Conheci a Sonya Edith Francis quando eu estava trabalhando como garçonete em um restaurante italiano. Estava servindo uma mesa enorme com cerca de 20 pessoas que não paravam de falar, e uma das minhas tarefas era contar quais eram os pratos especiais do dia. Com o meu jeitinho bem sutil, gritei bem alto um “hello all, I’ll let you guys know what are the specials of the day” e comecei o meu discurso de dois minutos recitando os cinco pratos especiais do dia (aliás, cada uma que já passei nessa Austrália...). Pois bem, após falar os especiais, essa menina me chama e vem falar comigo com um sotaque bem gringo “oi, você é brasileira?” “sim, sou” “já morei no sul do Brasil, amo, lá é muito legal”. Conversa vai, conversa vem (sim, trabalhar como garçonete tem dessas coisas – cá entre nós, muito melhor conversar com clientes e conhecer pessoas novas do que servir comida e aturar chef italiano grosso) e assim descubro que a Sonya namora um amigo meu, o Tato. Mundinho pequeno esse...
Depois desse episódio do restaurante acabei a encontrando em algumas ocasiões, ainda aqui na Austrália, e tivemos algumas conversas. Nesses bate papos ela me confessou que o maior desejo dela, sonho mesmo, era voltar a morar no Brasil mas dessa vez, no Rio de Janeiro. E não é que ela foi mesmo, na cara e na coragem? E assim ela está, vivendo no Rio como professora de inglês e tradutora. Na Austrália ela era Consultora de Recrutamento de Recursos Humanos.
Sonya tem 28 anos, nasceu e cresceu na pequena cidade de Townsville, no norte do estado de Queensland, é descendente de indianos e ingleses e já mora há mais de um ano em Copacabana. E nem pensa em voltar para a Austrália. Aqui ela conta um pouco sobre a experiência e as diferenças entre a Austrália e o Brasil. Eu mandei as perguntas em português mas ela respondeu em inglês – eu ia traduzir, mas acho que é sempre um aprendizado para o leitor ler em inglês “australiano”. Vamos lá:
Como começou a sua história com o Brasil? (digo, quando vc se mudou para o Brasil pela primeira vez, por que, etc)
I first came to Brazil in 1999 to do a Rotary Youth Exchange Program for one year. I lived with three families in Sao Bento do Sul, Santa Catarina (South of Brazil). I was 17 at the time.
Como foi voltar pra Australia depois de morar um tempo no Brasil? Você começou a ver a Austrália “com outros olhos” (digo, de outra forma)?
The ‘readjustment’ to Australia after living for one year in Brazil was difficult to say the least. After being in such a warm and open culture, particularly living within families and being treated as a daughter of the family, I felt Australia to be a somewhat cold and individual society. I felt relationships between friends, family, colleagues etc in Australia to be very different to those in Brazil. Perhaps not worse, but different in the way people are brought up to treat others. I think the sensitivity and sincerity in the way all Brazilians treat others was the main difference. Sensitivity and sincerity is certainly something which lacks in the way Australians treat each other.
Por que você voltou pro Brasil?
Living in Brazil again was always a dream, ever since I returned after the Exchange Program. I have always loved the country, the culture and the people. This time I really wanted to experience the Rio lifestyle.
Aprender português foi muito difícil?
Learning Portuguese was not that difficult for me in the beginning. I had some luck – I was 17 at the time, I lived in a small city where German (and not English) was the second language and I went to school for 1 year, being able to learn from my school friends. These elements forced me to learn the language very quickly. I also love the Portuguese language and took it upon myself to keep improving. Now, after 10 years of being exposed to the language, I feel that to write, speak and read Portuguese at a professional level is very difficult, particularly without any formal study and or training.
O que você mais gosta no Brasil?
Oh! So much! Primarily the culture – which includes the Brazilian people, the language, the music, the food, the history.... even the bagunça! E muito muito mais! One thing I feel I need to mention here is the ‘curious’ nature of the Brazilian people. I find them to be extremely curious people who love to know everything about people from other countries and or places.
E o que você menos gosta?
The lack of education. I think it affects Brazil’s way of life and speed of progress at all levels.
Pra você, quais são as maiores diferenças entre o Brasil e a Austrália?
For me, the culture if the main difference. Australia does not have a defined culture of its own, whereas Brazil has a strong and varied culture. The nature of the people is also very different.
A violência e criminalidade do Rio afeta muito a sua vida?
I have been lucky – my life has not been affected by the violence here in Rio. Of course, I always take extra care and precautions here.
Você acha a personalidade dos australianos e brasileiros diferente ou parecida? Se acha diferente, quais são as diferenças?
This is a difficult question. There are people of all types in both countries. So, generally speaking - The relaxed and friendly way of Brazilians reminds me of Australians. The differences would be again, the warm and sensitive way Brazilians are naturally. What Australians lack in these qualities they make up for in their politeness and progressive way of thinking. Another difference is sense of humour. I think the Australian sense of humour is more sarcastic, whereas Brazilians are more literal. Finally, another difference (which I mentioned previously) is the way Brazilians are very curious and love to get to know people generally speaking. In this sense, Australians tend to be more reserved and don’t seem to take as much interest in people from other places.
