sábado, 26 de dezembro de 2009

Ferias do blog e feliz 2010!

Hoje eh o "Boxing Day" - dia 26 de dezembro eh chamado assim aqui na Australia. Dia de preguica e acima de tudo, de ferias! Vamos passar o ano novo em Noosa, uma cidadezinha de praia que fica 2 horas ao norte de Brisbane. Um dos meus lugares preferidos na Australia.


O blog tambem vai entrar em periodo de ferias ateh o dia 3 de janeiro. Tenho certeza que 2010 serah um bom ano pro meu novo amigo: jah tenho muitas novas ideias de materias, e tenho certeza que Noosa trara outras. Ontem mesmo, quando eu estava na praia, rolou alarme de tubarao, todo mundo saindo da agua, salva-vidas correndo na praia etc. Tirei muitas fotos e vou falar sobre isso em breve.

Espero tambem que em 2010 as pessoas comentem mais no blog. Eh tao bom ver quando tem algum numero que nao o zero na parte de comentarios. E eu sei que tem muita gente acessando - entao galera, comentem, vai!

Vou ficando por aqui, e daqui a 10 dias a gente se encontra de novo. Feliz 2010!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Isso tudo é muito australiano...

O que é tipicamente australiano? Comida, lugares, roupas, comportamentos... quais são os hábitos e costumes que não são comuns no Brasil e que existem por aqui?

Sentei na cadeira, comecei a escrever, e olha a lista enorme que saiu. E isso é só o começo. Vamos lá:

  • Australianos comem hambúrger com beterraba em lata. No Burger King, etc, o Double Whoper vem com essa beterraba.
  • Comer Vegemite – é horroroso. Vegemite é tipo uma pasta preta que australiano gosta de comer com torrada. Só sendo australiano pra conseguir comer: todos os estrangeiros que tentaram odiaram.
  • Cereal no café-da-manhã. No supermercado tem corredor exclusivo para “cereais matinais”.
  • Linguiça, as famosas “sausages” são onipresentes. Churrasco de australiano significa 70% de sausages. E eles tem uma variedade incrível: ontem mesmo comi uma de frango com macadâmia. Muito boa.
  • Fast food, fast food e fast food. É impressionante a quantidade de McDonals, Hungry Jacks (que é o Burger King daqui), KFC, Subway, Domino's Pizza... estão em todos os lugares.
  • Muitos restaurantes de Fish and Chips (peixe frito com batata frita) - herança inglesa.
  • Em compensação, muita muita comida asiática: tailandesa, chinesa, japonesa, vietnamita, indiana. E elas são baratas. Amo isso - é o que eu mais como aqui.
  • Não por acaso, muita gente gorda na rua. No Brasil você até vê algumas pessoas com barrigão e tal, mas não a quantidade de obesos que tem por aqui. Obeso mesmo, que não consegue nem andar direito.
  • Comer carne de canguru. Sim, no supermercado vende até linguiça de canguru. Não é a preferida, mas eles comem.
  • Sanduíche de batata-frita. Isso mesmo: dois pães de forma, batata-frita e ketchup no meio. Nojento.
  • Jantar cedo. Aqui é bem comum marcarem um jantar para as 7 da noite.
  • Almoçar no trabalho. Em todos os lugares que trabalhei os escritórios oferecem uma pequena cozinha com uma geladeira, microondas, pratos e talheres e etc. É comum as pessoas almoçarem em frente ao computador e não saírem do escritório o dia todo. Ou seja, não há aquela socialização saudável entre colegas de trabalho (eu sinto falta disso).
  • Trabalho de 8:30 as 17hrs e ponto final. A não ser que algo muito grave/urgente esteja rolando. E eles almocam rapido exatamente pra poder sair as 17hrs.
  • Dormir cedo e acordar cedíssimo. Aqui no trabalho várias pessoas vão dormir diariamente às 9, 9.30 da noite, e acordam às 4 da manhã.
  • As cidades australianas são muito parecidas, não tem um toque peculiar... são sempre as mesmas franquias, as mesmas lojas, o mesmo mobiliário urbano. Organizado e limpo, mas chato.
  • Rugas, muitas rugas. Australiano em geral é branquelo + o sol fortissimo do país + eles não tem muita vaidade = rugas. É normal saber que aquela pessoa que você achava que tinha 40 anos na verdade ter 30.
  • A não ser que você vá numa boite, ou em um casamento, ou em um jantar de gala, é chinelo o tempo todo. Outro dia fui a uma festa de Natal - que eu achei que era para ir mais arrumadinha - e a anfitriã estava de vestidinho e chinelo.
  • Andar descalço. Volta e meia você vê um perdido andando no meio da rua, ou no meio do supermercado, descalço. E não é mendigo não, vestido normalmente, mas sem sapato.
  • Crianças na praia com camisa contra o sol, boné e óculos. Aqui o sol é muito forte (o buraco da camada de ozônio fica em cima da Austrália), por isso eles protegem bem a criançada.
  • Mas em compensação, na praia eles não têm o hábito de usar barraca (ou guarda-sol). Não me pergunte o porquê.
  • BYO (Bring Your Own), que significa poder levar a sua própria bebida para o restaurante pagando um preço bem pequeno por pessoa. Isso não existe em nenhum país que já fui. Adoro.
  • Quando é um churrasco grande com convidados, servir com faca, prato, garfo descartável pra não ter que lavar depois. Chiquérrimo...
  • Conviver com animais o tempo todo. Australianos em geral sabem os nomes e tipos de diferentes pássaros, lagartixas, baleias, etc.
  • Venerar a Inglaterra. Eles dizem que não, mas eles gostam de qualquer coisa que venha da Inglaterra, mesmo sendo ruim. Eles comparam tudo com a Inglaterra, a referência sobre qualquer coisa é o país.
  • Dizer “Cheers” ao invés de “Thanks”.
  • Essa eu já falei: fazer uma piadinha, em qualquer situação.
  • Os australianos que trabalham em call center são bem diferentes daquelas “pessoas-robô” dos call centers brasileiros: eles conversam com você, perguntam como foi seu dia, se o trabalho tá bom, falam 'mate', reclamam do sistema q estah lento... é uma “intimidade” só.
  • Carrinho de supermercado espalhado pelas ruas – mesmo a quilômetros de um supermercado.
  • Aqui é você que abastece o carro.
Vou fechar com esse textinho que resume bem The Australian Way:

"Being Australian is about driving in a Japanese car to an Irish pub for a Belgian beer, then travelling home, grabbing an Indian curry or a Turkish kebab on the way, to sit on Malaysian furniture and watch American shows on a Chinese TV. And the most Australian thing of all?

Suspicion of anything foreign."


Aguarde, a lista continua...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Queenslander Houses

Pra mim, essas casas são o maior símbolo de Brisbane: Queenslanders, encontradas em todo o estado de Queensland e também no norte de New South Wales (estado onde a capital é Sydney). Eu moro em uma delas.

A maior parte desse tipo de casa é contruída com madeira, e eu acho elas uma graça, super bonitas – apesar de não tão práticas. Elas estão presente em todos os bairros da cidade, e tem várias ruas de subúrbios onde você só vê Queenslanders. Elas têm um mega porão embaixo da casa que é um espaço livre, sem divisórias. Pra mim esse “andar de baixo” é um espaço que poderia ser melhor utilizado: lá em casa ele é usado pra guardar coisas. Mas a idéia inicial desse andar aparentemente inútil era de elevar a casa para aumentar a ventilação (como falei com vocês antes, aqui é muito quente) e protegê-la de inundações (aqui chove bastante).

Segundo esse site do museu de Queensland esse estilo de construção era o mais comum entre 1840 e 1960. Naquela época não existia ar-condicionado, por isso a casa era construída de forma que as correntes de ar pudessem passar pela casa inteira (em cima de cada porta tem tipo uma janela interior – o que pode ser bem incômodo pois aumenta o barulho da sala pro quarto). Outra coisa que eu acho incômodo é que, como é uma casa de madeira, no verão ela fica muito quente, e no inverno, muito fria. Na casa que moramos hoje não tem, ar-condicionado, e a gente sofre, mesmo com essa ventilação toda.

