quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CHILE - San Pedro de Atacama - QUINTA-FEIRA, 23/07/2009

Vista do aeroporto de Calama, a 80km de San Pedro de Atacama.

Depois de muito pensar, decidi escrever esse blog em portugues mesmo. Essa eh a minha lingua, eh assim que me sinto mais segura e a vontade para escrever. Alem disso, quero escrever para quem estah longe de mim no momento - e estas pessoas sao brasileiras, jah que estou morando fora do pais. Portanto, o blog eh para, alem de filosofar um pouco sobre coisas variadas deste mundo, passar noticias sobre mim para minha familia e amigos.


IMPORTANTE: ESTE LAPTOP NAO TEM NENHUM ACENTO! Portanto, acostumem-se a ler "eh", "nao", "coracao", etc. Como o cerebro humano eh extremamente desenvolvido (e os da minha famlia e amigos, ainda mais rsrs), eh facil se acostumar com esse detalhezinho, neh nao?

Bem, mas chega de ladainha, vamos falar um pouco sobre a nossa viagem para a regiao de Atacama, no norte do Chile.

Acordamos as 3:30 da manha, jah que a partida do nosso voo de Santiago para Calama estava previsto para as 5:10 am. Chegamos em Calama, cidadezinha a uma hora de San Pedro de Atacama, as 7:20 am e, adivinha?! Era o exato momento do recorde de temperatura negativa da cidade nos ultimos 10 anos - 9 graus NEGATIVOS! JU-RO, nao eh exagero, e taih a materia de jornal pra comprovar.

Mas o choque aconteceu muito antes do aviao pousar, jah que pela janelinha do aviao jah dah pra ficar impressionado com o visual. Calama eh uma cidade no meio do deserto, sem nada em volta. Quando digo nada, eh NA-DA mesmo, necas de pitibiriba! Da janela conseguimos ver areia e montanhas, um visual lunar, e de repente, tchum!, surge uma cidade! Por sih soh a propria chegada jah eh uma visao impressionante, que soh nos prepara para o que estah por vir.

Alias, pros interessados, Calama soh existe por causa da mina de cobre que fica perto dali, e a maioria de sua populacao eh de pessoas que trabalham na mina - fora os cachorros abandonados (ou perros em espanhol), que existem aos milhares, espalhados e abandonados. Mas a historia dos cachorros eh um capitulo a parte que vou contar depois pra voces, tah...

Mas voltando: saimos do aviao e, ao descer a escadinha (sim, escadinha, a moda antiga mesmo), jah sentimos aquele frio congelante do vento. Corremos para o aeroporto, pegamos as malas e pegamos um shuttle (van) em direcao a San Pedro de Atacama, nosso destino final. Apesar de muitos cansados pelo horario que acordamos, e da ressaca de vinho chileno, ficamos vidrados em cada detalhe da paisagem: montanhas, areia - muita areia -, vulcoes, sombras... jah viajei para
varios lugares desse mundo, mas nunca tinha visto uma paisagem tao vasta, desertica, ampla. Apos uma hora de "ohhh" e "uaauuu", vemos a placa para San Pedro de Atacama, um vilarejo de menos de 2000 habitantes cravado no meio do deserto, onde a sobrevivencia se dah na maior parte pelo mercado de turismo.

Chegamos sem pousada reservada, soh com mochilao nas costas e portunhol na boca. O motorista da van nos deixou na rua mais movimentada da cidadezinha, e de lah comecamos a andar, sem lenco e sem documento. Vale frisar que parte "caminhando contra o vento", alias, foi a mais dificil, por que esse vento vem carregado de areia, fora que os olhos ardem e a boca fica seca o tempo todo - afinal, estamos falando do deserto mais seco do mundo! Haja agua. Entrei em uma pousada que me parecia legalzinha, mas o preco era legalzao: 55.000 pesos (cerca de 206 reais). Putz, nao dah, somos budget travelers (repara no ingles pra disfarcar o "somos pobres" rsrs). Mi amigo, soy brasilena, conoces algun hostel mas barato? Si, si, vah ao hostel da Martita, muy cerca de acah.