Depois desse episódio do restaurante acabei a encontrando em algumas ocasiões, ainda aqui na Austrália, e tivemos algumas conversas. Nesses bate papos ela me confessou que o maior desejo dela, sonho mesmo, era voltar a morar no Brasil mas dessa vez, no Rio de Janeiro. E não é que ela foi mesmo, na cara e na coragem? E assim ela está, vivendo no Rio como professora de inglês e tradutora. Na Austrália ela era Consultora de Recrutamento de Recursos Humanos.
Sonya tem 28 anos, nasceu e cresceu na pequena cidade de Townsville, no norte do estado de Queensland, é descendente de indianos e ingleses e já mora há mais de um ano em Copacabana. E nem pensa em voltar para a Austrália. Aqui ela conta um pouco sobre a experiência e as diferenças entre a Austrália e o Brasil. Eu mandei as perguntas em português mas ela respondeu em inglês – eu ia traduzir, mas acho que é sempre um aprendizado para o leitor ler em inglês “australiano”. Vamos lá:
Como começou a sua história com o Brasil? (digo, quando vc se mudou para o Brasil pela primeira vez, por que, etc)
I first came to Brazil in 1999 to do a Rotary Youth Exchange Program for one year. I lived with three families in Sao Bento do Sul, Santa Catarina (South of Brazil). I was 17 at the time.
Como foi voltar pra Australia depois de morar um tempo no Brasil? Você começou a ver a Austrália “com outros olhos” (digo, de outra forma)?
The ‘readjustment’ to Australia after living for one year in Brazil was difficult to say the least. After being in such a warm and open culture, particularly living within families and being treated as a daughter of the family, I felt Australia to be a somewhat cold and individual society. I felt relationships between friends, family, colleagues etc in Australia to be very different to those in Brazil. Perhaps not worse, but different in the way people are brought up to treat others. I think the sensitivity and sincerity in the way all Brazilians treat others was the main difference. Sensitivity and sincerity is certainly something which lacks in the way Australians treat each other.
Por que você voltou pro Brasil?
Living in Brazil again was always a dream, ever since I returned after the Exchange Program. I have always loved the country, the culture and the people. This time I really wanted to experience the Rio lifestyle.
Aprender português foi muito difícil?
Learning Portuguese was not that difficult for me in the beginning. I had some luck – I was 17 at the time, I lived in a small city where German (and not English) was the second language and I went to school for 1 year, being able to learn from my school friends. These elements forced me to learn the language very quickly. I also love the Portuguese language and took it upon myself to keep improving. Now, after 10 years of being exposed to the language, I feel that to write, speak and read Portuguese at a professional level is very difficult, particularly without any formal study and or training.
O que você mais gosta no Brasil?
Oh! So much! Primarily the culture – which includes the Brazilian people, the language, the music, the food, the history.... even the bagunça! E muito muito mais! One thing I feel I need to mention here is the ‘curious’ nature of the Brazilian people. I find them to be extremely curious people who love to know everything about people from other countries and or places.
E o que você menos gosta?
The lack of education. I think it affects Brazil’s way of life and speed of progress at all levels.
Pra você, quais são as maiores diferenças entre o Brasil e a Austrália?
For me, the culture if the main difference. Australia does not have a defined culture of its own, whereas Brazil has a strong and varied culture. The nature of the people is also very different.
A violência e criminalidade do Rio afeta muito a sua vida?
I have been lucky – my life has not been affected by the violence here in Rio. Of course, I always take extra care and precautions here.
Você acha a personalidade dos australianos e brasileiros diferente ou parecida? Se acha diferente, quais são as diferenças?
This is a difficult question. There are people of all types in both countries. So, generally speaking - The relaxed and friendly way of Brazilians reminds me of Australians. The differences would be again, the warm and sensitive way Brazilians are naturally. What Australians lack in these qualities they make up for in their politeness and progressive way of thinking. Another difference is sense of humour. I think the Australian sense of humour is more sarcastic, whereas Brazilians are more literal. Finally, another difference (which I mentioned previously) is the way Brazilians are very curious and love to get to know people generally speaking. In this sense, Australians tend to be more reserved and don’t seem to take as much interest in people from other places.
Se passa por brasileira fácil né não?!
Sonya na Confeitaria Colombo, no centro do Rio.
2 comentários:
Engracado, ela acha que nos somos sinceros, rs, eu ja acho o contrario, quando o povo aqui tem que mandar a real chega a doer, haha. Na verdade, os australianos tb gostam de uma fofoca nos bastidores, rs...Seja no ambiente de trabalho ou social, meus amigos soltam uma sobre os nossos conhecidos de vez em quando.
Nossa, ela passa por brasileira facil facil!!!
Acho que os brasileiros são menos fechados na hora de falar alguma coisa, mas não significa que sejam mais sinceros pois brasileiro adora ficar bem com todo mundo - daí para ser falso é um pulo.
Eu já reparei que australianos gostam de uma fofoca, mas não é com todo mundo, tem que conhecer as pessoas antes. Mas gostam sim, com certeza! Volta e meia ouço uma indireta (ou direta).
Pois é, a Sonya passa por brasileira fácil, até mais do que eu!!
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