Eu acho que essas casas tornam Brisbane uma cidade ainda mais bonita, mais “peculiar”. E os locais se orgulham dessa arquitetura, é a “cara” de Queensland e do estilo de vida das pessoas daqui, com sua mega-varanda e o jardim para fazer um churrasco (aliás, eu tenho que falar sobre churrasco australiano algum dia desses!).

Se você um dia visitar Brisbane, você vai ver como elas estão espalhadas pela cidade toda... acho que foi a primeira coisa que reparei quando cheguei aqui.

Segue uma mensagem que está no site do museu e que retrata bem o que eu quero dizer:

"The Queensland house represents a distinctive style of architecture. It also speaks more eloquently than almost anything else about this State's distinctive lifestyle."

Seguem algumas fotos dessas casas que tirei nesse final de semana (elas estão meio escuras, o tempo estava bem nublado, e hoje não parou de chover) - clique para aumentá-las:


Essa mostra o tal do porão que eu comentei.


Só dá ela nas ruas.


Olha o porão e o varandão de novo...


Mais uma. Algumas poucas não tem varanda - o que eu acho um desperdício.


Elas são enormes.


Mais exemplos aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rapidinha: choque de ordem do Rio no maior jornal da Austrália

Quem diria, o Rio sendo mais uma vez notícia na Austrália. Dessa vez é uma notícia sobre o choque de ordem na praia que estaria "mudando" o comportamento dos cariocas (duvido, mas é o que a matéria tenta dizer). Um trecho:

The beach is just the latest target of a city-wide campaign to bring order to Rio, where traffic and other rules are often seen as optional.

"The law exists, but you're in Brazil," says Bernardo Braga, a 26-year-old model and student who was playing "keep up" on the Ipanema seafront. (nota: keep up é como eles chamam o altinho que a galera joga na praia)

"You just have to walk along here to see all ruled being ignored."

Matéria completa nesse link.

Bem-vindo ao mundo do planejamento urbano

Nós cariocas, quando ouvimos falar sobre planejamento urbano, pensamos em remoção de favelas, favela-bairro, muro pra delimitar favelas... mas alguém aqui conhece algum plano para transformar o Rio pensando no futuro da cidade daqui a 20 ou 50 anos? Eu não. Aliás, pra mim favela-bairro não é planejamento urbano – é colocar um bandaid em um problema que está tão consolidado que não tem mais como ser resolvido. Já em Brisbane, é ao contrário. Aqui não se trabalha com “reação” – o negócio é prevenção, até por que a cidade não chegou ao limite de população como o Rio. Um dia vai chegar, mas até lá, a cidade estará bem preparada para aguentar esse tranco. E sabe por que? Por causa do imenso planejamento urbano que fazem agora.

Desde o início da década de 90 a região metropolitava de Brisbane é a que mais cresce na Austrália: cerca de 2,2% ao ano. Hoje a grande Brisbane tem 1 milhão e 950 mil habitantes e espera-se que em 2049 a população dobre para 4 milhões. Conheço vários Brisbanites (locais) que falam que, há 10 anos atrás, Brisbane era completamente diferente: nada abria aos domingos, quase não tinha bons restaurantes, não tinha bons shows (as grandes bandas só iam para Sydney e Melbourne) – enfim, não tinha muita coisa pra fazer, era um lugar devagar quase parando... hoje em dia a cidade que já foi conhecida por ser uma “big country town” está bombando com inúmeros restaurantes, parques, prédios modernos, e gente.

A quantidade de obras espalhadas pela cidade é absurda. Se você olhar pra Brisbane de longe, você vai ver um horizonte infestado de guindastes. A cidade está em obras. São novas avenidas, túneis, prédios, calçadas... Eu fiquei um ano no Brasil e quando voltei, encontrei várias coisas que antes não existiam: ruas que mudaram de mão, uma nova ponte no rio Brisbane, um mega ponto de ônibus perto de um grande hospital, as obras do túnel que vai atravessar a cidade super adiantadas (aliás, essa obra é monumental!), dois prédios novos no centro. Além do crescimento, me impressiona também a rapidez com que isso acontece.

Tudo isso só não vira um samba do criolo doido por um motivo: planejamento urbano. Antes de iniciar qualquer projeto, o governo faz uma baita pesquisa para entender os impactos que ele terá na cidade, nos habitantes, e na Brisbane que eles esperam pro futuro. E para juntar todos esses projetos debaixo do mesmo guarda-chuva, ontem o governo e a prefeitura lançaram um super plano de planejamento urbano em conjunto: chama-se River City Blueprint. Ele pretende entender como cada projeto, estudo e estratégia isolados da região central da cidade relacionam-se entre si. Basicamente ele é um projetão que vai fazer o link entre todos os 80 “projetinhos” em andamento nessa região.

É claro que tem gente que reclama do plano, e a reclamação é que o governo, ao invés de investir tanto em Brisbane, deveria é cuidar das cidades menores do estado de Queensland. Afinal, se houvesse empregos e prosperidade nesses lugares, o pessoal não teria que ir pra Brisbane para ter uma boa vida – ficaria por lá mesmo, nas áreas regionais (sim, por que além da imigração de estrangeiros, existe uma emigração enorme dos próprios australianos do interior para as capitais).

Mas voltando à vaca fria (ou quentíssima): o que eu acho mais legal de Brisbane é que, mesmo com esse batida cada vez mais rápida, a cidade ainda conserva um charme de cidade pequena. E esse é um dos pontos descritos no plano, que em um trecho diz assim: “But we don’t want to grow up and become just like any other city. We want to make sure the city’s infrastructure can cope with new residents, workers, students and tourists and that the services we enjoyed today are not compromised by growth. Most of all, we want to preserve the relaxed, outdoor lifestyle that is quintessentially Brisbane.”

E nós, que moramos na cidade, somos constantemente comunicados sobre o que está acontecendo. Volta e meia recebemos em casa uma carta da prefeitura contando sobre esses planos todos, eles sempre marcam uma reunião para discutir o assunto (geralmente é uma reunião por bairro), existe um acompanhamento de cada passo pelos moradores – tanto sobre as etapas da construção em si quanto sobre as finanças e despesas do projeto.

Planejamento, comunicação constante, ser ouvido, acompanhar gastos... Infelizmente, pra brasileira aqui isso é tudo muito novo. Uma pena, pois o Rio estaria tão diferente se os governantes tivessem pensado mais no futuro da cidade a longo prazo... ainda mais uma cidade maravilhosa como o Rio, que tinha tudo para ser uma das melhores cidades do mundo pra se viver. Será que ainda dá tempo?


Brisbane em 1922. Fonte: State Library of Queensland.

Essas aí embaixo eu tirei hoje no horário do almoço. São todas da Queen Street Mall, a principal rua do centro de Brisbane. Olha como tem gente na cidade...






quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ano-novo na Austrália: uma desanimação só

Perguntei a alguns australianos como eles comemoram o ano novo e a resposta foi engracada e até meio cínica (bem do jeito deles), mas decepcionante – o que eu já sabia. Ano novo aqui é bem desanimado, nem se compara com a festa que a gente faz no Brasil.

Aí embaixo está a melhor resposta – que resume bem como é o reveillon deles. Sorry, tem que ser em inglês mesmo, algumas palavras e expressões são quase “intraduzíveis”!

  • Go to bottle-shop and load up with beer & spirits (maybe 1 bottle of cheap champers for the host)
  • Put on newly gifted Xmas clothes (thanks Mum / Gran) & head to party
  • Stand around talking about work, kids and who has the biggest TV
  • Eat everything that comes within 5 feet of where you are standing / leaning
  • Watch the fireworks
  • Make New Years resolution ... note this usually lasts a max of 3 - 5 days
  • Have a pash at midnight to the dulcet sounds of exploding fireworks or very loud aussie rock (think Wolfmother at say 10)
  • Get Drunk
  • Have an argument with your partner about getting “too drunk”
  • Forget argument and keep drinking till you have consumed all your beer and every “spare” beer in the esky
  • Wait for 2 hours for your pre-booked taxi to arrive to take you home
  • Argue (in taxi) about why friends ignored your partner
  • Swear at taxi driver for ridiculous holiday surcharge
  • Look for front door keys, drop keys, fall over trying to pick up keys
  • Wake up next morning wondering why you are still fully clothed / why you are asleep on the floor
  • Look forward to the next New Year when you can do it all over again.
E o pior é que várias australianos que estavam em copia responderam de volta escrevendo “yeah, nice description, that’s it”.

