpreso, afinal, as notícias não viajavam pelo Atlântico em apenas dois cliques. Surpresas essas que quase não existem mais, e quando existem, duram minutos, e não mais dias ou semanas.
Lembro do meu irmão mais velho Beto, lá no distante início dos anos 90, passando três meses na Europa de mochilão sem mandar cartas e nem notícias e a minha mãe, obviamente, desesperada. Às vezes ele ligava, mas sempre um tanto monossilábico provavelmente por causa de alguma sueca ou norueguesa que encontrou em alguma ilha Grega. Uma ligação era uma alegria já que as raras cartas que chegavam contavam histórias de tempos passados, já que uma carta enviada da Inglaterra que seja demorava um mês para chegar em terras tupiniquins. É mãe, você teria ficado feliz se tivesse existido email ou Skype naquela época.
Ainda lembro do curso de datilografia que fiz lá na rua das Laranjeiras, perto do Largo do Machado. Eu e minha irmã íamos juntas, e lembro bem do cartaz em cima do teclado – sim, era assim que aprendíamos, sem poder ver as teclas. Hoje em dia as crianças sabem usar o teclado antes de aprender a andar de bicicleta.
Na minha época de colégio nós fazíamos os trabalhos em folha de papel almasso e cartolina. Lembro de pedir a minha mãe e à minha irmã, ótimas desenhistas, para desenharem as imagens para a feira de ciências, ou para qualquer trabalho que o seja. Os meus coleguinhas adoravam fazer trabalho comigo, sabiam que vinham bons trabalhos no final. E a caligrafia era sempre uma preocupação. Ah, e o Liquid Paper, lembra dele? O papel parecia que tinha três camadas de tanto usá-lo. Era usá-lo ou ter que reescrever tudo de novo.
Os trabalhos, aliás, sempre feitos a base da Enciclopédia Mirador, ou a do Estudante (eram as que tínhamos em casa) ou a Barsa. Hoje em dia a escolha é entre Mac e PC. Lembro que naquela época tínhamos que realmente pesquisar, ler o que estava escrito, resumir, afinal, com tão poucas opções, se copiássemos ipsis literis o que estava na enciclopédia o professor obviamente iria descobrir. Tínhamos que disfarçar. Copy and paste? Há, quem dera. O mundo era cruel.
Lembro também da época que não existia blog – o máximo mesmo eram as agendas, se possível da Cantão ou da Company, coloridérrimas, com adesivos, recortes de jornais e revistas, e que contavam sobre toda a nossa vida. Mas naquela época, ao contrário de hoje em dia, a gente escondia a agenda e não colocava a disposição de uma rede mundial pra todo mundo ler.
Lembro da ansiedade com que esperava uma filme fotográfico ser revelado e, assim, de poder rever as tão esperadas fotos das férias, de festas, da vida. Hoje em dia, repara só, logo após uma foto ser tirada a maioria das crianças (e adultos, claro) já perguntam “deixa eu ver?” ou pulam para trás de você pra poderem ver a telinha da máquina digital e o resultado daquele click.
Lembro quando comecei a época de festinhas e saídas, lá pelos meus 14 anos, e ficava desesperada com a minha mãe e suas intermináveis conversas pelo telefone. Não existia celular, email, msn, Orkut e muito menos Facebook, e se o amigo encontrasse o “tum-tum-tum” na outra linha, já era, uma conversa perdida e nunca nem imaginada. Soh milionario tinha duas linhas em casa, e uns super ricos do colegio tinham ateh PABX com musiquinha, veja soh. Lembro até do número antigo lá de casa, 265-7412, ainda começando com 2 e sete números. Hoje em dia eu nem tenho telefone fixo em casa.
Lembro de chegar em casa e ir direto perguntar pra alguém que já estava lá: “alguém me ligou? Anotou o recado?” “Ah um menino ligou pra você mas não quis deixar o recado” “mas como era a voz dele? Grossa? Fina? O que ele disse? Repete tudo por favor!”. Não tinha missed calls, bina, identificador de chamada, nada disso.
Lembro quando meu pai comprou um celular daquele estilo “tijolão”, devia ser nos áureos 94, 95... lembro que eu me perguntei “mas pra que ele precisa disso, tem telefone em casa ué”. Lembro também uma vez que ele esqueceu o celular em cima do carro e só foi se dar conta disso após sete curvas e três ladeiras – quando parou, o celular ainda estava ali, em cima do carro, paradinho. Ponto pro tijolão.
Lembro bem quando o meu primeiro namorado, o Rodrigo, me mostrou a internet, lá pelos idos de 1996 - eu tinha 16 anos na época. Era caríssimo ter internet naquela epoca. Lembro da linha discada, e do barulho “piiiiiiiiiiiii-proooo-pruprupru-piiiiiiiii” e, enfim, conectado.
Lembro que a minha primeira experiência com a internet foi em um chat, acho que era o ICQ ou o UOL, e eu não entendia nada, não achei muita graça, que coisa mais demorada, meu Deus. Tudo bem, vamos tentar. É, até que não é ruim não... Ah, deixa eu ficar mais um pouquinho?
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6 comentários:
Eu de cara achei a internet uma ferramenta muito legal já que sou de comunicação. Tem muito lixo na rede. Acho que é necessário um mínimo de critério, mas tb tem coisas muito legais, como esse blog. Vi agora na TV que houve um temporal em Brisbane. Espero que já esteja tudo ok. Aqui tivemos um Carnaval sem chuva, mas um calor...
Vera, e os telefones da TELERJ de ficha? Na epoca que celular era coisa de rico, essa era a unica maneira de ligar pros pais de uma matine pedindo pra buscar mais tarde, haha. Depois foi A evolucao para cartao telefonico, que moderno! Que coisa de primeiro mundo!
Ana, caiu o maior temporal aqui sim, mas estávamos precisando pq estava MUITO quente. Mas ainda está um calor bem úmido, a cidade parece uma imensa sauna a vapor. Eu li sobre o calor do carnaval no Rio, Deus me livre, prefiro ar-condicionado... quente assim é demais.
hahaha boa Gi, bem lembrado! Ficha! Caramba, estamos ficando velhas hein. Matinê? Nossa... Agora vc me lembrou d'eu com meu Nauru, calça santro-peito e camisa de Bali (me achando coitadinha), indo pro Resumo ou pra Wells Fargo (lembra daqueles telefones nas mesas?). Essa ainda era a época das fichas :)
Oi Maninha!! Adorei o seu texto! As vezes também fico pensando como sobrevivemos sem celular. Imagina como seria nossa vida naquela época em Itaipava. Provavelmente o telefone não pararia...
Verihna.....
Me identifique mucho con tu texto, la verdad muy buenooooo, y es divertido por que a pesar de ser de lugares tan distintos, nuestras experiencias son muy parecidas, te mando un beso enorme, muchos saludos a Aron y como siempre.....ESTAMOS CON MUITAS SAUDADES DE VOCES
Ótimo texto!
Relembra os tempos antigos com bastantes detalhes, situações das quais nos deparávamos, hoje em dia as crianças nem imaginam.
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