Apos nos perdemos em tres ruas, carregando aquele mega-mochilao cada um, encontramos o tal hostel da Martita. Pensa naqueles filmes lah no deserto americano... aquele "No country for old men", que ganhou o oscar... ou aqueles filmes que mostram as cidaezinhas perto de Las Vegas, com um cachorro olhando a situacao soh com rabo-de-olho sem nem se levantar, um velhinho de uns 70 anos todo enrrugado carregando um carrinho cheio de pedras, uma caminhonete caindo
aos pedacos, um terreno baldio ao lado cheio de llamas e vicunhas (os camelos do deserto chileno), e nenhuma placa dizendo recepcao. Pensou? Ele mesmo, o hostel da Martita. Dois minutos depois vem a filha da Martita, nos mostra o quarto, quanto custa?, 20.000 pesos (cerca de 76 reais), no muy caro, sou brasilena, okay muy bien, 18.000 pesos entonces, cerrado. Fechamos com a Martita. Detalhe: o quarto tem banheiro dividido e nao tinha calefacao.

Deixamos nossas malas e fomos pro centrinho de San Pedro, a rua mais movimentada chama-se Calle Caracoles. Comemos um cafe-da-manha em um boteco qualquer e vamos para uma das milhares de agencias de viagens por perto. Decidimos fazer o tour pelo Valle da Lua e Valle da Morte. A esta altura do dia (cerca de 13h00hrs), e a unica coisa que podemos fazer, pois todos os tours saem de manha, e esse eh feito para as pessoas verem o por-do-sol, por isso comeca as 15:00 e acaba as 19:00, ao valor de 5000 pesos cada um + entrada do parque Valle da Lua (2000 pesos) - total, 7000 pesos (cerca de 27 reais).

Chegamos na van, e o motorista, chileno, obviamente soh falava em espanhol, mas soh tinha um casal de chilenos, o resto era de irlandeses que nao entendiam uma palavra do que ele falava, tadinhos. Eu ficava traduzindo tudo que o guia falava pro Aaron, bem baixinho no ouvido dele, mas uma irlandesa sacou que eu tava traduzindo, e pediu "could you please speak louder?". Comecei a falar mais alto pra ela escutar, e obvio, todos os irlandeses ficavam olhando pra mim -
virei a guia do tour, quase... Mas tava dificil, por que o chileno falava muito rapido, e eu nao tava conseguindo acompanhar. Pedi educadamente para o queridissimo guia falar mais devagar, e a resposta? "Ellos estan en Chile no? Entonces tienen que hablar espanol!" Ops... olhei pros irlandeses, e eles esperando a traducao rsrs, weeellll guys, let me say, I'll try to do my best, okay? (tao boazinha eu, nao?).

Mas voltando ao Valle da Lua: um lugar maravilhoso e soh a 6 km de San Pedro, com mais paisagens lunares, e rodeado por duas cordilheiras: Salar e Andes. Em seguida, fomos ao Valle da Morte e parece que nao foi soh ideia nossa: o lugar estava lotado! Subimos uma montanha pela areia e sentamos para ver o por-do-sol. A montanha parecia arquibancada de Fla-Flu em final de campeonato, mas valeu a pena: a medida que o sol ia se pondo, as cores do ceu iam gradativamente
mudando de laranja, para rosa, azul, roxo, laranja de novo, e todas as cores se refletiam nas montanhas do deserto, que tambem mudavam de cores, criando uma palheta nova e natural, aonde a tela era a areia.

Voltamos para San Pedro e agendamos o tour para o dia seguinte: o destino seria os Geysers del Tatio, e a saida, as 4 da manha, por que os geysers soh "funcionam" entre 6 e 8 am, e a ida pra lah demora cerca de 1 hora e meia. Em seguida, fomos para a nossa querida pousada Martita, mortos de cansaco, afinal, nosso despertar foi as 3:30 da manha, lembra? Tava um frrrrio daqueles, cerca de 5 graus, e de madrugada alguns graus negativos - e, lembre-se, sem calefacao. Nao preciso nem dizer que praticamente congelamos, e olha que eu estava vestida com duas meias, calca de flanela, e tres casacos. Mas tudo bem, toda hora eu lembrava, 18 mil pesos, 18 mil pesos... comecei a entender por que era tao barato.

Well, esse foi o primeiro dia!

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