O primeiro ano novo que passei aqui foi em Byron Bay. “Pô, Byron Bay que é a Búzios da Austrália, primeiro ano novo aqui, solteira, com três amigas, festaaa uhú!”, pensei. Resumo do resumo, às 2 da manhã  eu estava na fila do táxi pra voltar pra casa. Todo mundo indo embora, tinham até algumas festas rolando, mas todas caríssimas e parece que elas também acabavam cedo. Os fogos de artifício então... nossa, deu pena. O segundo ano novo eu nem sei se deveria comentar... pois bem, eu já estava com o Aaron e fomos para Mackay, no norte do estado, onde ele morava quando mais novo. Fomos a uma " festa" com meia dúzia de gatos pingados que ficaram jogando sinuca quase que a noite toda. E as meninas, bem australianas, bêbadas e gritando (parece que elas tem mania de berrar ou fazer qualquer coisa pra chamar a atenção quando estão bêbadas).

Nesse ano vamos para Noosa, em Sunshine Coast. Mas já sabemos que não adianta esperar muito da virada, por que não vai ter nada demais.Minhas expectativas certamente estao bem mais baixas.

Acho que nós brasileiros temos muito a ensiná-los sobre como fazer uma boa festa, viu...


Ano-novo em Sydney: será que é melhor?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Bahia da Austrália

Brisbane é a capital do estado de Queensland, que é a Bahia da Austrália. Aqui é todo mundo mais devagar, relax, e o lema é “no worries mate”. A economia do estado gira principalmente pela agricultura, turismo e extração de recursos naturais (minas). Quem é de Sydney e Melbourne tira um pouco de onda de quem é de Queensland, dizendo que eles são os caipiras da Austrália (afinal, eles dizem que essas áreas são primárias e não exigem muita “inteligência”). O estereótipo de um Queenslander (quem nasce aqui é chamado assim) é de um fazendeiro usando chinelo, com uma camiseta velha rasgada e bebendo uma XXXX beer (a cerveja local).



Aí está Queensland. No extremo sudeste fica Brisbane... Onde está o meu ombro, no litoral, fica Magnetic Island. Aquelas ilhas lah em cima jah são de outro país: Papua Nova Guine (ou, como os australianos chamam, PNG).

O estado é quente – muito quente – e é para onde os australianos vão nas férias pois tem sol o ano inteiro. Brisbane fica no sudeste do estado, ou seja, na parte mais “fria” (mas ainda é quente pra caramba). Por ser um estado imenso, ele tem um clima bem diverso: absurdamente quente no norte (perto da linha do Equador), muito quente e seco no noroeste (longe do litoral, onde boa parte é deserto), quente e seco nas cidades litorâneas do norte e mais ameno no sudeste, onde está Brisbane.

Aqui tem de tudo: a economia crescente de Brisbane, muitos aborígenes e pobreza no extremo norte, muita plantação de cana-de-açucar também no norte (já viajei de Mackay a Townsville e durante quase duas horas, só vi cana-de-açucar), produção enorme de frutas (muita banana), muitas minas (de tudo: carvão, cobre, ouro, bauxita, zinco), praias lindas (a Grande Barreira de Corais fica aqui) e os famosos crocodilos da Austrália que ficam em sua maioria aqui no estado.

Há alguns anos o premier do estado (que é como se fosse o governador) lançou uma campanha chamada “Queensland, the Smart State”, muito para começar a tentar calar a boca do pessoal do sul. O mote era investir mais em áreas como tecnologia e pesquisa para acabar com esse imagem de estado caipira – e também, claro, aumentar a economia e não deixá-la tão dependente dos recursos naturais e da exportação. Mas além disso, o estado está mudando muito nos últimos anos, e é o que mais cresce na Austrália. Muita gente do sul (Melbourne e Sydney principalmente) está se mudando pra Brisbane para fugir do frio e para viver em um lugar mais calmo. Fora isso, o atual primeiro-ministro da Australia Kevin Rudd é de Brisbane – um caipirão na liderança do país. Mas de caipira ele não tem nada, pelo contrário, ele era diplomata.

Em outro post falo um pouco mais sobre Queensland e as principais cidades do estado!


Whitsundays Islands, perto da Grande Barreira de Corais, no norte de Queensland.


Pôr-do-sol em Magnetic Island, ilha em frente a cidade de Townsville, também no norte.

Da série "avisos que só tem na Austrália":


(A esq.) Sim, de novembro a maio na maior parte do norte do estado tem água-viva na água. Você só pode cair aonde tem rede de proteção em volta da praia. Ah, e o outro aviso à direita significa: se você sentar embaixo de um coqueiro, um coco pode cair na sua cabeça. E depois não diga que eu não avisei...


Essa foi tirada em um estacionamento em Mackay (cidade onde o Aaron passou boa parte da sua infância).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pesquisa sobre diferenças culturais no trabalho

Hoje no trabalho me pediram para responder a uma pesquisa bem interessante: GlobeSmart. Ela ajuda a entender as diferenças culturais que acontecem quando pessoas de várias nacionalidades trabalham juntas. Eu trabalho em uma empresa brasileira na Austrália, e no meu projeto tem australianos, neo-zelandeses, sul-africanos, americanos, canadenses, indianos, poloneses, colombianos e brasileiros. O estilo de trabalho de cada um é diferente; fomos criados e educados de formas distintas, o ambiente econômico varia de país pra país, a empregabilidade em cada região muda, o jeito de se relacionar e de se comunicar também – enfim, são diversas diferenças que fazem cada um trabalhar de um jeito, o que pode gerar vários problemas se esses estilos não forem reconhecidos e administrados.

Nessa pesquisa os integrantes do projeto tiveram que responder a 25 perguntas relacionadas a diferentes tópicos (comunicação; relacionamento; como trabalham com hierarquias; pensamento a curto/longo prazo, etc). Pelas respostas o programa define o perfil de cada pessoa e consegue compará-lo com os outros integrantes e com o perfil de cada país (eles também fazem uma média entre as pessoas daquele país para achar esse resultado). Ou seja, em alguns cliques eu vejo qual é a diferença do meu estilo de trabalho com o do John, da Mary, se eu tenho um perfil mais brasileiro, australiano ou etc, e o programa também sugere o que fazer para melhorar o relacionamento entre as pessoas quando a diferença é grande.

O resultado mostra um gráfico como esse abaixo. Aí estão os perfis da Austrália e Brasil - não coloquei os perfis das pessoas e nem o meu pois são informações confidenciais (há, não é assim tão fácil rsrs).



Já nessa figura aqui embaixo estão as características analisadas e uma definição de cada uma.



Em um país tão multicultural como a Austrália, onde é muito comum ver, conhecer e trabalhar com pessoas de diversos países, essa é uma ferramenta útil para entender um pouco mais sobre essas diferenças. Mas é claro, essa é apenas uma idéia, já que cada um tem seu jeito de ser, pensar e agir. O país (ou melhor, o lugar onde a pessoa viveu por mais tempo) influencia, mas não 100% - longe disso. Já para lidar com essas diferenças em qualquer lugar do mundo, antes de ver qualquer pesquisa, o que tenho aprendido é que é preciso muita paciência, comunicação e bom-senso. Afinal, se já é difícil conviver com pessoas da mesma nacionalidade, ou nascidas na mesma cidade com uma cultura parecida com a sua, imagina com pessoas completamente diferentes de você?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Impressões de nuestro hermanito colombiano

Hector Cotes tem 30 anos, nasceu em Bogotá, mas mudou-se quando criança para a pequena cidade de Santa Marta, no litoral colombiano. Ele trabalha na área de produção de uma mina de carvão e veio para Brisbane há duas semanas a trabalho, e vai voltar para a Colômbia no final do mês. Este é o segundo país que ele visita na vida: o primeiro foi a Venezuela, onde ele esteve no ano passado, mas essa é a primeira vez que ele vem para um país dito de “primeiro mundo”.

Ele diz que está achando a Austrália um país muito organizado: a infra-estrutura, ruas e avenidas, parques... Para ele parece que Brisbane foi bem organizada desde o início, que houve planejamento para o crescimento da cidade (ele tem toda razão, outro dia falo sobre planejamento urbano em outro post). Perguntei se, se ele pudesse, se mudaria para a Austrália e a resposta foi: “Acho que não. Na Colômbia estão a minha família, meus amigos, a comida que eu gosto. Eu me sinto mais confortável lá”, disse Hector. E tem mais: “Apesar de todos os problemas, sinto que a Colômbia tem um ambiente muito mais alegre: as pessoas, as festas, a música, até os programas de televisão. Tudo isso é muito importante pra mim”.

“Só moraria na Austrália se ganhasse muito mais do que eu ganho hoje na Colômbia. Não viria só para tentar e viver outra cultura. Na Colômbia eu me sinto bem, então por que mudar?”. Faz sentido. E o que eles acha dos australianos? “Ainda não os conheço muito, mas me parece que são pessoas descomplicadas, que não sentem inveja e que colaboram”. “Pra mim parece que eles vivem em um sonho, nas nuvens... deve ser difícil pensar de outra forma já que eles vivem em um país onde me parece que tudo é perfeito. Mas eles tem que ter muito cuidado para evitar que os problemas do mundo cheguem aqui. Eu acho que eles confiam demais nas pessoas. Isso é bonito mas não é bom pra eles.” E ele diz mais: “Eles tem que ter cuidado para a Austrália não virar uma bagunça como os Estados Unidos, com problemas com imigrantes e pobreza e violência. Mas confio na inteligência deles, eles tem muitas normas e planejamento então espero que isso não aconteça”.

E o Brasil? Para ele o nosso país é uma versão maior da Colômbia: "São muito parecidos, com futebol, festa e alegria, e também com aqueles velhos problemas como criminalidade, pobreza e desigualdade social". Porém ele acha que o Brasil tem mais tecnologia, cada vez mais indústrias e uma economia bem mais forte. Perguntei se sai muita coisa na imprensa colombiana sobre o Brasil: “Um pouco, mas só sai notícia ruim. Mas é normal, imprensa vive disso né”. Tá certo.


Hector passeando no Brisbane River.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cuidado: ataque de Magpies!

Me visto, coloco o capacete – obrigatório para os ciclistas na Austrália – e eu e o Aaron rumamos pedalando em direção a um parque perto de casa. Passo por uma rua com uma íngrime descida e subida, em formato de U; desço acelerando e quando começo a subir em toda velocidade, eis que sinto uma forte pancada na cabeça. Meus Deus, o que é isso?! Um pássaro, um avião...? Sim sim, um pássaro, me atacando! O Aaron começa a berrar (ele foi na frente mas nenhum pássaro o atacou): “vem, vem, ele não vai fazer nada, vem devagar”. Quando começo a pedalar de novo, aterrorizada, o bicho tenta me atacar de novo. Tudo bem que na Austrália é comum ver animais em todos os lugares – muito mais do que no Brasil – mas peraí, ser atacada por eles já é um pouco demais... Eu me escondo atrás de uma van estacionada na rua em uma cena ridícula, e fico olhando o pássaro pelo vidro e pensando “o que é que eu faço agora?”, tremendo. Começo a andar bem devagarinho, olhando nos olhos vermelhos desse ser preto com manchas brancas, rezando pra ele não me atacar de novo. E assim consigo escapar. Duas semanas depois, sozinha, a mesma coisa: só ouvi um fortão, e quase caio da bicicleta. Dessa vez foi em outro lugar, a dois quarteirões de casa. Mais uma vez rolou o duelo de olhares entre o pássaro e eu e, bem devagarinho e mentalizando toda a paz do mundo (“passarinho querido, eu não vou fazer nada com você, amigo, calma, paz no coração”), consegui me safar.

Esse é o Magpie, um pássaro nativo da Austrália.

A primavera australiana é a época de aninhamento das Magpies e alguns machos, com a intenção de protegerem suas famílias, se tornam bem agressivos, principalmente com ciclistas. Nessa época é bem comum ver os ciclistas com capacetes com espetos ou com dois olhos na parte de trás (admito que essa dos olhos na parte de trás eu acho meio esquisito... será que um pássaro vai achar que tem alguém olhando pra ele?). E esse ataque pode machucar: existem inúmeros casos de pessoas que foram atacadas e saíram com machucados sangrando ou até mesmo com problemas de visão (eles também atacam os olhos).



O negócio é tão sério que existe até um mapa com os locais de ataque dos Magpies no site OurBrisbane (um guia da cidade). O mais indicado é fazer o que eu fiz: não revidar, sair de fininho e evitar passar pelos locais onde eles estão. A prefeitura também reconhece o problema e já lançou uma folheto informativo que fala sobre como lidar com a situação.



Pois é... eu já não disse que aqui na Austrália a interação com a natureza é constante? Diz aí, você não sabia que era tanto, não é...

domingo, 6 de dezembro de 2009

Voo Rio-Paris na capa da revista do The Australian

Nesse final de semana que passou eu comprei o The Australian - jornal baseado em Sydney, seu dono eh o magnata Rupert Murdoch, principal acionista da Foxtel e Sky, e principal acusado do documentario Outfoxed, que critica a falta de qualidade de jornais como os da cadeia comandada por ele (altamente parciais e regidos apenas pela procura do lucro, e nao da informacao real e honesta). Eu diria que ele encabeca a lista de mais poderoso australiano espalhado pelo mundo (e sao muitos - assunto pra outro post).

Apesar de saber da falta de imparcialidade desse jornal, eu gosto muito da revista da edicao do final de semana. Qual nao foi a minha surpresa ao ver que o assunto da capa da edicao deste ultimo final de semana era o voo Rio-Paris que desapareceu no meio do Atlantico em maio desse ano? Sim, por que aqui na Australia nao se tem muitas noticias sobre o Brasil.

A materia de capa conta a tragedia de uma familia, onde o pai e a filha sobreviveram pois rumaram a Paris em outro aviao pois o casal estava tentando economizar e aproveitar as milhas. A mulher dele e o filho de 5 anos foram no AF 447. O pai era brasileiro e a capa mostra uma foto deles na praia de Ipanema.

Foi triste e ao mesmo tempo uma novidade ver um brasileiro na capa de uma revista conhecida vendida do outro lado do mundo. Mostra tambem o tamanho da tragedia que foi o desaparecimento desse voo.

Eu nao achei nada sobre esse assunto na internet (estranho ne? depois eu procuro de novo). Mas tirei uma foto da capa, olha aih embaixo:

sábado, 5 de dezembro de 2009

Yummy brekky

Sabe aqueles dias em que voce acorda com um pouco de ressaca e tudo que voce quer eh comer alguma coisa com bastante sustancia, e de preferencia bem gordurosa? Pois eh, hoje foi o meu dia. Ontem foi festa de Natal da empresa onde trabalho, e sendo festa com australianos, para nao fazer desfeita, eh claro que bebi um pouco de vinho a mais...

Ah, antes de comecar a entrar no assunto, vou explicar o titulo desse post: brekky eh a giria dos australianos para breakfast, e yummy significa gostoso, delicioso.

Fomos ao Cafe Conti, um lugar perto de casa que serve um dos melhores cafes-da-manha de Brisbane. E cafe-da-manha aqui eh diferente do brasileiro - eh um estilo mais ingles, com ovo, bacon, linguica, cogumelo, hash brown, ou panqueca... No Brasil geralmente cafe-da-manha eh naquele estilo colonial (bolo, pao, frutas), mais saudavel, mas aqui eh gordura total. Todas as cadeias de fast food tem seus cardapios pra cafe-da-manha com muffins com bacon, queijo e ovo e afins. Nao eh a toa que a Australia tem um dos maiores indices de obesidade do mundo (mas em outro post falo sobre isso).

Claro que nao dah para comer esse tipo de cafe todos os dias pois eu nao quero virar mais um numero desse indice - no dia-a-dia eu vou mais de cereal ou muesli com iogurte. Mas aos sabados eu abro uma excecao e como um cafe da manha desses - "the bomb", como o Aaron fala.

Seguem algumas fotinhos pra mostrar o que eu estou falando (clique na imagem para aumenta-la):


Esse prato aih em cima foi o que eu pedi: chama-se Eggs Benedict e estah presente em quase todos os cardapios que oferecem cafe-da-manha. Eh o meu preferido: um english muffin (como se fosse um pao mais achatado e redondo) com dois ovos poche em cima, salmao defumado (geralmente vem com bacon mas eu prefiro com salmao), folhas de espinafre, tomate grelhado com molho pesto (feito no lugar), e molho Hollandaise (esse amarelo em cima do ovo). Esse molho hollandaise eh maravilhoso, mas eh mega-gordo. Ele eh feito com uma espuma de muita manteiga misturado com suco de limao, gema de ovo, sal e um pouco de pimenta.

O Liam, meu cunhado, pediu o mesmo Eggs Benedict soh que ao inves de com salmao, o dele veio com presunto defumado. Olha aih embaixo:



O Aaron, como sempre, foi no "the mega bomb" e pediu o Big Breakfast, que tambem tem em todos os lugares e eh o maior cafe-da-manha do cardapio. Eh um exagero de comida: dois ovos poche, torradas, tomate com pesto, bacon e linguica. E ele ainda pediu o Hollaindase a parte. Em alguns lugares eles servem isso com um file ou com feijao cozido em lata (eu acho esse feijao nojento). Sim, filezao de cafe-da-manha. Olha o dele aih embaixo:



O sobrinho do Aaron, Jakob, pediu panqueca com molhos de fruta vermelha e sorvete de creme com chips de chocolate. Olha a cara de felicidade dele.



Se quiser ver o cardapio de cafe-da-manha do lugar onde fomos, o Cafe Conti, clica aqui.

Esse tipo de cafe-da-manha eh bem difundido nos paises de lingua inglesa, com algumas variancias entre os paises. Pela pesquisa que fiz parece que as pessoas que moravam no campo, na Inglaterra de seculos atras, comiam isso para se preparar para o longo dia de trabalho pela frente - por isso eles precisavam de muita comida, que rendesse e os deixasse cheios para a labuta diaria.

Eh claro que depois de comer um negocio desses, o almoco eh adiado, por que esse negocio enche mesmo. Eh gordo sim, mas eh muito bom...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Casamentos na Australia

Eu trabalhei quase um ano como atendente da área de eventos do hotel Marriott aqui em Brisbane (aliás, tive quase 20 empregos part-time enquanto estava estudando aqui: só de garçonete foram vários, atendente de eventos, administrativo de um escritório pequeno... mas depois eu conto isso). Nesse tempo tive a oportunidade de trabalhar em muitas festas de casamento australianas. E elas são bem diferentes das nossas.

Primeiro, por que é um evento muito mais “teatral”, orquestrado; já se começa pelas mesas. Todo mundo tem lugar marcado: quando o convidado chega, ele vê um mapa do salão na porta, e cabe ao convidado entao procurar a sua cadeira e mesa. No Brasil – que eu saiba - isso só é feito para os padrinhos e pais dos noivos. Todo mundo senta, e lá pelas tantas o mestre de cerimônias avisa que os padrinhos e as madrinhas vão entrar. Entra casal por casal: geralmente são três de cada lado (três homens e três mulheres). Vale destacar que as madrinhas se vestem com a mesma roupa, é tradição.

Logo após a entrada dos padrinhos e madrinhas, finalmente, a entrada magistral do casal. Todo mundo se vira pra olhar: lembre-se que todos estão sentadinhos bonitinhos na mesa – não é como no Brasil onde todo mundo já estaria bebum dançando todas. Não, não, antes da pista ser “aberta”, ainda tem muita água pra rolar.

Ah, muito importante. O mestre de cerimônias não é uma pessoa qualquer contratada não: ele deve ser um amigo ou algum parente engraçadinho e que goste de um holofote. Por que é o mestre de cerimônia (aqui eles chamam de MC) que vai coordenar toda a agenda da festa – o que não é nada fácil. Ele deve ser convidado com antecedência e se preparar para esse difícil papel.

Os padrinhos, madrinhas e noivos sentam em uma mesa diferente: em apenas um lado de uma mesa comprida retangular, e de frente para os convidados. Jah as mesas redondas dos convidados estão organizadas de forma que todos eles vejam os noivos o tempo todo. Sim, por que todos querem ver as reações dos noivos durante os discursos que estão por vir. Discursos? Pois é, discursos, vários discursos - pra mim eles são a maior diferença entre o casamento na Austrália e Brasil. E eles demoram um tempão pra acabar.

Eu não lembrava qual era a ordem dos discursos, mas encontrei aqui nesse site.

Traditionally, the bride's father's is first to make a speech followed by the groom's father, the groom and lastly, the best man speech. It is also common for the best man or groomsmen to read messages or telegrams. Invited guests may also make a speech.


These days, tradition need not to be followed. In many weddings, speeches are made by both parents of the bride and groom, typically the father of the bride, then the mother of the bride followed by the father of the groom and then the mother of the groom.


It is also common for the bride to make a speech. Bridesmaids are also welcome to make a speech.

Não sei se já falei isso alguma vez aqui no blog, mas australiano tem mania de fazer piadinha. TU-DO tem uma piadinha no meio, em qualquer situação – qualquer mesmo, o tempo todo: reuniões de trabalho, de família, com pessoas que você acaba de conhecer, em programas de TV e entrevistas (até em jornal tipo Jornal Nacional é comum o casal fazer alguma piadinha depois de certas notícias). Eles adoram. E em discurso de casamento não é diferente: eles contam as histórias dos noivos quando solteiros, o que acontecia, os micos, e eles também falam sobre a personalidade de cada um.

Eu já vi discurso de tudo quanto é tipo: monótono, curto (uma vez um pai de alguém falou só uma frase, que era uma piadinha dessas... eu não lembro o que era, mas deve ter sido muito engraçado pois as pessoas rolaram de rir), discurso muito engraçado, ou sem graça tentando ser engraçado, chato... tem de tudo. Eu tenho uma opinião um pouco dúbia sobre esses discursos. Eu acho legal as pessoas lembrarem dos momentos de solteirice dos noivos, da personalidade de cada um, ou até mesmo do tempo que eles namoravam. Aproxima as pessoas e constrói uma história que culmina naquele momento do casório. Mas por outro lado, como boa brasileira, eu gosto é de festa, e às vezes acho que esses discursos tomam tempo demais que poderiam ser melhor aproveitados.

Depois dos discursos chega a hora de cortar o bolo (alias, eu tenho até vergonha de contar essa parte, pois eu esqueci de cortar o bolo no meu casamento - talvez se tivesse os tais discursos isso não teria acontecido rsrs). Mais uma vez, o MC avisa e fica todo mundo olhando. Nessa hora vários convidados vão até lá, perto do bolo, e tiram fotos com suas próprias máquinas. Depois de tudo isso, chega a hora da valsa dos noivos e, finalmente, festa!


Muriel`s Wedding: um dos 'casamentos' mais famosos da Austrália.

Resumindo, essa é a agenda do casamento:

• Convidados chegam para drinks (geralmente fora do salão, estilo coquetel)
• Convidados se sentam
• Mestre de Cerimônia introduz madrinhas, padrinhos e casal, se apresenta e diz bem-vindo aos convidados
• Jantar é servido (pode ser bufê ou servido a mesa)
• Discursos
• Cortar o bolo
• Valsa dos noivos
• Dança
• Noiva joga buquê
• Despedida

Ah, e esqueci de comentar uma coisa. Geralmente as cerimônias de casamento aqui começam cedo (pros padrões brasileiros): umas 17hrs, e a festa vai das 19hrs a 1 da manhã, no máximo. Não é como no Brasil que acaba quase de manhã.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Boarding house na Austrália: moradia dos pobres

Existem várias boarding houses em Brisbane, que seriam como se fossem “pensões”: casas onde cada um mora no seu quarto, e onde divide-se áreas em comum como lavanderia, banheiro e cozinha. Aqui não tem favela e nem barraco, então essas casas são usadas como moradia para os pobres daqui; pessoas que não tem dinheiro para pagar nenhum outro tipo de lugar (não conseguem alugar e muito menos comprar sua própria casa). Muitos moradores são ex-presidiários, imigrantes, aborígenes ou pessoas com algum tipo de deficiência e que estão sozinhas no mundo, sem família para ajudá-las.

Eu já morei perto de Fortitude Valley, um bairro de Brisbane onde vivem muitas pessoas com baixo poder aquisitivo. Nesse bairro têm muitas boarding houses, e eu morava na mesma rua que uma delas que chama-se ‘Sunflower Estate’. Durante o meu mestrado aqui na Austrália eu fiz um trabalho de Fotojornalismo sobre essa boarding house. Veja o resultado aí embaixo - em inglês (basta clicar na imagem para aumentá-la).



Foi muito triste constatar como essas pessoas são sozinhas... Parece que são pessoas esquecidas no mundo. E, em uma sociedade onde a maior parte da população tem uma boa vida (economicamente falando), às vezes parece que eles nem existem. Mas existem sim.

Eles vivem em melhor condição econômica do que os pobres no Brasil, mas às vezes me parece que a condição emocional deles é pior. No Brasil me parece que, mesmo apesar de todas as adversidades, essa camada da população, muitas vezes, ainda conta com a proximidade e o carinho da família. Aqui não. Lembre-se que, aqui na Austrália, frequentemente quando um jovem faz 18 anos ele sai de casa e vai morar sem a família. E eles vivem uma vida paralela, não se falam tanto, não existe essa interação constante com a família como a que temos (em geral) no Brasil. Velhinho aqui vai pra asilo sim, na maior parte das vezes. Não vai morar com a família, como acontece muitas vezes no nosso país. Por isso escolhi esse tema, "loneliness".

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

E o que eles pensam do Brasil?

Brasileiros em geral são super curiosos sobre a opinião das pessoas de outros países sobre o Brasil. Eu admito que também sou. A resposta, na maioria das vezes, recai no clássico “praia, mulher e futebol”. Mas sera que é só isso que eles pensam sobre a nossa terra brasilis? Este blog vai começar a abordar esse assunto a partir de agora. Como a Austrália é um caldeirão multicultural, não vou entrevistar somente australianos, mas também, pessoas do mundo afora que vieram morar aqui no país dos cangurus.

Para os australianos, vou perguntar o que eles pensam do Brasil. Para as outras nacionalidades, vou fazer essa mesma pergunta e também vou perguntar como e por que eles vieram morar na Austrália. Posso perguntar para qualquer pessoa – na rua, no trabalho, amigos. Vamos ver o que vem pela frente.

Meus primeiros entrevistados são duas pessoas que trabalham comigo: Saurav, da Índia, e Lukasz, da Polônia.

Saurav Kataria, 25 anos, indiano, mora há 6 anos na Austrália e já tem cidadania australiana. Engenheiro e consultor da Accenture.

Estamos trabalhando juntos em um projeto, e ele senta perto de mim no trabalho. Ele se formou em Engenharia na Queensland University of Technology, uma das melhores universidades de Brisbane (a mesma que estudei) e é um cara muito gente boa, simpático e sorridente. De cara gostei dele. Apesar de bem jovem, Saurav mora na Austrália há seis anos. Ele veio morar aqui porque uma parte de sua família já morava na Austrália, e também porque estudar aqui é mais barato do que nos EUA e Inglaterra. E, segundo Saurav, na Austrália tem muito mais oportunidades de trabalho do que nesses outros países.

Saurav diz que os indianos de classe média - seus amigos - só falam em querer sair do país. Todos querem morar fora e vivenciar outra cultura. Perguntei o porquê disso, e ele só me respondeu: "não sei, sempre foi assim". Então tá.

Ele tem a idéia que brasileiros amam muita festa, que as praias do país são maravilhosas – assim como as mulheres brasileiras -, e que o país tem uma economia crescente como a da Índia. Ah, e claro, quando ele pensa em Brasil, ele lembra de futebol. E ele acha que os australianos amam as mulheres brasileiras, então mulher que vem pra cá "se dá bem". Hummm - espero que isso seja um elogio rsrs.

Ele não acha que há preconceito contra brasileiros na Austrália, mas ele diz que as pessoas que vem morar aqui precisam se esforçar e falar a língua, se não vão ter problemas sim, mas ele não chama isso de preconceito. "Todo mundo que muda de país e vem morar na Austrália tem que entender que se começa “de baixo”, com “small jobs” como garçonete, faxineiro, barman, e que demora um tempo até a pessoa conseguir subir na vida. Isso é normal, e se torna ainda mais difícil para as pessoas que vem de países de outras línguas que não o inglês", diz Saurav. Ele comparou brasileiros na Austrália com mexicanos nos Estados Unidos, mas se a pessoa que vem consegue dominar o inglês e tem uma boa formação, não é difícil progredir na Austrália. Ele diz que é muito importante ter paciência.

Lukasz Konopka, 30 anos, polonês, mora há 2 anos e 8 meses na Austrália. Também consultor da Accenture.

Lukasz também trabalha perto de mim, mas ele tem uma personalidade diferente de Saurav: é mais quieto e reservado. Ele veio morar aqui na Austrália com a namorada, também polonesa. Lukasz vai ser papai em breve e terá seu filho aqui, Down Under. Ele veio para a Austrália por razões profissionais: ele é fera no sistema SAP, e um diretor da Accenture o convidou para trabalhar em um projeto na Austrália. Ele disse que a proposta veio em uma ótima hora pois ele estava de saco cheio da Europa e queria mesmo se mudar. “Por que não Austrália?”, pensou ele. E veio. Ele gosta muito daqui, mas reclama de uma coisa: é quente demais! Para um polonês acostumado com frio e neve, é uma mudança e tanto... semana passada fez 38 graus em Brisbane (as vezes acho que aqui é até mais quente que no Rio).

Apesar de gostar muito da Austrália, ele não pensa em ficar aqui pra sempre pois sente muita falta de seus pais e de sua família, mais ainda agora que está construindo a sua. Mas ele acha difícil retornar para a Polônia, um país do leste europeu que tem poucos empregos, muita gente e baixos salários. Talvez outro país da Europa, quem sabe.

Ele não conhecia nenhum brasileiro antes de me conhecer, e por isso ele não tem uma opinião formada sobre o país. Na Polônia não se fala muito sobre o Brasil. O que vem à cabeça dele quando ele pensa no nosso país é: futebol, a camisa verde-amarela e as ondas que as pessoas fazem nas arquibancadas (ola). E só.


Lukasz e Saurav

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Poder de compra de brasileiros e australianos

Sabe aquela pesquisa que compara os preços dos Big Macs pelo mundo? É essa aqui: Prices and Earnings, da UBS, que faz essa pesquisa desde 1971. Ela compara o poder de compra das pessoas em 73 cidades pelo mundo, e inclui o Rio de Janeiro, São Paulo e Sydney. O que eu acho legal dessa pesquisa é que ela compara alhos com alhos, e não com bugalhos.



Eu canso de falar com as pessoas no Brasil que não adianta converter os salários e preços de dólar australiano para o real, fazendo uma simples conversão de cabeça usando a cotação do dia. As pessoas aqui ganham em dólar australiano e gastam em dólar australiano, e não em real. Tem que comparar relativamente, salário ganho com preço das coisas. E é isso que eles fazem: comparam salarios de cada um e custo de vida, mas proporcional a capacidade de compra da moeda de cada pais.

Mas vamos lá.

Salários:

Os mais altos estão em Zurique e Genebra, na Suiça. Quem está em Sydney recebe, em média, cerca de 70% disso, já em São Paulo, cerca de 28% e no Rio, 23. Alguns exemplos:

  • Um profissional de construção civil ganha 4.800 dólares americanos por ano no Rio, 4.700 em São Paulo e, em Sydney, 29.200. Sim, para o mesmo trabalho.
  • Engenheiros ganham 31.600 no Rio por ano, 28.500 em Sampa e 54.900 em Sydney.
  • Um líder de um departamento operacional, com um time de mais de 100 pessoas em uma empresa de metais/mineração, ganha 26.700 no Rio, 49.300 em Sampa e 80.000 em Sydney.
  • Professor então, dá pena dos nossos: um professor de escola primária ganha 9.800 por ano no Rio, 8.200 em SP e 37.000 em Sydney.
Compra de produtos:

  • Em Sydney, trabalha-se em média 14 minutos para comprar um Big Mac, 40 minutos em São Paulo e 51 minutos no Rio.
  • Já para comprar um iPod Nano 8G, em Sydney trabalha-se 9.5 horas, em São Paulo, 46.5 horas e 56 horas no Rio.
Mas todo mundo sabe como iPods e afins são caros no Brasil, e como alimentos são mais baratos. Ok, vamos lá:
  • Para comprar 1 kg de arroz trabalha-se 15 minutos no Rio, 12 em São Paulo e, a-há: 11 minutos em Sydney.
  • 1 kg de pão? Labuta por 16 minutinhos em Sydney, 26 minutos em São Paulo e 34 minutos no Rio.
  • Uma cesta de alimentos com 122 ítens custa US$ 1770 no Rio, 1.879 em Sampa e 2.033 em Sydney. Contando que os brasileiros recebem quase 60% a menos que os australianos, dá pra ficar bem claro agora que o poder de compra do pessoal de Sydney é bem maior, já que a diferença no custo desses produtos é de menos de 20%.
Já uma cesta de produtos eletro-eletrônicos (inclui PC e alguns outros ítens) custa 3.560 dólares americanos no Rio, 3.660 em São Paulo e 2.660 em Sydney. É por isso que qualquer casinha classe media-média Australiana tem TV de LCD 50 polegadas, DVD, computador em cada quarto, som, o escambau. Eletro-eletrônico na Austrália é MUITO mais barato que no Brasil. Já ouvi falar que quase não tem assalto a casas aqui na Austrália - e sabe por que? Fora o óbvio (pobreza bem menor), nem ladrão quer esses produtos pois sabe que não vai ganhar quase nada com eles na revenda.

Turismo: 


Na pesquisa eles até pensaram em uma viagem curta desde cada uma dessas 73 cidades, e essa viagem inclui 10 ítens como: diária para casal em um hotel de primeira classe, jantar para dois com uma garrafa de vinho, uma corrida de táxi, um aluguel de carro, dois ingressos para o teatro, e algumas outras coisinhas. No Rio isso custaria 520 dólares, em SP, 500, e em Sydney, 630 dólares.

Aluguel:

Aí Sydney perde, pois é mais caro que Rio e Sampa. Aliás, acho que o único item realmente bem mais caro na Austrália é o setor de imóveis: compra/venda e aluguel. Mas é aquela velha história... os juros de hipoteca na Australia é de 5,5% ao ano, já no Brasil é de uns 12%.

Ou seja, os brasileiros recebem menos e tem um custo de vida mais alto que os australianos, resultando em um poder aquisitivo muito menor.

Obviamente que a pequena percentagem da população que ganha mais de 5.000 reais por mês está bem de vida no Rio de Janeiro. Mas e a maioria da população? Sinceramente, não sei como eles conseguem sobreviver. Aliás, eu sei sim: morando em favelas ou viajando três horas por dia em trens lotados, usando o serviço público de saúde, muitas vezes fazendo os famosos gatos e roubando eletricidade e água, e infelizmente muitas vezes sem uma perspectiva de um futuro melhor. Se recebessem melhores salarios, quem sabe neh?!

Fim de semana em Queen Mary Falls, Queensland: como foi

A viagem para Queen Mary Falls foi legal, mas não posso dizer que foi assim, maravilhosa. A Australia tem dessas coisas: visuais lindos que muitas vezes são unica e exclusivamente só isso: visuais. Seja nas praias paradísiacas do norte de Queensland (onde tem a Grande Barreira de Corais), onde você não pode cair a água pois ela está cheia de água-viva durante o verao. Ou pelo vento intermitente das praias de Gold Coast. Ou a linda cachoeira que não dá para dar um mergulho pois ela cai em cima de pedras. O ultimo caso é Queen Mary Falls.


A cachoeira da foto!

Aliás, o pior não foi nem isso: foram as moscas que não paravam de pinicar, atrapalhar, enfim, encher a paciência. Acho que nunca fui a um lugar com tanta mosca. Juro. Nem Cabo Frio no verão, Sul do Brasil, Bahia, não tem pra ninguém. Tinha até me esquecido que verão na Austrália, pelo menos perto de onde moro, é sinônimo de mosca. E elas são muito chatas! No camping não dava pra comer direito, elas estavam sempre ali, “zzzuuummmm” no seu ouvido. Eu tinha até medo de rir e uma mosca entrar na minha boca. Sem exagero!


Tive que colocar essa foto aqui... adivinha o que eu estou fazendo? Espantando mosca. Elas nao sossegam um minuto!


Mas fora todos esses “inconvenientes”, a viagem foi boa, valeu principalmente pelo caminho – a estrada é muito bonita, com muito verde, campos e vales. Ficamos perto de uma cidadezinha chamada Kelarney, que foi assim chamada quando descoberta pelos irlandeses, que a acharam muito parecida com a Kelarney original que fica na Irlanda. Queen Mary Falls – onde ficamos - é uma area dentro de Kelarney.


Paisagem da estrada.

Ali por perto tem alguns vinhedos, eu já fui em um que fica em Warwick, a cerca de 30 minutos de Kelarney. Essa região é mais visitada no inverno, e agora eu entendo o porquê. Quando fui reclamar sobre as moscas com o dono do camping, ele falou “ah, hoje até que elas estão quietinhas, você não viu nada”. E nem quero.

Chegamos lá na sexta a noite depois de uma viagem de uma hora e meia. Sábado fomos conhecer as Queen Mary Falls – o caminho é curto, só 2 km. Logo depois fomos conhecer as outras cachoeiras que tem ali perto, que ficam a uns 2 km andando pela mata fechada, bem reclusas.

Também conhecemos o Lake Moogerah – ali perto também tem uma area grande para camping e caravans. Esse lago é muito frequentado por pessoas que gostam de esqui aquatico. Estava bem cheio, as pessoas param ali nas margens do lado e fazem seu piquenique. Eu achei o lugar feio, água barrenta, pior do que Lagoa de Araruama, mas cada um com o seu gosto, não é?!

Segue uma sessao de fotos com "coisas que soh vejo na Australia":


Parque todo organizado, limpo e cheio de brinquedos - e vazio.


Um koala no mesmo parque. Fofo.

 
Um aviso como esse antes de uma trilha. Ah, e a roleta, eh claro.



 Uma casa-barco-caravan (?!).

 
Uma aranha tao singela (e venenosa) no meio da trilha.




Iguanas em tudo que eh lugar.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Acampar de novo: Queen Mary Falls, QLD

Hoje eu e o Aaron vamos viajar acampando de novo: fizemos um acordo de viajar, se possível, a cada 15 dias. Dessa vez vamos para Queen Mary Falls, um lugar que parece ser maravilhoso. Fica na fronteira entre os estados de Queensland e New South Wales, a 150 km sudoeste de Brisbane. Veja a distância aí embaixo (fica no balãozinho onde está a letra A).



Olha a foto que nos conquistou.




Segunda-feira eu conto como foi. Até lá!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Show em Brisbane: Ben Harper & Pearl Jam

Ontem fomos no show do Ben Harper e Pearl Jam, a famosa banda australiana que todos aqui veneram. O show rolou em Brisbane, aconteceu no estadio QSAC e foi MARAVILHOSO. Nunca tinha visto o Pearl Jam, e eles arrebentaram, foi emocionante. O setlist taqui nesse link. Fotos by Aaron.


 
 

 

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Alcool e a sociedade australiana

Jah tinha prometido esse post ha tempos, por isso hoje vou falar um pouco sobre a intima e perigosa relacao do australiano com bebidas alcoolicas.

Como jah falei e nao canso de repetir, o australiano, em geral, bebe muito. Alias, australiano nao, as australianas nao ficam nem um pouco atras. E eles nao bebem soh socialmente – eh muito comum ver pessoas bebadas, caindo pelas tabelas. E nao tem muito limite nao: vai de festas ou reunioes sociais de trabalho a, logicamente, boates e pubs.

Quem me conhece sabe que eu bebo bem direitinho. Pro Brasil sou quase considerada uma cachaceira hehehe. Mas aqui na Australia o assunto eh serio. Pra euzinha aqui estar falando que eh demais, eh por que eh demais mesmo.

O estopim que me fez escrever esse post hoje foi os Schoolies mais uma vez na capa dos jornais. O que eh Schoolies? Todos os anos a garotada que se forma no colegio tira uma semana para se reunir com os seus colegas de escola em como se fosse uma despedida, um rito de passagem para a vida adulta e para a faculdade. A ideia eh ir para algum lugar turistico badalado, e curtir todas no lugar. Ateh aih tudo bem, tinha tudo para ser uma semana bacana e divertida. Mas nao, longe disso. O Schoolies virou uma semana de “binge-drinking” (que pode ser traduzido para ‘overdose ou exagero de alcool’).


O maior destino dos Schoolies eh Gold Coast, pertinho aqui de Brisbane. Nessa epoca ninguem vai pra lah por que sabe o que vai encontrar – eu e o Aaron desistimos de ir a praia por lah na semana passada. Se voce ver alguma imagem da cidade nessa epoca, voce tambem ficaria horrorizado. Os moradores tambem ficam loucos e reclamam horrores, mas os Schoolies continuam acontecendo todos os anos. Muitos dizem que o governo eh hipocrita, que finge se importar mas, no final, eles eh que ganham com isso. Afinal, os hoteis ficam lotados e essa garotada gasta muito dinheiro na cidade, em restaurantes e, principalmente, com alcool.

Alcohol - Widely considered a week long alcohol binge, schoolies week is most criticized for excessive drinking and problems that flow from this. In 1995, 75% of male schoolies and 53% of female schoolies report being drink most or every day or night of Schoolies Week (see below: Research, and Diversionary Programs). (fonte aqui)

Em qualquer lugar do mundo (bem, pelo menos nas ditas sociedades ‘ocidentais’) a combinacao de hormonios a flor da pele com estudantes longe de seus pais resulta em uma bagunca danada e, na maioria das vezes, em alcool. Mas voltando ao assunto do post, que nao eh sobre Schoolies e sim sobre a cultura Australiana X alcool, aqui o buraco eh bem mais embaixo. Alias, voce sabia que Australia eh o quarto maior consumidor de cerveja per capita, ficando atras da Republica Checa e dos famosos beberroes irlandeses e alemaes?

Antes de tentar explicar ou deduzir por que isso acontece, vou explicar como voce consegue comprar bebidas alcoolicas em Queensland, estado onde moro (parece que as leis sao um pouquinho diferentes nos outros estados).

  1. Primeiro, vale lembrar que aqui nao pode beber na rua ou em lugares ao ar livre (mas muitos australianos colocam bebidas em garrafas termicas e bebem em parques e na praia – eh soh ser discreto); 
  2. Aqui nao se vende alcool em lojas de conveniencia, bares (obviamente eles vendem drinks para se beber no local, mas nao garrafas para levar pra casa como no Brasil), supermercados, nada disso. Voce soh pode comprar alcool em uma loja especializada, os “bottle shops”. A maior cadeia de bottle-os (como os australianos chamam) chama-se BWS, que significa Beer, Wine and Spirits;
  3. Para um restaurante poder vender alcool ele tem que ser licenciado (licensed), e essa licenca deve ser paga anualmente, eh carissima e bem restrita;
  4. Os restaurantes que nao possuem essa licenca sao BYO (Bring Your Own, ou “Traga o Seu”) – como o nome diz, voce pode trazer a sua propria garrafa para o restaurante (amo isso!). Os restaurantes geralmente cobram por cabeca (tipo, uns 3 dolares) ou por rolha/garrafa (uns 3 dolares);
  5. Todos os garcons e bartenders – ou melhor, qualquer pessoa que sirva alcool – tem que fazer um curso chamado RSA (Responsible Service of Alcohol). Eu fiz esse curso na epoca que trabalhava como garconete. Nele voce aprende coisas como: nao sirva mais de dois drinks fortes por hora (spirits, que sao whisky, vodka, tequila, etc); se o cliente estiver visivelmente bebado, pare de servir bebida (se nao o estabelecimento eh multado); e por aih vai;
  6. As boates fecham as 5 da manha, ou seja, voce nao consegue comprar alcool em nenhum lugar entre as 5 e 10 da manha.
Essas sao apenas algumas regras, mas jah deu pra ver que a Australia tem muito mais restricoes do que o Brasil em relacao ao alcool. Mesmo assim, eles bebem alem da conta. Por que isso?


Essa eh uma das lojas que vende alcool - BWS (Beer, Wine, Spirits)

Eu acho o governo australiano bem hipocrita em relacao a esse assunto. Eles reclamam, falam e falam que eh um absurdo os australianos beberem tanto, mas volta e meia um integrante do governo eh pego dirigindo bebado – e aqui isso eh um absurdo, um escandalo. Fora isso, parece que as restricoes sao enormes, mas nao sao. Outro dia mesmo fui a um pub com uns amigos a tarde, saih de lah e fomos sacar dinheiro bem em frente ao pub, e bem ao lado do caixa eletronico tinha um BWS. Ah, fala serio, a maior parte das pessoas sai sim bebadas do pub, e encontram facil um lugar pra sacar dinheiro e pra comprar bebida bem em frente. Eh logico que eles vao comprar ainda mais (contando que eles jah sao meio bebuns por natureza). Obvio que o governo ganha muito dinheiro com tudo isso, e por isso trabalham de olhos vendados em relacao ao tema.

Acho que isso acontece por varios motivos. Por exemplo, apesar de toda a igualdade que existe entre homens e mulheres, aqui na Australia ainda existe a cultura do “macho”, do Ozzie bloke, e por isso, cigarros e bebidas fazem parte desse ritual de “masculinizacao”. Alem disso, na epoca da colonizacao da Australia a regra geral era beber pesado, principalmente Gin.

Alcohol in Europe had long served as a food and source of nutrition as the diets of the time were very restricted and there wasn't a lot else to choose from. In some 19th century cities alcohol was also seen as a real alternative to water, or to anything that was water-based, because of problems of pollution. All these different factors led to traditions of heavy drinking being brought to Australia on the first fleets.

E claro que isso afetou os aborigenes:

Once in Australia, these heavy drinking traditions contributed significantly to the destruction of Indigenous culture. (fonte aqui)

Eu acho que o fato de beber muito alcool nao vem somente do individuo, mas vem das raizes historicas da sociedade. Na Australia por muitos anos o alcool era visto quase como um produto medicinal. Com o tempo e com as mudancas na nossa sociedade do politicamente correto em que vivemos hoje, o alcool deixou de ser visto soh como uma coisa boa, e muitos comecaram a ver o mal que ele fazia. Mas ainda persiste – em menor escala – a forte cultura do alcool. Festas, reunioes de familia, reunioes entre amigos, ateh depois do meu jogo de volei de praia o pessoal bebe cerveja.

Essas sao soh algumas, mas existem muitas explicacoes pra isso e eu nao vou me atrever a dizer o que causa esses problemas todos de hoje em dia (schoolies, drink-driving, etc), por que essa eh uma discussao diaria, continua e em aberto. Mas que eh um problema ENORME e ainda sem solucao, ah isso eh.